Jovem, saudável, 34 anos. Esse é o perfil de uma das 8.215 vítimas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Itália. Contrariando o senso comum de que apenas idosos ou pessoas com comorbidades falecem da Covid-19, Emanuele Renzi não tinha histórico de doenças ou qualquer problema de saúde grave.
Segundo a autópsia realizada pelo Instituto Spallanzani de Roma, publicada nesta quinta-feira (26) pelo jornal italiano “La Repubblica”, o jovem morreu por conta de um agravamento das inflamações causadas pelo coronavírus.
A análise das informações médicas mostra um caso complexo, em que quando o vírus toma sua forma mais agressiva, não há distinção entre jovens e idosos. Renzi sofreu de três problemas sequenciais, na definição dos médicos, “um golpe atrás do outro”. Os exames mostraram uma pericardite – processo de inflamação da membrana que reveste o coração -, uma miocardite – a inflação do músculo do coração, responsável pelos movimentos de contração do órgão – e uma coagulação intravascular disseminada (CIVD) – o processo em que o sangue começa a coagular por todo o corpo.
A autópsia foi enviada para o hospital de Tor Vergata, onde Renzi foi internado já em estado gravíssimo, após seis dias de febre contínua. No local, ele foi tratado com a terapia padrão nesses casos: antivirais e um remédio contra artrite que, nessa pandemia, está ajudando a controlar os danos do vírus em pacientes entubados. Porém, nada funcionou.
“A morte do jovem está entre aquelas inexplicáveis”, disse o virologista da unidade, Massimo Andreoni, ao “La Repubblica”. “Na literatura, já estão presentes casos nos quais a autópsia não evidenciou a presença de comorbidades já existentes. Falamos da morte de um jovem são, que morreu mesmo que tenham sido aplicados todos os tratamentos à disposição. É uma derrota nossa devido às armas que temos nesse momento. Ajudam, mas não são seguramente vitoriosas e esse caso demonstra isso. A pesquisa precisa nos dar algo mais”, concluiu Andreoni.
Conforme familiares, Renzi pode ter contraído a doença durante uma despedida de solteiro em Barcelona, na Espanha, entre os dias 6 e 8 de março. A morte do jovem foi confirmada no último sábado (21).
Fonte: Jornal de Brasília