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Todo ano, quando chega o mês de setembro, vem com ele uma grande mensagem. Desde 2015, o mês ficou conhecido como O Setembro Amarelo, no qual é dedicado à prevenção e conscientização contra o suicídio.

E em Santa Rosa, na mesma época da campanha contra esse mal, houve um recente caso de suicídio de uma jovem. Por isso, é extremamente importante abordar esse tema para que todos estejam de alertas. Principalmente com os adolescentes.

Márcia Brun, Pedagoga, Psicopedagoga e Psicanalista em formação explica que a fase da vida, em que os jovens estão, é bastante complicada. “Considerando essa etapa da vida, em que todos vivenciamos, como uma transição entre a dependência infantil, na qual não somos mais crianças, e a emancipação do adulto, cuja autonomia, autoria e independência encontram-se ainda em processo. Desse modo, poderíamos situar a adolescência como conturbada, pelas contradições na qual os adolescentes se encontram. É difícil dizer ao certo como cada qual se sente, até porque emoções, sentimentos, desejos e necessidades são subjetivos. É uma etapa confusa, o jovem adolescente pode sentir-se muito esperançoso, feliz, entusiasta e radiante, ora triste, revoltado, conformista, apático, deprimido. Tudo nele é intenso, são tão frequentes e bruscas as reviravoltas de humor e atitudes na qual, muitas pessoas diriam que são anormais, porém na adolescência nada mais normal”, fala.

Muitas das vezes é difícil de perceber quais são os indícios de que algum adolescente precisa de ajuda, contudo, Márcia diz que vale observar quando o jovem permanece num estado de tristeza e apatia, quando as coisas que antes lhe causavam interesse e realização agora deixam de fazer sentido. “Quando perde o interesse pelo social, pelos estudos, por si mesmo”, fala. Ela acrescenta que as vezes o adolescente não fala e não comunica o que sente, na maioria das vezes por não estar sabendo como, não compreendendo suas próprias emoções, não sabendo verbalizar o que está acontecendo e portanto, isola-se e fecha-se em um mundo só seu. Nasio, Psicanalista, Psiquiatra e Escritor Argentino caracteriza meninos e meninas adolescentes como: “Quando as meninas sofrem, procuram proteção; em contrapartida, quando os meninos sofrem, expõem-se, espantosamente, mais do que nunca ao perigo.” (2011, p. 61).

Assim sendo, a importância de procurar ajuda é essencial. As primeiras pessoas que podem ajudar é a própria família, quanto ao processo de aceitação do apoio profissional, seja ele um psicólogo, psicopedagogo, psicanalista ou ainda um psiquiatra ou neurologista. A intervenção se faz necessária, primeiramente, junto ao adolescente e sua família, bem como, aos demais segmentos na qual o adolescente se insere. No caso de um encaminhamento, a acolhida psicanalítica conduzirá em análise uma escuta da dor e do sofrimento do jovem e consequentemente assim, previnem-se distúrbios, crises mais sérias que poderiam advir na idade adulta.

Márcia Brun

A escola também deve ser um meio que fica em alerta a seus alunos. A Profissional frisa que o colégio é uma das instâncias sociais em que os adolescentes mais transitam. Cabe a ela estar em sintonia com o jovem e sua família diante dos aspectos cognitivos, sociais, físicos, emocionais… Essa sintonia entre escola e família faz ambas as instituições se ajudarem mutuamente no sentido de conhecer, compreender e apoiar o jovem diante de suas dúvidas, inquietações, desejos e necessidades. “Os pais precisam se fazer presentes na vida dos filhos diante de todas as fases e idades. A escola precisa realizar um trabalho de prevenção a saúde mental, falar de projetos, promover ações direcionadas ao futuro do jovem adolescente. Muito mais do que simplesmente agregar conhecimentos, transmitir saberes, desenvolver habilidades e competências, a escola precisa humanizar-se a partir dos dilemas existenciais de seus educandos”.

Não somente para alunos, mas também para os profissionais da escola, professores, famílias, se faz absolutamente necessário, diante do atual momento histórico, que se tenha um profissional ou profissionais habilitados para lidar com as questões referentes a conflitos e ou crises existenciais, bem como a orientação a projetos de vida e escolhas. “Hoje estamos num contexto em que poucos desempenham múltiplos papéis, esta é a realidade da maioria das escolas que conheço. Porém, cada qual, cada profissional com suas particularidades, saberes e competências”, fala a Psicopedagoga.

Por isso, se faz necessário e urgente respeitar as etapas, não fazer comparações, evitar criticar e sim valorizar as pequenas conquistas. A adolescência é um período de transição e requer um olhar atento dos pais e educadores a todos os sinais possíveis. A dor de uma perda, um luto não elaborado ou até mesmo um conflito inconsciente, podem alterar significativamente o estado emocional, levando a pessoa a uma dissociação do seu verdadeiro “eu” e consequentemente levar a depressão e ao suicídio.

Devido a isso, vale salientar, mais uma vez, sobre a importância do Setembro Amarelo, mas que não fique restrito apenas para esse mês. A prevenção contra o suicídio e valorização do psicoógico de cada um, deve ser ressaltado todos os momentos. “Sinalizo novamente a importância da compreensão de que cada pessoa é única, cada adolescente vive a sua adolescência de um jeito próprio. Para todos, amigos, familiares, escola, ficarmos atentos aos sinais, sejam eles os mais diversos, visto que, cada pessoa tem um jeito próprio de ser, precisa ser olhada e respeitada. Uma reflexão que deixo, ainda de Nasio é “ Se você deseja que seu adolescente mude, mude seu olhar sobre ele.” ( p. 89)”, finaliza Márcia Brun.

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