O paciente do Covid-19 de número 50 no Rio Grande do Sul deve ser identificado pelas autoridades de saúde na próxima semana, no dia 24 de março, ou até antes disso, de acordo com estimativa da Secretaria de Planejamento.
O Rio Grande do Sul tem 28 casos confirmados da doença. No Brasil, segundo as secretarias estaduais de saúde, são mais de 400 pessoas infectadas, no último levantamento divulgado nesta quarta (18).
As epidemias possuem comportamento exponencial, ou seja, a partir de um determinado ponto, quando maior a quantidade de casos, mais rápido elas crescem.
O estudo mostra três cenários de como a doença, provocada pelo novo coronavírus, pode crescer nas primeiras duas semanas, comparando com o comportamento do vírus em outros países.
O cenário moderado seria parecido com o que acontece no Japão, onde o número de casos aumentou cinco vezes. O agressivo seria como na Espanha, onde o crescimento foi de 71 vezes.
E o extremo, como na Itália: aumento de 87 vezes no número de casos.
A diferença entre os três cenários é decisiva. “O fechamento, o isolamento social funciona. Em todos os países onde isso foi feito, o afastamento reduz contágio, reduz o número de casos de pessoas que vão buscar o sistema de saúde”, afirma a secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do RS, Leany Lemos.
O estudo comprova que o crescimento ou não no número de casos muda conforme as providências tomadas pelo governo e pela população.
7 dias após 50º caso
- Cenário Moderado: 111 casos
- Cenário Agressivo: 421 casos
- Cenário Extremo: 465 casos
14 dias após 50º caso
- Cenário Moderado: 245 casos
- Cenário Agressivo: 3.533 casos
- Cenário Extremo: 4.340 casos
Dos pacientes, 5% vão precisar UTI, aponta a secretaria. Não foram considerados costumes e climas dos diferenças países. O estudo vai ser atualizado todos os dias para ajudar na tomada de decisões do governo.
“Até a primeira quinzena de abril, nós vamos acompanhar para ver em que cenários estamos encaixados. E a partir daí fazer projeções para mais um mês, e ver como tendências que vão mais a frente trazer as condições para que a gente possa ir saindo com segurança. Porque vai parar as atividades, em algum momento nós vamos voltar as atividades, mas quando? Quando vamos ter segurança? A partir desse cenário, a partir da projeção que vai mostrar quando vai ter redução, se é apropriada”, afirma Leany.
Até agora, o Brasil e o estado de São Paulo se assemelham aos cenários extremo e agressivo. O infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, na capital paulista, diz que é crucial diminuir a velocidade de contágio do vírus.
“Eu recomendo que as pessoas entendam que esse inimigo silencioso que parece longe, ele já tá aí, ele já está entre vocês assim como já estava entre nos há algumas semanas”.
“Existe uma diferença no tempo entre o contágio, o que tá acontecendo e o número de registros. Então mesmo com as medidas que estão sendo tomadas agora, a gente vai assistir o número aumentando até que ele vai diminuir por conta das medidas tomadas”, explica.
Leany ainda pontua uma diferença na tomada de atitudes que pode fazer a diferença.
“A Espanha suspendeu as aulas com 1 mil casos. Nós suspendemos as aulas com 10 casos. Faz uma diferença muito grande porque interrompemos uma forma possível de contágio em um estágio bastante prematuro. E isso é relevante”.
FONTE: G1/RS