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Tudo é construído a partir de acontecimentos, que no futuro se transformam em belíssimas histórias. Sexta-feira, dia 10 de agosto de 2018, Santa Rosa marca 87 anos na história, e cada cidadão faz parte dessa trajetória.

É bastante interessante buscar relatos sobre pessoas que vivenciaram o início desse município e que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a evolução de Santa Rosa. Nelda Reinehr Mallez nasceu em Santa Rosa, no dia 29 de março de 1923, atualmente ela tem 94 anos. Nelda morava perto do agora Crematório Dom José, e comenta que tudo era mato. A cidade era basicamente ao redor da Praça da Independência e nessas regiões que começou a se desenvolver. “O Cemitério Municipal de Santa Rosa era antigamente uma campo de futebol, onde aconteciam vários jogos e muitas pessoas iam ver, muitas histórias engraçadas aconteciam por lá, me recordo que uma vez fui sozinha e não tinha dinheiro para entrar, porém consegui convencer os guardas a me deixarem ver o jogo, naquela época as pessoas eram muito generosas, tudo no que podiam ajudar, ajudavam. Quando entrei, vi as pessoas muito animadas vendo a partida, e minha professora estava presente, e em um momento de comemoração ela pulou e as calças que usavam se desprenderam e por um instante não caiu, pois consegui segurar. Nós éramos uma família que não tínhamos muitas condições. Naquele tempo, os entretenimentos eram o futebol, corrida de cavalo e bolão, que acontecia no Clube Concórdia antigo, de madeira e também a cancha de carreira. Para se deslocar, era muito difícil, onde eu morava não era considerado bem a cidade”, relembra.

Na época não existiam carros, e era tudo a base de carroça e cavalo. Aos 12 anos Nelda começou a estudar na escola. Ela lembra que escutava pelo rádio sobre informações da 2ª Segunda Guerra Mundial com seu tio. “Eu era a única filha mulher entre 4 filhos, e com 12 anos eu já cuidava da minha mãe pois ela faleceu cedo, e depois cuidava de todas as tarefas. Santa Rosa mudou muito, começou vir pessoas para cá e erguerem casas, era muito bonito antigamente. Na época era muito comum os rapazes quererem casar de imediato com as mulheres, o que aconteceu comigo, fiquei dois anos com o noivado, ele só me visitava nas segundas e nunca havíamos nos beijado, e depois, quase 3 anos, eu não quis mais e devolvi a aliança e ele chorou um monte. Os partos em casa eram muito comuns, e eu já participei, foi muito gratificante. Eu também fazia injeção de veia e músculo, por Santa Rosa inteira e nunca cobrei ninguém. Ir no primeiro bolicho era uma coisa muito boa, e dois reais era muito dinheiro. Quando começaram a fazer a Praça da Independência foi uma alegria, estava no colégio das freias e nos fizeram fazer passeata ao redor, todos batiam palmas felizes”, diz.

Nelda presenciou todo desenvolvimento de Santa Rosa, desde as primeiras mudanças significativas até hoje, onde está cada vez mais avançada. Ela se sente muito feliz e agradece a Deus por ter dado tanta vida e por ter vivido uma vida maravilhosa. Lembrar-se de histórias é magnífico, pois volta no tempo e te faz sentir como era.

Aluísio Maria de Souza é outro cidadão que se lembra bastante dos tempos antigos e como era viver no passado da cidade. Ele veio para Santa Rosa em 1960 e diz, com toda a certeza, que mudou muito, porém as pessoas continuaram com a mesma essência e sempre foram bastante comunicativas, um povo muito educado. “O comércio, a indústria e o espaço da cidade desenvolveu demais, eu sou do tempo da carroça de cavalo, era calçamento, para ir à Cruzeiro era tudo chão. Os prédios mais altos era o da Pernambucana, que era dois andares, os dias de movimento eram quando largavam os alunos do Liminha e quando saiam de noite após o cinema, mas o povo sempre foi hospitaleiro, tinha o famoso bar do Monteiro, nas Organizações Ipiranga e tinha um garçom que ficou famoso por atender 10 mesas ao mesmo tempo, onde hoje é a Fecopel. Foi uma época da minha juventude, muita boa. Santa Rosa evoluiu tanto que, naquele tempo você saía do centro e depois do quartel não tinha mais nada, era só matagal, e foi graças as pessoas e boas administrações que foi se desenvolvendo. Antigamente as pessoas conheciam todo mundo, e os nomes das famílias era algo bastante característico, eu tenho fotos de quando nevou aqui em Santa Rosa, em 20 de agosto de 1965, era muito frio, tinha foto mas não sei onde está, porém eu conseguia fazer bolas enormes de neve, foi fantástico mas muito frio”, relata Aluísio.

Sem dúvidas, Santa Rosa evoluiu em todos os âmbitos, ela foi crescendo junto com a população, alguns costumes se perpetuaram, outros se perderam no tempo, mas só se tem conhecimentos sobre essas ações a partir de histórias como essas. Conversar com pessoas que viram a cidade se constituir em como está hoje traz sabedorias e, como toda a certeza, tem consciência de como foi o passado do lugar que pertence. A história de cada um é importante, por que se não tiver nenhuma história, é a mesma coisa que árvores sem raízes. Então, cuidem da cidade, amem a cidade e evoluem junto com a cidade, por que afinal de contas, Santa Rosa faz parte da sua história.

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