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Roteiro de Filme de Comédia

Na largada de 2025 revisito uma notícia represada de 2024. Diz com esposas de ministros do Lula, além da esposa de um governador, que “ganharam” do Papai Noel o cobiçado cargo de conselheiras de tribunais de contas. São Renata Calheiros (TC/AL), esposa de Renan Fº, ministro dos Transportes; Rejane Dias (TC/PI), esposa de Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social; Aline Peixoto (TC/BH), esposa de Rui Costa, ministro da Casa Civil; e Onélia Santana (TC/CE), esposa de Carlos Santana, ministro da Educação. Acrescento à lista Daniele Barbalho, esposa do governador Hélder Barbalho, assim como as outras, para o cargo vitalício de conselheira do TC/PA.

Dessa aliança sem ética e sem pudor entre políticos do clube do toma lá, dá cá, o destaque é para Onélia Santana (TC/CE). Ela dela, a esposa do ministro da Educação, Carlos Santana, o troféu “Globo de Ouro”, pois, com formação em Ciências da Saúde, o curso que fez não tem contabilidade, finanças públicas ou coisas afins.

São nomeações políticas que lembram roteiro de filme de comédia. Como se sabe, a função do TCE é auxiliar o Legislativo e fiscalizar Executivo, Judiciário e Legislativo. É regra que os conselheiros conheçam (i) direito administrativo, (ii) contabilidade ou (iii) finanças. Espertos, se valem da conjunção alternativa “ou” para burlar a lei. Com um cursinho de dias, justificam a conjunção “ou”.

Do Norte/Nordeste para o Sul, lembro um caso entre o Tribunal de Contas (TCE) do RS e o então prefeito Antônio Carlos Borges, de Santa Rosa, aqui relatado em 21/8/24. Borges, prestes a renunciar para concorrer a deputado, teve parecer desfavorável às contas de 1981, da Prefeitura. Para derrubar o parecer, precisaria 2/3 dos votos da Câmara, que o então chefe do Executivo não tinha.

O processo do TCE, com o parecer negativo, remetido à Câmara de Vereadores local, foi guardado a “sete chaves” pelo seu presidente, Moisés Paz. Um dia Borges me chamou em Gabinete. Lá, além do prefeito e do presidente da Câmara, estava Milton Rauber, Contador da Prefeitura. Foi quando soube do parecer.

Na reunião foi decidido que o Rauber faria as conciliações do ICMS creditado no Banco e respectivas aplicações pela Prefeitura. Em poucos dias tudo foi apurado. Até porque eram meras irregularidades formais. Foi, então, montada a seguinte estratégia: o Milton e eu compareceríamos à Câmara no dia da leitura do parecer negativo do TCE.

Na sessão da Câmara convocada especialmente para tanto, lá estávamos. Como era esperado, travaram-se intensos debates em seguida à leitura do parecer em comento. A oposição (Erani Muler, Julio Brum etc) se armou para “matar” o Borges. A seguir, Moisés nos deu a palavra. Primeiro ao Milton. A oposição nem nos ouviu. Coube a mim, em final, propor o golpe fatal: a devolução do processo ao TCE para reavaliação.

A oposição acusou o golpe. É que a Câmara, para rejeitar o parecer, precisava 2/3; para devolver o processo ao TCE, bastava maioria simples. Em votação, a Câmara decidiu devolver o processo à origem, o qual, uma vez reavaliado, reverteu o parecer.

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