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“O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM”

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DÉBORA REGINA KNEBEL – Psicóloga, Mestre em psicanálise, psicanalista em formação pelo PROJETO Associação Científica de Psicanálise de Passo Fundo, proprietária do Gaia Freudiana Serviços em Psicologia.

Max Weber afirmou que “O trabalho dignifica o homem”. Ele destacou que o trabalho é uma das ações sociais mais dignas e nobres presente na sociedade. O dia 1º de maio é reconhecido mundialmente por vários países, havendo ficado marcado na história pois nos Estados Unidos, em 1886, trabalhadores foram às ruas reivindicar uma redução da carga de trabalho, uma vez que 100 horas de trabalho eram praticadas semanalmente.

Essa foi uma época comandada pelo autocontrole dos impulsos, das vias imediatas e da valorização superficial dos laços afetivos. Não estamos longe, pois falamos de século XIX, no entanto, estamos vivendo em pleno século XXI e a problemática em relação ao trabalho se interpõe de forma massiva e voraz com o advento do neoliberalismo. Com o crescente enfraquecimento dos laços fraternos a subjetividade – condição interna que cada ser humano desenvolve, isto é, o que cada um de nós faz com a moral, a cultura, a socialização, como cada um abstrai, transforma e também o que coagula das relações internas com o onde vive. Isto é, como o contexto social impacta nossos ideais e o modo de viver – tem ficado enfraquecida e superficial.

Ao longo da história da humanidade nunca vimos um movimento tão acentuado das formas de trabalho e, conjuntamente, a precarização das relações humanas, a fragmentação dos laços afetivos e o empobrecimento psíquico. Com a pandemia, pudemos observar desde formas de otimização até a criação de novas formas de trabalhos se fazendo possíveis, mas também o adoecimento atenuado, a falta de limite que vem junto com estas novas formas de trabalhar. Por exemplo, um ser humano não consegue trabalhar por horas a fio no computador, cuidar de uma casa e dos afazeres domésticos, dos filhos, se alimentar e ir orquestrando tudo que envolve cada um destes fatores; a partitura que se compõe é a do adoecimento humano, onde o corpo revela como uma tela o sofrimento psíquico.

Atualmente vivemos uma cultura do presente, do consumo, da aparência. Existe um borramento no significado do trabalho, sendo este um espaço de construção de identidade e de valores. Observamos dia-a-dia a facilidade que muitas pessoas têm de não gostar do trabalho no primeiro dia ou semana. As pessoas só aceitam de for “todo bom”, senão não! Pessoas que sustentam uma posição fracassada de atuais e futuros trabalhadores. Isso mostra-nos a perda da noção da proporção existente entre trabalho investido e resultado, sendo que atualmente o último deve vir antes do primeiro. Dessa maneira estamos na era de inventar verdades, de comprar a vida pronta através de discursos feitos, na era da repetição desses discursos e de sua proliferação em progressão massiva em rede, onde o pensamento fica renegado a um plano secundário.

Sabemos que é grande a dimensão que o trabalho ocupa na vida das pessoas. Ele compõe um dos elementos mais significativos da vida adulta, sendo que a relação que cada um de nós mantém com ele fala do nosso funcionamento psíquico, de uma história de vida, de uma cultura familiar e de época.

O trabalho segue sendo o eixo principal da nossa sociedade. Ele não só dignifica, mas é também uma forma de autonomia e de reconhecimento!

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