As obrigações sanitárias na pecuária familiar são destaque no espaço da Emater/RS-Ascar na 44ª Expointer 2021, que vai divulgar ainda as opções de espécies forrageiras para a Produção de Leite à Base de Pasto. Na temática da Pecuária Familiar, o foco estará no controle de ectoparasitos, como o carrapato, e o novo status sanitário do Estado do RS de zona livre de febre aftosa sem vacinação. No espaço também será ressaltada a importância da conservação do Bioma Pampa, através de um adequado manejo do campo nativo, enfocando a importância dos pecuaristas familiares na preservação desse patrimônio natural, genético e cultural do RS.
A Expointer acontece de 04 a 12 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com ingresso limite de 15 mil visitantes por dia. Mesmo sendo um local aberto, amplo e arejado, ao visitar o espaço da Emater/RS-Ascar é obrigatório seguir os protocolos de segurança, mantendo o distanciamento e o uso de máscaras e álcool gel.
No espaço da Pecuária Familiar está instalado um carrapatário, com demonstração de parte do ciclo do carrapato, destacando a presença desse ectoparasita no pasto. “Queremos conscientizar os produtores que não basta usar carrapaticida nos animais, pois mais de 95% da população dos carrapatos estão no ambiente, e isso geralmente ocorre nas fases de larva e ovo, mais resistentes”, avalia Carlos Roberto Vieira da Cunha, extensionista e assistente técnico de Defesa Sanitária Animal da Emater/RS-Ascar, ao enfatizar que não adianta tratar só o animal e não se preocupar com o ambiente.
“Só o uso do carrapaticida sem controle só vai criar mais resistência”, diz Cunha. Segundo ele, o RS é o Estado com maior número de relatos de resistência a carrapaticidas do mundo, “e essa resistência é um problema no problema”, observa.
Ainda durante a Expointer o espaço da Pecuária Familiar apresenta uma simulação de potreiro, onde é possível enxergar as larvas no pasto, conferindo que os carrapatos não estão só no animal. “Aproveitamos a oportunidade para sugerir a rotação de potreiros e falar do biocarrapaticidograma e do teste gratuito feito no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), para saber da sensibilidade da cepa que está parasitando aquele rebanho, quais os grupos químicos de princípio ativo que funcionam ou o grau de eficiência dos diferentes grupos de carrapacitidas, para decidir o produto comercial que vai usar”, explica Cunha.
OBRIGAÇÕES SANITÁRIAS
“Apesar da retirada da vacina da aftosa no RS, nossa função, enquanto Emater, é orientar os produtores para a conscientização de que não tem mais vacina, mas que temos que observar e monitorar os rebanhos e avisar o Escritório ou a Inspetoria de Defesa Sanitária de seu município a qualquer sinal ou sintoma compatível com a doença”, alerta Cunha.
Além do monitoramento, é preciso que os produtores mantenham as declarações anuais de rebanho, indicando nas inspetorias o estoque de animais na propriedade, para caso de emergência sanitária, e justificar a venda ou morte de animais.
Uma nova atividade de defesa sanitária animal é o estímulo do cadastro de apicultores e piscicultores. “Abelhas e peixes não eram declarados na Inspetoria, mas esse cadastro, que iniciou em julho, segue a mesma lógica, para que, em caso de emergência sanitária, o órgão de defesa tem que saber onde são criados”, observa o extensionista.
O controle da raiva é outra prática de educação sanitária, “cujo debate é oportuno, pela ocorrência de casos no interior do RS, e faz parte das nossas atividades de defesas a atentar o público, fomentar a vacinação e orientar para identificar os abrigos de morcego e comunicar às inspetorias, que deslocam equipes para fazer o controle dessa população nas furnas e abrigos”, explicou Cunha, ao ressaltar a importância do apoio dos agricultores no controle da inspetoria. Segundo ele, essa é uma prática independente, mas quando tem caso de raiva também é obrigação sanitária comunicar a inspetoria para o controle da população de morcegos.
CONSERVAÇÃO DO PAMPA
Com o propósito de aliar pecuária com conservação dos campos nativos, a Emater/RS-Ascar desenvolve três grandes projetos produtivos e conservacionistas, que atingem 5 mil hectares com práticas de melhoramento de campo nativo na região do Bioma Pampa. O Projeto RS Biodiversidade, o programa Manejo Conservacionista do Campo Nativo em Propriedades de Pecuária Familiar e o projeto Restauração Ecológica na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã – Integração social e científica para a conservação e sustentabilidade do Bioma Pampa.
A esse público, de mais de oito mil pecuaristas familiares, é que a Emater/RS-Ascar desenvolve ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) no apoio à gestão e organização, comercialização, produção convencional e de base ecológica, e de manejo sanitário, reprodutivo e nutricional, objetivos esses contemplados nesses importantes projetos de conservação dos campos nativos.
RS BIODIVERSIDADE: O Projeto RS Biodiversidade (2011-2016) – Conservação da Biodiversidade como Fator de Contribuição ao Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul é a primeira política pública ambiental para o Bioma Pampa, e que busca a integração da Biodiversidade em Propriedades Rurais através do Manejo Conservacionista dos Campos, beneficiando 412 famílias que vivem em cerca de 4 mil ha de campo nativo, e do Manejo Rotativo com ajuste de carga de bovinos e/ou ovinos, realizado em dez a 30 potreiros de um a três hectares cada.
CAMPO NATIVO: O programa Manejo Conservacionista em Campo Nativo por Meio de Pastoreio Rotativo em Estabelecimentos da Pecuária Familiar do RS (2019-2023) envolve 70 propriedades de pecuária familiar, sendo quatro Unidades de Referência (URs), localizadas em 840 hectares. A Aters prestada pela Emater/RS-Ascar neste programa envolve visitas, reuniões, dias de campo, cartilhas e reportagens, que destacam métodos de manejo, como ajuste de carga, pastoreio rotativo, diferimento, correção/adubação do solo e sobressemeadura de forrageiras, entre outros.
PROJETO “RESTAURAPA: ”O projeto Restauração Ecológica na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã – Integração social e científica para a conservação e sustentabilidade do Bioma Pampa (2020/2022) visa à restauração de áreas degradadas pela presença do capim annoni. São cerca de 1.900 hectares em 20 propriedades de pecuária, transformadas em URs, sendo cem hectares em corredores e faixas de domínio.