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Porque os pássaros cantam na gaiola

Porque os pássaros cantam na gaiola

Quando se ouve o grito estridente de um azulão, preso na gaiola, você acha que é uma cantiga. Não é. É um grito de desespero pela liberdade, é um lamento, é um grito de dor, de saudades da família. Morrem de tristeza. Assim que um passarinho é preso numa gaiola a vida cessa e a morte começa. Não quero a amizade de caçadores, nada perco sem ela. Expresso nas minhas colunas a opinião pessoal, não busco brilho nem importância, procuro ser objetivo, sou franco e direto, dou a informação dos fatos com a minha opinião. Sendo realista, conto com vossa complacência para que essa leitura seja leve. Já falei em outras crônicas sobre a ineficiência do Estado na fiscalização da caça, pesca, tráfico de animais e aves. Os infratores sentem-se á vontade.

               Muitas pessoas agem com discursos vazios, hipócritas, em defesa do meio ambiente. Na prática nada fazem. Nenhum gesto. Pelo contrário. Ao lado do prédio onde moro, um casal de João de Barro começou a construir sua casa. Um vizinho tirava fotos, registrando a evolução da construção. Até que um dia a casinha foi destruída pelo dono do muro, que ostentava uma cara de terna beatitude, onde seria o ninho. A alegação foi a de que com a chuva poderia ficar a marca de barro usado na construção. Nunca mais perdoamos o autor da barbárie. Pilantra. Essa é a relação entre seres humanos e a fauna entre ambientes urbanos, com exceções, claro.

               Temos em Tuparendi um bosque tradicional, o Mato do Busque, contíguo à cidade. Nele, uma fauna rica sobrevive precariamente. Conheci pessoas que caçavam tatus e outras espécies, para vender a carne. Soube que pássaros eram aprendidos em armadilhas para serem vendidos em outros municípios. Casais de tucanos eram vistos com freqüência nas bordas do mato e até na Praça central. Não aparecem mais, quem sabe foram aprisionados.

               As aves e muitos animais estão buscando aglomerados de árvores, na cidade, na falta de matos naturais, se arriscam a viver nas poucas árvores, nas praças e ruas. Aumentou a população da fauna nas cidades. Até porque aqui têm comida à disposição, como pitanga, goiaba, palmeiras açaís, frutas de pomares domésticos, com as quais, estão concorrendo com os humanos. Das espécies mais comuns encontradas no meio urbano estão os pardais, pombas, sabiás, andorinhas, canários, João de barro e até quero-quero.

               Ontem fui até a propriedade do meu amigo Lambari, com um livro para ler. Sentei à beira de um açude. Difícil descrever a paz que me invadiu, o silêncio, só quebrado pela sinfonia dos pássaros. Quando me dei por conta já era tarde. O canto dos grilos ficou mais alto, uma coruja buraqueira se apresentou, ficou me olhando. Um Martin pescador deu, talvez,o último mergulho do dia em busca da janta. A cada dia tenho mais respeito pela natureza. Afinal, quem sou eu no mundo? O que me concede o direito de me julgar superior até mesmo a um pardal?

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