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Algumas palavras sobre o futebol amador em Tuparendi

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Clóvis Medeiros

O que pode ser melhor do que ouvir a história de sucesso do futebol amador da Esquina Dumke? Certamente ir lá e passar um domingo com os atletas e familiares. Resgatei na conversa fácil e sincera, na emoção dos detalhes, no relato minucioso de pessoas contemporâneas da época da criação do time daquela localidade. Citaram famílias que ajudaram de formas diversas, como os Moz, Gazzana, Dumke, Nether, Hubler, Gaelzer e tantos outros cujas famílias foram protagonistas da criação do Esporte Clube Tuiuti. O relato uniu as pontas do tempo. Enquanto me falavam de acontecimentos ocorridos há cinquenta anos, os Veteranos jogavam, a nossa frente, enfrentando uma equipe de Colônia Aurora, Argentina. Os “nossos” ganharam fácil por 4×1 para delírio da torcida local e da cidade. Sim, porque o gosto dos brasileiros por futebol não se limita ao fanatismo pelos grandes clubes. As mesmas paixões, aplausos e vibrações vão para as equipes locais. Centenas de pessoas estavam presentes naquele dia.

Não existe um vilarejo no Brasil que não disponha de um campinho, mesmo com chão batido, varas de eucalipto servindo de traves, muitas vezes atletas de fins de semana jogando com os pés descalços. Porque futebol é isso. É integração social. É confraternização. É durante o jogo que se reúnem famílias, amigos, comunidade. E o esporte, em quaisquer de suas modalidades é salutar. Faz bem ao corpo e a alma. Enquanto um jovem estiver praticando esporte não estará sob o risco de influência perversas do incitamento ao uso de drogas.

Talvez movido por esses sentimentos, o professor da Escola Santa Terezinha, da Esquina Dumke, Dário Buth (hoje morando em Marechal Cândido Rondon, Paraná), reuniu os pais dos alunos e propôs a criação de um time de futebol como forma de congraçamento, de integração da comunidade local. Surgia assim no dia 04 de Outubro de 1969 o Esporte Clube Tuiuti. As lembranças do passado fizeram reviver a bonita história daquela Comunidade. O Elírio Gazzana e o Paulo Moz lembraram que o senhor Arnaldo Nether fez a doação de dois hectares de terra para a sociedade, composta da Escola Santa Terezinha e do complexo para o futebol. Para construírem um pavilhão como sede, cada morador colaborou como pode. Alguns emprestaram dinheiro, outros ajudaram com mão de obra e assim a sede ficou pronta. Cinco anos depois as chamas consumiram tudo. Nunca se soube a origem do incêndio. O que se sabe é que recomeçaram com a mesma garra e refizeram o prédio desde o primeiro tijolo.

E a equipe fez história. O vizinho município de Santa Rosa realizava a cada dia primeiro de Maio de cada ano, um Torneio Regional de futebol. A Esquina Dumke participava, de forma despretenciosa, humilde. Até que (a narrativa não me trouxe o ano do acontecimento), o Tuiuti sagrou-se campeão regional. Não conseguiam acreditar. Foi o momento de glória da equipe. Além disso foram campeões três vezes a nível municipal. Na época inicial da história da sociedade a equipe jogava em um campo em que nem gramado havia. A cada chuva o barro descia no sentido da Escola até o campo. Antes de cada jogo a patrola vinha de Tuparendi dar uma laminada para permitir a realização da partida.

Atualmente a equipe dos Veteranos, do Belo Centro, atua com futebol de campo e o Tuiuti, na modalidade de Futebol Sete.

Há cinquenta anos um punhado de homens e mulheres lutou para construir um prédio, campo de futebol. Conseguiram. Atualmente, outro punhado de jovens e adultos luta para manter suas equipes, com as despesas inerentes. Equipamentos, manutenção, conservação, deslocamentos, uniformes.

“Vaquinhas”, rifas, colaborações espontâneas, promoções, ajudam a manter as equipes em atividade. Sendo uma atividade de relevância social, as autoridades deveriam destinar uma atenção especial, talvez, prover algum suporte financeiro para essas organizações.

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