É preciso inovar. Repensar conceitos. Não se pode continuar gastando em coisas que não trazem o mínimo impacto para a economia ou aos indicadores sociais. Lembrei do fato quando assisti, em Brasília, duas semanas atrás, a uma caminhada promovida por Universidades e alunos que se manifestavam contra o contingenciamento de verbas do governo federal, inclusive para pesquisas e Bolsas de Estudos, via CAPES. Lembrei de uma reportagem que acabei de ler na Revista Exame, edição de 29/05/2019. Na matéria e em outras a que tive acesso fui informado de que o Brasil investe em pesquisa e desenvolvimento de forma crescente nos últimos dez anos mas apesar disso não estão ocorrendo os benefícios esperados em inovação. Essa realidade precisa mudar urgentemente. Outros países que investem em inovação colhem os frutos e enriquecem. Nós gastamos em pesquisa, nas Universidades, como os países ricos, mas estamos engatinhando quanto as consequências. Estamos estagnados a décadas. Não houve retorno.
A diferença é que em outros países todo o centavo investido é auditado, resultados são cobrados. Caso contrário a verba é suspensa. O resultado tem que acontecer e ser levado o mais rapidamente para a indústria, para o mercado. Ou seja, o governo financia, incentiva, a Universidade desenvolve a tecnologia e a indústria adota. O Brasil teve seus gastos com pesquisa , educação e desenvolvimento crescendo desde o ano 2000. Gastamos o dobro da média da América Latina. Investimos mais do que países emergentes como México, África do Sul, Rússia, Índia. Atingimos 5,5% do PIB em investimento para Educação, tal qual os países ricos. Mas os resultados são pouco eficazes. O número de patentes obtidas a cada 100 milhões de dólares investidos, no Brasil é de 1,1 e está estagnado desde o ano 2000. Nos países avançados chega a 103. As inovações tecnológicas que surgem aqui são via autarquias ou empresas privadas como Embraer, Natura, Petrobrás. Das Universidades, “tudo como antes no quartel de Abrantes”. Quase nada. Temos que reinventar a educação nesse país. Temos o terceiro pior índice de evasão escolar entre 100 nações com maior IDH. Em 70 países examinados pelo PISA estamos com o número 65. Sem falar no nível de formação de nossos universitários. Aliás, o programa Fantástico do domingo passado trouxe uma reportagem de três Universidades do Mato Grosso que promoviam fraudes no ENADE, para encobrir o péssimo grau de formação de seus alunos. Numa escala de zero a cinco os alunos nunca conseguiram atingir mais do que a nota dois. A média,foi nota um, nos últimos dez anos. Porque permanecer aberta uma instituição de ensino com esse perfil? Que tipo de médico, engenheiro civil, arquiteto, engenheiro agrônomo sairá dessa universidade? E a que custo? A solução é jogar mais dinheiro nas universidades?
Precisamos rever conceitos que não deram certo. Vamos citar um exemplo. Programa do MEC, Ciência Sem Fronteiras. Oferece Bolsas pra pós-graduação em Universidades no exterior. Minha sobrinha ficou na Espanha por um período de seis meses. Segundo avaliação dela, realizou mais turismo do que aperfeiçoamento profissional. Até hoje está desempregada. Quanto custou ao contribuinte sua tournée pela Europa? Mandar gente para fora por menos de um ano não tem impacto nenhum. O ideal seria escolher menos estudantes, e deixá-los mais tempo fazendo mestrado ou doutorado. Avaliar cada aluno após seu retorno. Os cérebros privilegiados devem ser aproveitados em centros de pesquisa, seja nas Universidades ou na iniciativa privada. Cada centavo do contribuinte tem que fazer jus ao seu objetivo!