Odaylson Eder: “Defendo a Tese do ambiente controlado de trabalho”

Odaylson Eder: “Defendo a Tese do ambiente controlado de trabalho”

Em tempos de Coronavírus, em que Decretos determinam o fechamento do comércio e só podem se manter abertos os considerados essenciais, as entidades representativas mostram-se preocupadas com os reflexos destas medidas. Nesta semana, a reportagem do Gazeta Regional conversou com Odaylson Eder, Presidente da Acisap de Santa Rosa.

JGR – Como a Acisap avalia o fechamento do comércio?
Odaylson – No nosso entendimento, este processo iniciou em Santa Rosa de uma forma equivocada, eu, enquanto presidente da Acisap, defendi que não seria o momento. Esta corrida contra o vírus ela é de 20 semanas e nos estávamos entrando na primeira quando fechou-se tudo. Não concordávamos com fechamento, mas fomos voto vencido. Acho que foi precipitado, não havia necessidade, embora o fechamento deu o resultado que se queria, que era não ter novos casos da doença em massa. Desta forma os efeitos foram positivos, então o ambiente está controlado do ponto de vista da infecção. No ponto de vista econômico é uma tragédia. Precipitamos o fechamento e isso nos remete à uma situação de não ter receita dentro das empresas. Como mais de 90% delas são micro e pequenas, elas não conseguem operar sem a receita do mês. Vamos ter uma grande dificuldade financeira a partir da 2º quinzena de abril em diante. O Governador precisa rever urgentemente esta posição, possibilitando que a abertura do comércio seja controlada. Acredito que temos todas as condições pra fazer isso, a partir da capacidade e do trabalho que vem sendo feito nos últimos 30 anos na área da saúde em Santa Rosa, nosso pessoal tem capacidade para isso, nos dá garantias de que sabem o que estão fazendo. Dá para operar nossos negócios de forma controlada, a exemplo do que já vem sendo feito em farmácias e supermercados.

JGR – Quais são os receios com este fechamento?
Odaylson – Ele se reporta especialmente a níveis de faturamento e garantias de pagamentos. Se mantivermos o fechamento, vamos ter um quadro econômico em colapso, que resulta em pessoas não recebendo, compromissos não sendo honrados e o pior de todos os cenários, são rescisões sendo feitas, sem o pagamento das mesmas, é o pior tipo de cenário, porque além de perder o emprego, não sai com os valores da rescisão. No nosso ponto de vista é terrível. Quero acreditar que semana que vem isso possa mudar, reiniciando o faturamento e podendo garantir seus compromissos e preservar os empregos das pessoas.

JGR – Acredita que vá haver muito desemprego num cenário futuro?
Odaylson – Acredito que a gente já está vivendo este processo. Nas primeiras duas semanas, acredito que já perdemos mais de 300 postos de trabalho. Setores do turismo, bares, restaurantes, eventos, festas, área de beleza, barbearias, salões, pessoal que trabalha com distribuição de bebidas, estes vem sofrendo muito com isso. Temos muitos eventos coletivos cancelados. O terceiro setor que é de serviços, tá sofrendo muito com este processo. Temos ainda um problema que é na área industrial, que é a falta de insumos. Várias empresas acabaram dando férias coletivas de até 15 dias, a cadeia produtiva industrial de Santa Rosa entrou em colapso e isso é um grande e grave problema. Se ao retornar não tiver insumos, acredito que comece um processo de demissão também no setor industrial. Acho que estamos em pleno funcionamento com a parte do agronegócio, com recebimento de grãos e a parte de alimentos de proteína animal, isso vem funcionando, mas fora estes, no comércio, nos serviços e na indústria, teremos problema de postos de trabalho futuramente.

JGR – Na sua visão, qual seria uma alternativa imediata para reverte esta crise que vai surgir? Que medidas a Acisap vê como viável neste momento para serem adotadas?
Odaylson – Acredito que as medidas de saúde foram todas tomadas. Agora, respeitando as decisões de saúde, precisamos começar a operar nos diversos setores para que esta roda comece a girar de novo e as pessoas tenham confiança para voltar a consumir. Saber que tem a garantia do emprego e que vai receber no final do mês, elas voltam a consumir. Temos que fazer uma força-tarefa, para que as pessoas tenham esta confiança. Acredito que o Prefeito Vicini vem tomando as decisões corretas e estou confiante nisso. Estamos apoiando as decisões dele, assim como apoiamos as decisões da Assembleia Legislativa. No dia 7, Ernani teve uma Audiência com o Governador, solicitando a abertura do comércio controlada a partir de segunda-feira que vem. A partir disso, vamos precisar de investimentos do Governo Estadual e Federal em recursos, eles precisam ativar as linhas que vem sendo divulgadas, precisamos ter estes recursos pra injetar nas nossas empresas, para que elas voltem a funcionar e ter confiança e que as pessoas voltem a consumir paulatinamente nos próximos meses. Acredito que esta crise dure ainda de 4 a 6 meses para começar a ter um reflexo positivo de todo este processo e acredito que só vamos conseguir se recuperar mesmo de fato, de tudo, isso num cenário de médio prazo de mais de um ano.

JGR – Sua considerações finais acerca do assunto:
Odaylson – Acho que temos que ter uma visão crítica do processo, saber entender esta crise, ter uma dimensão dela. Saber que o ciclo é de 20 semanas, ou seja, 5 meses, passamos apenas pelas 2 primeiras semanas. Temos que ter tranquilidade, cumprir o que está sendo tratado e trabalhado dentro das questões de saúde. As pessoas de risco não circularem, para que possamos ter um cenário de tranquilidade dentro do município e que a economia comece a girar. Quem pode trabalhar vai trabalhar e quem está nos grupos de risco, permanece em isolamento social. Esta é a questão fundamental do processo. Me parece que as ações na área de saúde são acertadas, temos indicativos que mostram isso, agora de forma controlada precisamos voltar ao trabalho imediatamente. Defendo a ideia de ambientes controlados. Exemplo são empresas que estão operando e não tem processo de transmissão do vírus. Isso dá garantia de trabalho. A população tem que fazer sua parte, evitar locais públicos e aglomeração e o grupo de risco ficar em casa. Entendemos que os governos vão ter que dar sua contribuição dentro do processo, enxugando a máquina pública, reduzindo gastos e a conta não pode cair só para o trabalhador e para o empreendedor. Vão ter que dar resposta diminuindo custos. Acredito nisso e vamos defender esta bandeira.

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