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Procuro evitar, em minhas crônicas, explorar temas que não sejam inspiradores, que não tragam fé, esperança, expectativa de dias melhores. Porém, nem sempre isso é possível, tendo em vista a conjuntura atual de país, governo, instituições, comportamento humano.

Escrevi esse texto num domingo, logo após algumas visitas irem embora. Acontece que o diálogo fluiu para o presente e o futuro do Brasil. Meu interlocutor perguntou: será que o país tem jeito, Clóvis? Respondi que a conversa seria interminável, tal a complexidade. Exporíamos opiniões divergentes, outras convergentes. Como costumo ser um “parlador” incansável, me tornaria muito chato. Disse: lê minha crônica na próxima semana. Vou abordar o assunto. À ele!

Subjetivamente estou me sentindo como um africano recém embarcado num navio negreiro. Minhas esperanças na pátria vão sendo destruídas uma após outra. Vamos abordar apenas a questão da anulação da Operação Lava Jato. Isso é simbólico do desmantelamento do país. Vejamos. A Lava Jato não existe mais. E isso é muito ruim, porque o povo de bem acreditou que a Operação era uma tentativa séria de combater a corrupção. O que vimos foram ações de minar o combate à corrupção. Juntos, Congresso Nacional, STF, governo, autarquias, imprensa, todos aqueles que deveriam zelar pela ordem moral se mancomunaram para destruir a maior operação no mundo contra o roubo, a corrupção. Construíram, uma narrativa de que a Lava Jato foi ilegal, mal intencionada. Num trabalho com essa amplitude é até possível que tenha ocorrido algum erro mas não é com provas hackeadas, ilegítimas que saberemos.

A maior Operação contra a corrupção no mundo, foi destruída por uma narrativa canalha, mentirosa, intencional, criminosa. A Suprema Corte de Justiça do meu país dedicou-se a deslegitimar as ações da Lava Jato com o fim de desmontar a operação. O impacto negativo foi a mensagem implícita levada ao mundo de que no Brasil o crime compensa. Ficamos pasmo com o apoio de inúmeros órgãos de imprensa, na verdade a maioria, que não busca mais a verdade, não faz mais o verdadeiro jornalismo informativo e sim, faz cara de paisagens para certos crimes apoiando até mesmo facções com interesses altamente escusos, mascarando a verdade. A verdade, a busca dos fatos foi para o espaço. Muitas autoridades se tornaram militantes covardes, mercenários de aluguel, em defesa de seus próprios interesses, ideológicos ou outros mais escusos. Com poucas exceções, não merecem respeito. E esse clube fechado de arrogantes, aumenta. Falo porque entendo que fingir não saber que tudo isso que está acontecendo, é ser cúmplice.

Desculpem se exploro hoje a quintessência do pensamento negativo sobre meu Brasil. Alertei no início do texto. São meus devaneios ilimitados sobre essa porção de coisa ruim. No entanto, em tese, estou na área preferida da mídia nacional: falando de coisas ruins. Eles adoram falar obsessivamente de mortes, Covid-19, inflação, desemprego, baixo crescimento econômico, desgoverno, violência, desigualdade injusta que inferniza e atrasa o país. O assunto vai longe mas o espaço é restrito. Não falei da péssima qualidade do nosso ensino, um dos mais caros do mundo, da falta de segurança, da insuportável carga tributária, que asfixia qualquer tentativa de vencer na vida, do Congresso Nacional mais caro do mundo e que tem quase a metade dos deputados e senadores acusados de corrupção, dos arroubos autoritários de autoridades.

Não, meu amigo, não creio que o Brasil tenha jeito. Pelo menos nos próximos cem anos!

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