Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior catástrofe climática de sua história. As enchentes danificaram grande parte da infraestrutura rodoviária de responsabilidade estadual: dez pontes e mais de 8 mil quilômetros de estradas. A malha hidroviária também foi comprometida. Um ano depois, o cenário é de reconstrução e superação. O governo do Estado, por meio da Secretaria de Logística e Transportes, está investindo mais de R$ 2,8 bilhões para garantir que o RS esteja preparado para o futuro.
Desse montante, mais de R$ 1,7 bilhão é destinado a obras de resiliência climática de estradas e pontes, geridas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), e R$ 731 milhões são direcionados para infraestrutura portuária e dragagens de hidrovias afetadas pela enchente, executadas pela Portos RS.
Além disso, só na recuperação de rodovias, foram aplicados R$ 432 milhões de maneira emergencial, logo após o começo das enchentes. Os trabalhos incluíram remoção de barreiras, reparo de aterros, contenção de erosões e manutenção do pavimento. Até agora, 94% das rodovias estaduais foram liberadas, permitindo o retorno do tráfego, da logística e do desenvolvimento em diversas regiões.
Tudo isso faz parte do Plano Rio Grande, programa de Estado criado para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro. O portal contempla os projetos que integram os seis eixos do plano, que são: Emergencial, Governança, Diagnóstico, Preparação, Resiliência e Recuperação.
“Cada estrada recuperada e cada ponte reerguida representa um avanço concreto na missão de devolver qualidade de vida, segurança e prosperidade aos gaúchos. Seguimos trabalhando com firmeza e comprometimento pelo nosso Estado”, destacou o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella.
Para garantir que as ações tenham o maior impacto possível, as obras são priorizadas com base em critérios como a situação das rodovias, o tempo de deslocamento, os efeitos na economia, a mobilidade urbana, a saúde da população e o volume de tráfego.
“Estamos reconstruindo o Rio Grande do Sul com responsabilidade, utilizando técnicas modernas e atuando com agilidade”, assegurou o secretário.
Nova ponte da ERS-130
Entre as principais entregas, destaca-se a nova ponte da ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio. A antiga estrutura colapsou em 2 de maio de 2024, quando as águas devastaram a região. Diante da urgência da situação e da importância estratégica da ERS-130 para o tráfego local e regional, o governo deu início imediato ao processo de reconstrução. Mesmo com as complexidades técnicas envolvidas, a construção foi conduzida com celeridade e eficiência.
A nova estrutura, entregue em tempo recorde de sete meses, tem 5 metros a mais de altura do que a anterior, totaliza 172 metros de comprimento – 51 metros a mais do que a antiga ponte –, 10,7 metros de largura, com duas pistas de tráfego, e um vão livre de 2,10 metros para mitigar os impactos de futuras enchentes. Além disso, conta com faixa de pedestres e ciclovia, garantindo mais segurança e acessibilidade.
Foram utilizadas 234 toneladas de aço e 2.227 metros cúbicos de concreto, o que corresponde a 5.560 toneladas de materiais. No total, ela tem 512 metros de extensão, incluindo a ponte e seus acessos. Trata-se de um investimento de R$ 22,6 milhões, oriundos de recursos das praças de pedágios sob responsabilidade da EGR, para oferecer uma estrutura moderna e resiliente às mudanças climáticas.

A qualidade e a agilidade na execução da obra foram validadas por professores do curso de Engenharia Civil da Universidade do Vale do Taquari (Univates), que acompanharam de perto todas as etapas da construção. Segundo os especialistas, o prazo de entrega ficou muito abaixo da média nacional para projetos dessa magnitude e complexidade.
“Concluir uma ponte dessa proporção em tão pouco tempo, desde o desenvolvimento do projeto até a fundação e execução completa, é algo absolutamente fora da nossa realidade”, ressaltou a professora de Engenharia Civil da Univates, Rebeca Schmitz.
Reconstrução do Km 88 da ERS-129
A reconstrução do Km 88 da ERS-129, em Muçum, conduzida pela EGR, com o aporte de R$ 8,84 milhões, também exemplifica a complexidade das obras em curso no Estado. A erosão provocada pelas fortes chuvas resultou em uma cratera com profundidade de 45 metros, equivalente a um prédio de 13 andares, e extensão similar à de um campo de futebol oficial.

Estado investiu R$ 8,84 milhões na reconstrução do Km 88 da ERS-129, em Muçum – Foto: Divulgação EGR (Arquivo)
Ao todo, foram necessárias cerca de 11 mil viagens de caminhões para transportar os materiais utilizados no reparo do trecho, essencial para a mobilidade da região.
Investimento histórico em hidrovias
A reconstrução vai além das estradas e pontes. O Estado, por meio da Portos RS, está investindo R$ 731 milhões em infraestrutura aquaviária. São R$ 691 milhões destinados a batimetria e dragagem em mais de 320 quilômetros de hidrovias interiores e 40 quilômetros de canais da área do Porto de Rio Grande, com foco no combate ao acúmulo de sedimentos e na consequente melhoria das condições de navegabilidade. O restante dos recursos, de R$ 40 milhões, ajudará na reconstrução da estrutura portuária de Porto Alegre.
Os serviços também garantirão a restauração das profundidades dos canais de navegação, incluindo a recuperação do calado de 15 metros no acesso ao Porto de Rio Grande, a hidrovia da Lagoa dos Patos, o Guaíba, o Delta do Jacuí e trechos dos rios do Sinos, Caí e Gravataí.
Essas intervenções são fundamentais para otimizar a logística do Rio Grande do Sul, garantir a operação plena dos portos e assegurar o escoamento eficiente da produção — fatores que impactam diretamente o desenvolvimento econômico do Estado.
Texto: Débora Bresciani/Ascom Selt
Edição: Secom