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O setor produtivo reclama

O setor produtivo reclama

E não apenas do excesso de feriados mas da carga tributária, do cipoal burocrático, do custo Brasil, da Legislação trabalhista. Somos um país que temos o maior número de feriados no ano, só perdemos na América do Sul, para a Colômbia. Não se pode mensurar o número exato de dias úteis ao ano que deixamos de trabalhar, por razões de calendário. Alguns caem em fins de semana. Mas se somarmos os de origem civil, nacionais, estaduais e municipais e mais os religiosos, chegamos facilmente a quase um mês sem trabalhar. E não estou falando em férias.  Mas os custos do empresário continuam, como uma roda dentada. Há poucos dias instituiu-se o mais recente Feriado nacional: O Dia da Consciência Negra. Existem mais sete pontos facultativos à nível nacional. Em cada município se comemora, com algum feriado local. Aqui no RS comemoramos o dia em que começou a Revolução Farroupilha. 

Recomendo respeitar todos sob risco de sermos imputados com a pecha de preconceituosos e discriminatórios. E o pior: poderemos ser sepultados na indigência da história. Mas nos deixem falar. Isto é liberdade de expressão, na prática. Ouço os empresários se queixarem. Nos lembram que além dos feriados regulares existe a estratégia de “enforcar”, fazer a “ponte” entre os dias úteis de feriados. Um exemplo, seria no caso da folga cair numa quinta feira. A sexta, normalmente, é comprometida. E assim com a terça feira. São os conhecidos “feriadões”. Você nem tinha refletido sobre isso? Ora, leia “O ensaio sobre a cegueira” de José Saramago. Não podemos ignorar que existe um corporativismo muito forte de sindicatos, associações de funcionários….

Recentemente discute-se no Congresso a idéia de substituir a jornada 6×1 de serviço pela jornada 4×3. Reconheço que a medida resulta em bem estar do trabalhador mas a contrapartida do empresário exige mudança, alteração grande do sistema, afinal, haveria uma redução de 33% da força de trabalho, com os mesmos salários mantidos. De algum lugar terá que sair essa diferença. Aumento do preço dos produtos, inflação, substituição da mão de obra por máquinas. Será que o governo, no tranco que anda, estaria disposto a reduzir a elevada carga de impostos, a retirar, pelo menos por um tempo, a contribuição para o sistema S, de 3,3% da folha de pagamento, reduzir o cipoal burocrático, o “custo Brasil”?

Não sou contra os feriados; sou contra o excesso de feriados. Concordo que o trabalhador competente, produtivo, qualificado, deve receber salário justo. E salário justo não é extra teto, de duzentos mil reais por mês. Justo, equânime. Falei também em qualificação. Hoje existe um descompasso entre a qualificação apregoada pela academia e a realidade. Existe uma desconexão entre como os alunos estão custando para a União e as habilidades que adquirem. Ou deixam de adquirir. E os empresários estão treinando seus funcionários para prepará-los a enfrentar a prática, na empresa. É urgente trazer maior eficiência aos enormes recursos públicos empregados no processo formativo educativo do Brasil. A pergunta que se faz é: porque os trabalhadores latinos são tão surpreendentemente improdutivos? Para equivaler ao trabalho realizado em uma hora por um norte americano em brasileiro precisa trabalhar meio dia. Nos falta especialização setorial. Saímos das faculdades com níveis insatisfatórios de aprendizado. 

O diploma universitário, por si só, é uma ilusão.   Por décadas acreditamos que o diploma universitário era o passaporte para o sucesso. Hoje o Brasil tem o maior percentual de graduados do mundo. Pois 65% dos jovens americanos com 25 anos não possuem diploma de nível superior. Aliás, Bill Gates, não tem diploma, Steve Jobs, Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo não tem diploma de nível superior. Eles têm inteligência, dedicação, trabalham. 

Clóvis Medeiros

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