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O senso comum é de que contra o câncer se trava uma guerra. Por óbvio, haveria vencedores. Por puro desafio intelectual, quando da partida desse plano de um paciente que também era meu amigo pessoal, relembrei a fala de um antigo professor meu: não é uma guerra, não há perdedores.

O tratamento do câncer é uma das fronteiras da medicina que evolui continuadamente, entretanto ainda há um longo caminho, que talvez não iremos atingir, de conhecer completamente sua biologia e seus artifícios.

Mesmo nessa busca não entendo como perdedor aquele pesquisador que em última fase de análise dos seus dados se deparou com uma intervenção inútil. Fica o legado e o conhecimento ali adquirido.

Uma guerra precisa de perdedores. Aos que sucumbem ao câncer não se pode dar este selo. Envidaram seus esforços pessoais, tiveram o amparo de familiares e amigos, confiaram em seus médicos que certamente fizeram todo o possível. Não se perde, assim. Marcaríamos uma trajetória de vida erroneamente.

Acredito em JORNADA. É um complexo, e que por vezes parece interminável, caminho de consultas, exames e intervenções que tem de alguma forma êxito. Pode sim ser a cura, mas prolongar a vida diante de uma expectativa prévia de resultados, o controle de um sintoma, o desaparecimento da dor ou até saber o que aflige aquela criatura e permitir que ela se organize para a sua partida.

Essas linhas não são fúnebres e de forma alguma devem ser entendidas como se a morte e o câncer andam sempre de mãos unidas. Diagnosticar precocemente uma neoplasia, ter acesso ao tratamento ágil e conduzido por equipes especializadas, realizar as medidas nutricionais e buscar amparo psicológico e social são pedras angulares de um tratamento com maiores chances de êxito. Busque-os.

A CAMINHADA ao longo dessa jornada tem uma companhia. Alguém que ajude verdadeiramente na sua organização e se interesse pelas dores do amigo. Faço minha homenagem aqui aos cuidadores, acompanhantes, familiares e amigos de pacientes. Vocês são parte das conquistas dos nossos jornadeiros.

Espero que ao longo dessas quatro semanas eu possa ter vos levado a refletir alguns aspectos que me instigam a estudar, motivam a pensar e existem próximos da realidade de cada um. Hábitos saudáveis de vida, construir saúde e pensar o nosso caminho até a terminalidade. É desafiador ter a missão diária de entregar um diagnóstico oncológico e ofertar os consolos que a medicina dispõe. O brilho dessa caminhada está em ver a disposição dos senhores e das senhoras que não desistem e que seguem com entusiasmo a superação das dificuldades. Não tem como definir isso sendo uma guerra.

Na guerra o foco é outro. É matar ou morrer. Fundamentalmente matar e fazer terra arrasada. Restam das jornadas que acompanho, histórias de vida, exemplos positivos e que ensinam a quem deseja aprender. Obrigado pela oportunidade!

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