Você sabe qual será o maior desafio que sua empresa enfrentará nos próximos anos? Pensou em vários, tenho
certeza. Mas será que achou aquele que será o maior de todos? Uma dica: sua empresa já vive esse problema hoje.
Mas esse problema ainda não é o maior de todos. Prepare-se! Esse será o maior problema, muito em breve.
O maior desafio e o maior problema que sua empresa enfrentará, muito em breve, será conseguir convencer alguém a vir trabalhar para você! Sim, isso já acontece. E estamos apenas iniciando. Prepare-se enquanto é possível. Prevejo que, se mudanças não tiverem início no curto prazo, viveremos esse desafio (como principal) em, no máximo, cinco anos.
Observe o quanto esse problema está crescendo e de forma extremamente rápida. Em 2021, 26% dos empregados
nos EUA gritaram “Eu me demito!” para suas empresas. Mesmo em meio ao Covid! A frase “eu me demito” foi repetida por mais de 21 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
Se engana quem pensa que as pessoas se demitiram por considerarem algum tipo de auxílio financeiro do Governo. A taxa de desemprego no EUA subiu apenas 0.5% nesse ano (totalizando 4.0%). Ou seja, a frase “Está contratado!” foi repetida, e muito, para compensar, em grande parte, as demissões solicitadas.
As pessoas estão cansadas da forma com a qual as empresas têm lidado com suas vidas, potencial e, principalmente, seu futuro. O problema se agrava quando passam a surgir novas alternativas para se gerar renda, além do emprego formal.
Quem mais está demitindo as empresas? Se você acha que são os mais jovens, desta vez errou! Os funcionários entre 30 e 45 anos tiveram o maior aumento nas taxas de solicitação de demissão, com um aumento médio de mais de 20%, segundo relatório da Harvard Business Review. A rotatividade dos mais jovens (20-25 anos) e dos mais velhos (60-70 anos) caiu. Nas faixas de 25-30 anos e 45-60 anos as taxas subiram pouco, mas não de forma tão significativa como na faixa entre 30-45 anos que foram os que mais repetiram: “Eu me demito!”.
Para uma empresa é sempre muito ruim ouvir de um empregado a frase “Eu me demito!”. Quando essa frase é tão
repetida e, principalmente, pela faixa etária entre 30 e 45 anos, precisamos de um choque de realidade para iluminar o efeito de que pessoas experientes e talentosas estão abandonando empresas que não conseguem ser mais lugares saudáveis e promissores em suas vidas. Parece que a “parada obrigatória”, imposta pelo Covid-19, permitiu uma reavaliação sob novo ângulo. De casa, as pessoas observaram suas antigas rotinas em ritmo desenfreado e,
particularmente, a faixa etária em fase de vida estruturante (recém-casados, novos filhos/filhos pequenos, maior
convívio (mesmo que remoto) com os pais, etc. se questionaram sobre o que é viver. Ou, simplesmente, desejam uma solução mais simples, mais fácil para obter receita.
Exagero da minha parte? Será? Segundo pesquisa da McKinsey 56% dos empregados consideram que seus líderes
são consideravelmente tóxicos e para 75% deles o momento mais estressante do dia é quando estão em contato
(mesmo remoto) com seus líderes! E, segundo o relatório “State of the Global Workforce: 2021” do Instituto Gallup,
80% dos empregados não se sentiram engajados, 43% sentiram estresse, 41% sentiram preocupação, 24% sentiram
raiva e 25% sentiram tristeza no ambiente de trabalho.
Existe saída? Sem dúvida! As organizações devem enfrentar seus desafios na direção de uma completa e poderosa
transformação para se tornarem lugares desejáveis e seus líderes se tornarem exemplares. A solução desse desafio pede esforços na direção da essência: respeito e gestão.
Mais uma vez, o convite é explícito: substituir os erros e as explicações por uma elegante conformidade nas práticas e processos, bem como, intensificar a real e contínua qualificação de gestores que sejam capazes de inspirar, respeitar e desenvolver o engajamento, a inovação e o accountability das pessoas.
Economize em qualquer lugar, mas não poupe investimentos na qualificação de seus gestores e líderes. A conta chega!
Jorge Roldão – Email: roldão_Jorge@yahoo.com
Administrador, professor da FDC (CEDEM no RS) e conselheiro de administração. Evolucionista e
estudioso da neurociência na formulação de estratégias disruptivas e no gerenciamento da performance e
capacidade de execução com accountability em ambientes VUCA+BANI.