Atualmente, muito tem-se ouvido falar na palavra autismo e a maioria, conhece ao menos uma criança que seja portadora deste transtorno. E a pergunta que se faz é: estão aumentando os casos? Mas primeiramente, é preciso entender o que é esse transtorno.
Segundo o Neuropediatra, Dr. Guilherme André Henz, o autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento de origem biológica, sendo assim, a criança nasce com ele. É caracterizado por um déficit persistente nas habilidades sociais e na comunicação social, além de apresentar um padrão restrito e repetitivo de interesse, comportamento e atividades.
Por se tratar de um espectro, isso significa que um paciente é diferente um do outro. “Há uma diferença entre um e outro, não sendo uma obrigatoriedade serem semelhantes nos seus sintomas. Mas o que se percebe, é que são pacientes que tem dificuldade na interação social; tem menor interesse nos pares; menos interesse nas pessoas; predisposição a ficarem mais sozinhos, interagirem menos, brincar menos com crianças e adultos; dificuldades DE se adaptarem a grupos. Podem ter ainda um déficit de comunicação tanto verbal, com atraso da fala, como não verbal, como dificuldade em interpretar gestos, mímicas faciais e comunicação por sinais, como mandar tchau e beijo”, explica.
Além disso, os autistas apresentam um padrão restrito e repetitivo de comportamentos. podem não apresentar interesse por brinquedos ou não brincar de uma maneira funcional e imaginativa como normalmente seria. “Eles preferem parte dos brinquedos, empilhar ou enfileirar. Podem ainda ter estereotipias motoras, como movimento de balanceio, andar na ponta dos pés, chacoalhar as mãos”, salienta o médico. No lado sensorial, eles costumam apresentar intolerância a barulhos, determinadas texturas, não gostar de toques, de carinho, de andar descalço, de se sujar.
De acordo com o médico, a prevalência de autismo nos estudos está aumentando e isso ainda tem sido bastante discutido. Mas, na sua opinião, o Transtorno do Espectro Autista sempre existiu e o que acontece hoje, é que a medicina dispõe de ferramentas de diagnóstico mais precisas, o que acaba por possibilitar a identificação deste problema cada vez mais cedo. “Hoje conhecemos muito mais o quadro clínico do transtorno do espectro autista. Professores, escolas, famílias, pediatras, toda rede de saúde estão muito mais treinados dentro dos sinais e sintomas clínicos de autismo, o que possibilita o diagnóstico de maneira mais rápida e com precisão. Então entendo que esse aumento de prevalência está muito atrelado à melhora do conhecimento sobre o quadro do autismo”, justifica Guilherme.
Para ele, isso tem um lado bastante positivo. “Os quadros clínicos estão ficando mais claros. Muitas crianças que antes ficariam sem diagnóstico, por serem quadros leves, hoje conseguem ser identificadas e acompanhadas. Então esse ‘aumento’ nos estudos não entendo como preocupante. Entendo que o autismo sempre existiu. Na verdade, esse aumento da prevalência só está mostrando que estamos fazendo o diagnóstico destas crianças e possibilitando que passem pelas terapias de reabilitação, cuidados e tratamentos necessários. A estrutura de saúde, escolas, pais e médicos estão fazendo mais diagnósticos. Se por um lado o número parece preocupante, por outro, mostra que estamos caminhando para realmente fazer mais diagnósticos e ajudá-las de maneira mais precoce e efetiva”, diz.
Outra coisa que Guilherme deixa bem clara, é que a mística que existiu por muito tempo, de que o autismo era causado por questões de algum trauma, medo, ou de ordem psicológica ou psiquiátrica, não se confirma. “Trata-se de um transtorno de origem biológica. A criança nasce com ele”, defende. As primeiras discussões sobre o autismo são do século 20, quando em 1943, dois psiquiatras austríacos (Leo Kanner e Hans Asperger), sem relação entre ambos, descreveram os primeiros quadros com sinais e sintomas que hoje os médicos entendem como características do espectro autista. Naquela época, não passavam por processo de reabilitação, ficam estigmatizados e marginalizados, por falta de conhecimento da medicina. “Hoje, entendemos que esses pacientes devem ser tratados de maneira integral, de forma que possam ser incluídos na sociedade”, diz Dr. Guilherme.
Para isso, esses pacientes precisam de terapia de reabilitação multidisciplinar, que envolve o trabalho de psicólogos, neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagoga, fonoaudiólogas, fisioterapeuta, além do acompanhamento escolar e de um Neuropediatra ou Psiquiatra Infantil.
E o que mais chama a atenção do médico, que atua diretamente nesta área, é o quanto as famílias e as escolas estão atentos aos sinais do autismo e procurando cada vez mais cedo os profissionais. Guilherme diz que há um tempo atrás, as crianças chegavam aos consultórios após 4 ou 5 anos de idade e eram tardiamente diagnosticadas com o transtorno. Hoje, isso tem acontecido por volta dos 1 ou 2 anos de idade e, quando confirmado o diagnóstico, começa cedo o processo de tratamento. “Quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, mais ele tem chance de melhorar. É fundamental que eles sejam feitos o mais cedo possível e que as intervenções também comecem de imediato para resultados cada vez mais satisfatórios”, conclui o profissional.
Sinais de alerta:
6 meses
Poucas expressões faciais
Baixo contato ocular
Ausência de sorriso social
Pouca socialização
9 meses
Não balbucia
Não olha quando chamado
Não olha para onde o adulto aponta
Pouca/nenhuma imitação
12 meses