REMINISCÊNCIAS II ¹

REMINISCÊNCIAS II ¹

Em 1967, pintava a indicação do meu nome para assumir a chefia do escritório regional do DAER, em S. Rosa. Fui avisado pelo então engenheiro chefe da então 14.ª Residência (hoje, 14.ª Unidade de Conservação), Dr. Darci Machado, que as atividades nas quais me envolvia, incluindo minha filiação e militância no MDB, seriam obstáculo à minha nomeação. Prontamente, deixei o conjunto melódico, fiz uma doação de todo o equipamento e guarda-roupa aos demais companheiros, ficando apenas com a minha bateria. Foi-se o conjunto. Quanto à Escola de Samba fizemos ainda em 1968, um último desfile na cidade de Oberá, Província de Missiones e ao retornar encerrei minha senda de carnavalesco. Foi-se a escola! Mas, e o MDB? Ninguém iria levar a sério o meu desligamento do partido dias antes da minha promoção.

Desobstruído, em parte, o caminho, no início de 1968, assumiu chefia da 14.ª Residência do DAER o Eng.º santa-rosense Nilton Braum, quando o Sr. Rui Brandão Medeiros (já falecido) então Chefe de Escritório, aposentava-se, não sem antes indicar-me para substituí-lo, indicação que foi referendada pelo eng.º chefe, pois pela hierarquia e classificação e tempo de serviço, eu era o homem da vez.

Minha nomeação, ocorreu através de um radiograma expedido pelo Sr. Diretor Geral do DAER, alguns dias após a aposentadoria do Sr. Chefe de Escritório, para que o cargo não ficasse vago por muito tempo.

Mas, e o MDB? Ninguém iria levar a sério o meu desligamento do partido dias antes da minha promoção.

A esta altura eu e Nívea já namorávamos e no dia em que assumi a chefia do escritório, tal como esperava, noivamos e marcamos a data do casamento para o dia 25 de maio de 1968, pois a esta altura eu tinha pressa em deixar a vida agitada para constituir uma família. Entretanto, dois dias após, já na função, fui chamado por alguns próceres políticos da antiga ARENA, liderados pelo então Major Hélio Chaves Lopes, Mário Barreto, Celso Ritter e mais duas pessoas cujo nome não lembro, na agência da Caixa Econômica Estadual, na época localizada na Av. Rio Branco próxima ao antigo Cine Odeon, onde prontamente compareci. Na visita, me foi condicionado assinar minha filiação (ficha) na ARENA para continuar no cargo. Pedi algumas horas para consultar minha chefia. Na mesma manhã daquele verão de maio, o Eng.º Nilton Braum na sua santa ingenuidade orientou-me a não assinar a ficha, entendendo que minha nomeação ocorrera por mérito, e foi o que fiz, neguei-me a assinar o documento. Quarenta e oito horas após, minha nomeação a Chefia do Escritório foi revogada, assumindo um colega vindo de Bento Gonçalves com quem fiz grande amizade e prestei minha colaboração até minha exoneração a pedido em 1972, após 13 anos de serviço público. O Eng.º Nilton Braun foi transferido para a Residência de Bagé por ter me apoiado. ‘Foi a história do sapo que para salvar-se disse’: “Não me atirem na água!” Tudo o que a família de Nilton desejava e não conseguia, era morar em Bagé, terra da esposa do engenheiro, e a melhor saída foi atirar o sapo n’água!

Até o próximo sábado!

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