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Escrevo neste espaço graças a benevolência dos editores do jornal. Não me deslumbro, sou, como escritor, um chaveirinho. Mas me serve esta oportunidade para promover alguns momentos de socialização entre meus amigos. Se houver alguma qualidade a reconhecer então que seja pelo meu esforço em demonstrar algum bom humor e alguma habilidade com a retórica evitando agredir meus leitores, inteligentes e cultos. Desculpem minhas falhas, por favor.

Durante uns quinze dias permaneci no meu campinho em São Chico. Nada de especial para vos contar. Apenas reminiscências. A vida no campo é diferente da vida da cidade. Uma calma letárgica permite reflexão, observação das coisas mais simples, o que, na agitação da cidade, não nos damos por conta. Ao amanhecer, costumava acordar com o cantar dos galos anunciando o nascimento do dia. Meu pai sempre dizia “Deus ajuda quem cedo madruga”! Então, fazia meu chimarrão e enquanto milhões de pessoas dormiam no meu Brasil, me sentava na varanda, em frente ao centenário Ipê Roxo. O show vinha das coxilhas, dos banhados, das macegas, das árvores. A sinfonia era promovida pela passarinhada livre. Cantos variados de prodigiosa criatividade. O primeiro acorde a ser ouvido era das Seriemas, um canto melancólico, como se fosse um lamento, porém lindo, diferente, raro, como elas próprias. Os quero-queros, sempre com seu alarme característico, bem próximos da casa. Os sabiás do papo roxo, logo surgem com seus cantos, beija flor visitando as flores, João de barros, pombas com ninhos na própria área da casa (invasão de propriedade). Como minha casa é margeada por dois açudes, normalmente se observa tartarugas fazendo a travessia entre um e outro desses reservatórios de água. Nos açudes moram garças, socós, João grandes, marrecas da patagônia.

Enquanto isso minha localidade inteira dormia. Perdia o show. Pelo fato de que não permito a caça, sob hipótese alguma, a impressão que temos é de que muitas espécies animais e de aves estão se sentindo à vontade na Mixaria. Estamos providenciando um alimentador, que, através de cabos e uma roldana levará frutas ao alto das árvores, com a intenção de atrair mais e mais espécies. Como alguns bugius já apareceram várias vezes, imaginamos que ao receberem alimentação, poderão se estabelecer definitivamente ao redor da morada, onde temos um matinho nativo à disposição.

O que nos deixa tristes e revoltados é a presença na redondeza, de caçadores. Matam sem seletividade. O prazer é matar. Encontramos lontras, tatus, lebres, feridos ou mortos. Que estranha felicidade estas criaturas sentem em matar os bichos? Deveria haver um bicho que matasse caçadores!

À noite temos outro espetáculo. Apagamos as luzes da casa, estendemos colchonetes e nos deitamos para observar o céu. O céu azul, profundo com seus astros em sua infinita viagem. Em nossa eterna sede de saber fizemos conjecturas variadas sobre a Lua, as estrelas, os satélites, movimentos dos corpos celestes.

Mixaria também é campo para astrólogos!

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