Fernando Schuller aborda o tema na Revista Veja de 23 de Março. Faz referência a alguns dados estarrecedores sobre nosso sistema de ensino. Estamos colhendo os piores resultados. Um aluno sai do terceiro ano do ensino médio com o conhecimento mínimo desejável para outro que estaria no sétimo ano do ensino fundamental. Apenas 4% dos alunos do ensino médio em São Paulo, terminam o ano com conhecimento adequado em matemática. É o caos absoluto. Ninguém está aprendendo matemática, nem português, muito menos física, química, geografia. Os professores não são avaliados, a influência dos sindicatos de professores é muito grande. Durante a pandemia então, o caos se estabeleceu com a interrupção das aulas presenciais por dois anos ou mais. Os poucos alunos que estavam aprendendo a ler e escrever, mesmo precariamente, acabaram esquecendo, retrocederam. Algumas escolas e universidades se utilizaram do simulacro do ensino à distância. Uma piada. O “faz de conta”.
Soube, que uma Universidade convocava os alunos para o reinício das aulas, mas avisavam também que num primeiro momento as atividades continuariam on-line. O fato, sui generis, é que essa turma estaria no terceiro ano de medicina. Sem uma aula presencial sequer. Sem ver um doente. Sem comentários.
A instituição do modelo digital também não evoluiu. Os Sindicatos resistem, os professores não se consideram treinados para operar o sistema. E assim continuamos. Alguns acomodados dizem que sempre foi assim. E tudo segue adiante, sem solução. Já vi alunos trocando de escola. Mas nem sempre isso será a solução. O silêncio da sociedade é que me preocupa. Na verdade é o sistema que não funciona. E não me venham alegar falta de recursos. O país, já escrevi isso antes, é um dos que mais investe em educação, em relação a outros países.
Temos que premiar as escolas por resultados obtidos, avaliar professores e remunerá-los por méritos. Segundo o PISA, nossos resultados são os piores do mundo. E mesmo assim, fizemos como avestruz, fingindo que está tudo bem. Os alunos estão se formando com as piores qualificações, seja no ensino médio, seja nas Universidades, com raras exceções. E sabemos que a competência adquirida pelo jovem no decorrer da sua vida vai ser fundamental para o sucesso de suas trajetórias. Quem aprende pouco tem dificuldade de conseguir emprego. A baixa expectativa em relação ao mercado de trabalho resulta em frustração ou até em desilusão. Vamos acordar. As evidências estão aí, explícitas. Que futuro teremos quando parcela grande da população não consegue interpretar um texto simples?
Observamos também uma lavagem cerebral de ordem ideológica na maioria dos docentes. Creio que a isenção, a neutralidade, seria mais coerente. Nossas escolas não foram criadas para abrigarem conflitos ideológicos. Vamos ensinar matemática, português, geografia, história. Nossas escolas não devem servir de refúgio para políticos nem para medíocres. Custam muito caro para a sociedade. Sociedade esta que não pode continuar sendo omissa. Deve cobrar resultados.