Incapacidade de interpretação: analfabetos funcionais

Incapacidade de interpretação: analfabetos funcionais

É notório que na sociedade contemporânea o número de indivíduos que sabem ler, porém não conseguem interpretar o que está escrito, cresce a cada dia. Esse fato pode ser facilmente observado na época atual com a interface digital, mais precisamente nas redes sociais, nas quais os sujeitos estão lidando diariamente com o recebimento e compartilhamento de informações e textos.

Esse impasse, infelizmente, possui uma designação: analfabetismo funcional. Segundo Bruna Lopes Fragoso, Professora de Português e Empresária, o analfabetismo funcional atinge um em cada quatro brasileiros. No caso, consiste em um leitor que lê figuras, imagens ou textos, porém não consegue interpretar e compreender o que está lendo. Quando indagada sobre o motivo, em sua convicção, é um resultado de ações realizadas quando muito jovens ainda. “Acredito que o problema começa muito cedo, ainda dentro de casa. Pais ou responsáveis não estimulam nem instigam seus filhos a prática da leitura, aliado a isso, quando as crianças adentram no ambiente escolar, são deparadas com uma sala de aula cheia, onde o professor não consegue dar atenção necessária para os alunos, pois não é possível atender individualmente cada aluno, o que é fundamental para que uma criança avance na leitura, que é o acompanhamento de um leitor”, relata.

O acesso demasiado de informações é um quesito um tanto quanto complexo. Ao mesmo tempo em que uma pessoa pode saber sobre tudo e todos com o bastar de um clique, a enxurrada de informações faz com que ela filtre menos conhecimento, pois o indivíduo não conseguirá distinguir e compreender cada coisa que lê devido à quantidade. Nesse viés pode-se destacar também o quesito de dados que realmente agregam e estimulam a pessoa a possuir mais conhecimento. Assuntos fúteis que não acrescentam e não ajudam a desenvolver o sujeito a pensar e criar argumentos críticos e interpretações para obter um ponto de vista, contribuem para que as pessoas continuem nessa condição. “O acesso demasiado a informações, através das redes sociais, faz com que os internautas vejam as informações, mas como são muitas, não se aprofundam e não entendem as informações vinculadas na internet”, diz Bruna.

Uma alternativa mais significativa, para Bruna Fragoso, seria investir verdadeiramente na qualidade da educação, pois é a partir dela que o ser irá desenvolver todos os âmbitos necessários para que não seja mais uma estatística de analfabeto funcional. Ela ainda acrescenta que o ideal seria dar maior atenção para os alunos, de maneira individual, nas salas de aula, mas para isso os números de estudantes em uma turma deveria ser menor para que pudesse atender cada um com sua limitação.

Um problema bastante vislumbrado, neste ano mesmo, foram as fake news. Pessoas que são analfabetas funcionais também são mais suscetíveis a cair e compartilhar notícias falsas. Nesse caso, muitas vezes os indivíduos acabam propagando esses dados não pela maldade, mas por apenas não ter entendido o sentido do texto e não pesquisar afundo sobre o que se trata. Mas não deixa de ser um fator que ajuda. “Pessoas nessas condições são mais dispostas a se depararem com fake news, pois como não são leitoras fluentes, podem ser facilmente enganadas, pois não possuem o desenvolvimento crítico que é fundamental para ter habilidade de saber a veracidade das informações que estão circulando na internet ou na mídia”, elucida a Professora de Português.

Além dos problemas relacionados as notícias falsas, os analfabetos funcionais possuem uma maior dificuldade na capacidade da argumentação para debater sobre algum assunto, sem contar com a falta de um pensamento crítico. Por isso, educação sempre foi e sempre vai ser uma questão fundamental na vida de um ser humano e, sem dúvida, deve ser priorizada em todos os casos e por todos os indivíduos.

Bruna Lopes Fragoso, Professora de Português e Empresária

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