É notório que, na sociedade contemporânea, o avanço tecnológico veio muito a contribuir na vida de todos os cidadãos. E juntamente a isso, surgiu à denominada “era da informação”, que propicia grande parte da população ter acesso a quaisquer notícias com apenas um clique. Porém, como na Internet não se tem controle do que é postado e nem de quem posta, isso acabou suscitando para uma avalanche de Fake News.
Fake News não é nada menos que uma notícia falsa que é disseminada em redes sociais com o intuito, especialmente, de denegrir a imagem de alguém ou um produto. “O termo Fake News é relativamente novo. Em meados de 2016, o editor de mídia do site Buzzfeed, Craig Silvermann, identificou uma onda de histórias completamente inventadas. Ele e um colega começaram a investigar e, pouco antes da eleição americana, constataram a existência de pelo menos 140 sites de notícias falsas, que estavam atraindo muitos cliques no Facebook. Foi a partir daí que o termo se tornou conhecido. No entanto, cabe destacar que notícias falsas, mentiras e boatos sempre existiram, fazendo parte da história da humanidade. A disseminação e propagação ganhou celeridade a partir do momento em que a publicidade evoluiu para a era digital. Trata-se de uma forma de ganhar dinheiro fácil, onde agências já se especializaram em inventar notícias e, desta forma, manipular a opinião pública. Por fim, o crescimento exponencial das redes sociais (facebook, instagram, twiter, youtube, snapchat, whatsapp, ente outros) tornou praticamente incontrolável a disseminação das Fake News”, explica o advogado, Cesar Trevisol.
Um exemplo bem fácil e que aconteceu em poucos dias, foi que correu na Internet uma notícia que este ano seria o inverno mais frio em um século no Brasil. Porém a MetSul Meteorologia desmentiu, dizendo que é uma Fake News e claro, as chances de acontecer não são zero, mas a probabilidade é muito pequena. Por isso, ao ler uma notícia na Internet, é de fundamental importância que você tente diferenciar o real da falsa. Nem sempre é fácil diferenciar, mas geralmente a notícia falsa possui forte apego sensacionalista, com chamadas impressionantes e alarmantes. Assim algumas questões devem ser analisadas antes de simplesmente compartilhar a notícia que causou surpresa, comoção ou emoção. “A regra geral é: sempre desconfie! (como já referido, na internet há lugar para tudo); Não repasse a notícia somente lendo a chamada; faça a leitura de todo o teor da notícia e certifique-se de que o conteúdo tratado tenha correlação com o título da matéria; cheque a fonte da notícia. Pesquise em outros canais quando tiver dúvida; procure no Google Notícias; observe o endereço da notícia (os autores de notícias de Fake News tentam enganar as pessoas usando URLs semelhantes aos de sites mais consolidados); Observe a data da publicação dos posts; Procure por erros. As notícias falsas podem ter erros ortográficos ou de informação. Use o bom senso e consulte fontes oficiais e na dúvida não compartilhe ou publique notícias que você não sabe se são verdadeiras”, esclarece o advogado.
E com a ascensão dessas notícias falsas no meio digital, o jornal impresso se torna novamente o portal de veracidade de informações mais aclamado que no qual, todos depositam sua confiança, pois sabem que se está no jornal, é verdade. Segundo Trevisol, o jornalismo profissional sempre teve como grande objetivo levar ao público leitor a verdade real dos fatos. Especificamente no tocante ao jornal impresso que sempre teve grande importância e destaca-se pelo fato de buscar oferecer qualidade na informação oferecida ao público. “Há sempre um jornalista, ou mais, responsável pelas informações prestadas no jornal impresso que sempre será identificado e, este, por conseguinte, tem base teórica, técnicas e princípios éticos. Há também o nome do jornal a zelar e a confiança no meio de comunicação. As falsas notícias, ao contrário, podem ser redigidas por qualquer pessoa, com finalidade diversa da informativa, geralmente tendenciosas, apelativas, sensacionalistas e com único viés de promover desinformação, enganar e obter vantagens (financeira, política, pessoal). Por essa razão ainda mais relevante uma visão crítica daquilo que circula nas redes sociais. Sem dúvidas o jornal impresso ainda é um meio de altíssima credibilidade e esta confiança tem sido o grande diferencial, já havendo, inclusive, movimento de revitalização dos jornais impressos”, destaca.
Acontece ainda que, muitas vezes, pessoas normais acabam sendo alvo de notícias falsas e acham que por ter ocorrido em ambiente virtual não há como denunciar e ignoram o caso, mas segundo Cesar, tem como e o primeiro passo é buscar colher elementos para provar, futuramente, a efetiva ocorrência do fato. “Neste aspecto, a vítima deve copiar o conteúdo das telas (print) ou realizar uma ata notarial (procedimento previsto no Código de Processo Civil), bem como realizar registro junto ao Órgão Policial para que este se for o caso, proceda à abertura de procedimento investigatório. Na seara criminal, atualmente, em alguns casos, as Fake News podem configurar crimes contra a honra (calúnia, difamação ou injúria), cuja natureza da ação penal é, geralmente, privada. Assim, para persecução penal deve a vítima procurar um advogado de sua confiança e promover a ação penal competente. O mesmo ocorre na seara civil, onde por meio de advogado a vítima poderá solicitar a remoção do conteúdo e dos compartilhamentos, bem como tem a possibilidade de buscar a reparação por eventual dano sofrido, inclusive com relação àqueles que compartilharam a notícia”. Além do caso de você se deparar com uma Fake News, nas próprias redes sociais é possível realizar a denúncia de notícias falsas.
Ainda existe a questão de este ano ser eleitoral, então o cuidado com as Fake News deve ser redobrado pois até então, propostas ou calúnias podem ser usadas na influência de certos candidatos. “Estamos próximos de ingressar no período da campanha eleitoral e, de fato, há grande preocupação com as Fake News. Restaram evidenciada, especialmente nas últimas eleições dos EUA, que as informações, quando usadas com objetivos políticos, podem render grandes benefícios, travando-se verdadeiras guerras informativas. Nesta seara política não é novidade a criação de fatos inverídicos atribuídos a candidatos com a intenção de beneficiar os adversários na corrida eleitoral. Relembro que ‘as notícias falsas sempre existiram’ e, no Brasil há intensificação destas em época de eleições. A diferença reside justamente no fato de que, hodiernamente, há maior acesso à informação e um grande número de pessoas que simplesmente replica os conteúdos sem a menor cautela, gerando uma onda de desinformação e propagação. Famosa frase atribuída a Joseph Goebbels já dizia: ‘Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade’. Especificamente sobre as eleições, a cautela e o bom senso devem nortear todas as notícias e informações recebidas e compartilhadas. Segundo o presidente do TSE, Ministro Luis Fux, a Corte vai agir de formas preventiva e punitiva contra a disseminação de notícias falsas nas eleições deste ano. Ele disse ainda que um candidato eleito com a divulgação de notícias falsas pode ser cassado e a eleição, nessas condições anuladas”, evidencia Cesar. Portanto, as consequências aos candidatos podem ser graves acarretando desde a cassação de quem se utilizar de Fake News para destruir candidatura alheia ou em seu próprio benefício, até mesmo anulação da eleição, caso esta seja resultado de notícias falsas disseminadas.
Não há um método capaz de assegurar proteção contra as Fake News. Tampouco, por ora, legislação específica a reprimir a divulgação e o repasse destas. No entanto, um pouco de bom senso ao ler ou receber algum conteúdo em seu computador ou celular já é medida bastante eficaz a cessar a propagação. As redes sociais estão desenvolvendo ferramentas a coibir a disseminação.
Neste ano eleitoral o Tribunal Superior Eleitoral está se empenhando na busca de coibir a disseminação de notícias falsas e de combatê-las, promovendo a retirada das publicações. Todavia, o usuário das redes é o grande elo devendo, sempre, refletir antes de publicar, repassar ou compartilhar.
“O fenômeno das Fake News despertou a necessidade de termos maior senso crítico ao que visualizamos. O repasse da falsa informação é que acaba disseminando a Fake News. Há um grande desafio nesse aspecto, uma vez que muitas empresas utilizam robôs, cuja finalidade é curtir, compartilhar, enfim, disseminar a notícia falsa. Todavia, a educação virtual, também chamada de ‘alfabetização virtual’ é ferramenta de suma importância para que se crie uma cultura de questionamentos, onde as pessoas passem a desconfiar e questionar o teor da notícia. Lembre-se que todo tipo de conteúdo tem espaço na rede mundial de computadores. Qualquer um pode escrever ou manipular um texto, imagem ou vídeo. Importante é ter bom senso, raciocinar, checar as informações e não se deixar levar pelo sensacionalismo ou emoção exagerada”, conclui Trevisol abordando uma maneira para que a disseminação de Fake News cesse.