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Vida religiosa ainda desperta o interesse das mulheres

Noviça de 21 anos entra para Apóstolas da Sagrada Família em Santa Rosa

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Por mais que muitos indivíduos acreditem que a vocação de ser Irmã esteja quase extinta, ainda existem mulheres que seguem esse caminho. É notável que houve sim uma diminuição no número de irmãs no Brasil, segundo a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a redução foi de 10,6%, todavia, ainda há mulheres como Cícera Laércia Nascimento de Sousa, de 21 anos, que decidiu seguir uma vida de fé, oração e trabalho voluntário.
A Noviça Cícera Laércia é natural da Cidade de Missão Velha, localizada na Região do Cariri (sul do Ceará). Mas sempre que perguntam de onde ela vem, gosta de dizer e reconhecer que é do Distrito de “Jamacaru”, pois foi lá que viveu desde os seus primeiros dias de vida até o dia que entrou na Congregação e onde sentiu os primeiros sinais de sua vocação.
A jovem conta que sempre teve uma vida com bastante contanto com a religião. “Desde muito pequena eu já participava ativamente na minha paróquia. Fui coroinha, era missionária nas Santas Missões Populares, participei da equipe de Liturgia, da Pascom, da Catequese, dos grupos de jovens e corais, da Pastoral da Criança, e em outras pastorais e movimentos existentes na paróquia”, fala.
Dessa forma, ela diz que o motivo que a fez você decidir que queria se tornar uma freira, ou seja, no momento em que percebeu que a vocação à Vida Religiosa era a vontade e o plano de Deus na sua vida foi desde sempre. “Sempre quis muito ser missionária, e vejo isso como um dos primeiros sinais dessa minha decisão. Desde o momento em que me decidi a fazer esse processo de discernimento, percebi nos simples gestos, nos fatos mais ordinários, que a Vida Religiosa seria o plano de felicidade de Deus para a minha vida. Hoje me sinto mais feliz ainda, por perceber os sinais de Deus e da sua fidelidade no meu desejo diário em querer servi-lo e ser fiel e perseverante na vocação que escolhi para a minha vida”, conta.
A sua caminhada até se tornar noviça começou em julho de 2015, ano em que conheceu as Irmãs Apóstolas da Sagrada Família em uma Romaria, na Cidade de Juazeiro do Norte-CE, e em dezembro do mesmo ano, foi para a Cidade de Madalena- CE, para passar uma semana com as irmãs. Depois disso, iniciou o seu processo de orientação vocacional via internet, devido a distância. Mas sempre que ela tinha férias, ia visitar as irmãs. Em 2016 concluiu o Ensino Médio e em 13 de fevereiro de 2017 ingressou na comunidade de Madalena, para fazer a sua experiência vocacional. Em 2018 foi admitida no Aspirantado e em janeiro de 2020 chegou à Santa Rosa, onde, no dia 2 de fevereiro, entrou para o Noviciado do Instituto das Apóstolas da Sagrada Família. O noviciado é uma etapa que faz parte da formação à vida religiosa. É um período formativo que dura 2 anos e que antecede a primeira profissão religiosa. Então, todas as jovens que querem se consagrar em um Instituto Religioso, precisam passar por esta etapa.
A noviça ressalta que para seguir essa vida não teve que abrir mão de nada, pois esse é o seu caminho. “Eu não precisei abrir mão de nada. Só me abri e me decidi a viver uma nova experiência! E para viver esse novo, ao qual eu sentia que Cristo me chamava, eu tive que deixar fisicamente a minha família, mas nunca esqueci ou abri mão da minha gente, da minha cultura, da minha terra… Também não abri mão dos meus sonhos, mas compreendo que alguns deles serão realizados depois que essa etapa da formação inicial for concluída e à luz do discernimento comunitário. E para melhor servir eu também quero viver o sonho de Deus para mim, e, se for necessário, estou disposta a abrir mão daquilo que não faz parte do Projeto de Deus para a minha vida”, finaliza.
A Irmã Cristiane Pieterzack, das Apóstolas da Sagrada Família em Santa Rosa, comenta que existem muitos mitos e fantasias sobre quando se aborda a vocação de ser freira, pois na vida religiosa existem muitas vertentes, e nem sempre a mesma regra vale para todos os grupos, porém, ainda todos esses sofrem com mitos. “O que nós observamos é que em geral, sobretudo no Brasil, tem-se um conhecimento superficial sobre a vida religiosa e preso à anedotas – nem sempre verdadeiras, diga-se de passagem – tomadas do estilo de vida que as religiosas conduziam nas primeiras décadas do século passado, quando muitas Congregações aportaram no Brasil. Existem muitos mitos, curiosidades e fantasias em torno da vida religiosa que não correspondem à realidade, sobretudo a imagem transmitida pelos programas televisivos. Por outro lado, este desconhecimento é compreensível pelo fato que a vida religiosa se reserva uma certa discrição e afastamento. Isso não significa que evitamos o relacionamento com as pessoas. Ao contrário, sobretudo nós Apóstolas da Sagrada Família, que somos um Instituto de vida ativa – nós usamos o termo Instituto ao invés de Congregação, mas o significado é o mesmo – vivemos um equilíbrio delicado, uma tensão entre escondimento e visibilidade. Isto se revela maravilhoso e também essencial para nós. Somos mulheres “em tensão” entre a atitude de procurar o Senhor nos irmãos e irmãs e ao mesmo tempo esconder-se no Senhor. Também não estamos isentas de problemas, provações e dificuldades de todo tipo, como em qualquer família, mas tudo é lido, interpretado e resolvido à luz do Evangelho”, fala.
As Apóstolas da Sagrada Família estão presentes na diocese de Santo Ângelo desde 1984, na cidade de Santa Rosa. “Desde a nossa chegada na diocese realizamos nosso apostolado junto às diversas pastorais da igreja local, dedicando-nos particularmente ao acompanhamento das famílias através da educação, da pastoral familiar, da catequese e da ação social. Sentindo cada vez mais a urgência da evangelização da família e atentas aos apelos da igreja do Brasil, recentemente decidimos liberar um grupo de irmãs que, juntamente com alguns leigos, se dedicam exclusivamente ao trabalho cada vez mais especializado e direcionado às famílias”, explica a Irmã Cristiane. Ela também comenta sobre os passos para que tenha curiosidade em conhecer, ou até mesmo interesse em ingressas nas Apóstolas da Sagrada Família.
Como se tornar uma Irmã ASF
A decisão de se tornar uma religiosa Apóstola da Sagrada Família requer da candidata oração e discernimento para compreender a vontade de Deus, requer também estudo e reflexão para conhecer-se a si mesma e verificar se está sentindo no seu interior o chamado de Deus à vida consagrada. Não existe uma idade fixa para realizar este discernimento, mas, em geral, ele inicia no final da juventude e início da vida adulta, entre os 18 e 40 anos, quando a pessoa percebe que deve tomar algumas decisões importantes que dizem respeito a sua vida e o seu futuro.
Pré-requisitos para se tornar uma Irmã ASF
Em primeiro lugar é necessário ser solteira para poder se dedicar totalmente a Deus e aos irmãos. A candidata será convidada a apresentar um documento comprovando seu estado civil. Deverá também apresentar a certidão de batismo, pois ser Apóstola da Sagrada Família é um projeto de vida para jovens e mulheres católicas. O ideal é que a candidata tenha vivência cristã e uma caminhada junto à comunidade eclesial.
Orientação Vocacional
É muito importante que a pessoa em discernimento procure contatar uma Irmã ASF para acompanhá-la no processo de orientação vocacional. A orientadora vocacional se colocará ao lado da candidata para acompanhá-la no processo de discernimento.
Processo de formação
O 1º passo é chamado “Experiência vocacional” que consiste em passar algum tempo na comunidade para conhecer o ritmo interno e verificar as próprias capacidades de adaptação. Pode durar de três a seis meses e, eventualmente, ser estendido por mais alguns meses. Se ao final da experiência vocacional a candidata deseja ser acompanhada ulteriormente no aprofundamento da própria vocação, pode dar um 2º passo fazendo o pedido para ser admitida ao período de aspirantado, que dura um ano. Durante este período, a aspirante é acompanhada por uma Assistente. O 3º passo é o Noviciado, que dura 2 anos sob a orientação da Mestra de Noviças. No final dos dois anos de noviciado a noviça pode pedir para professar os Votos tornando-se uma Apóstola da Sagrada Família. Segue-se um período chamado Juniorado que dura cinco anos. O juniorado constitui um complemento da formação com ulterior estudo das disciplinas religiosas e profissionais e com uma mais plena participação da religiosa juniorista nas atividades próprias do Instituto. No final deste processo, a juniorista pode finalmente fazer a Profissão Perpétua que é a definitiva doação de si a Deus e à Igreja no Instituto das Apóstola da Sagrada Família. É importante ressaltar que em cada uma destas fases, a pessoa permanece sempre livre para interromper o percurso formativo e deixar a comunidade caso descubra que não é esta a vocação à qual Deus lhe chama.

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