Allison Kirkpatrick, astrofísica da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, liderou a uma equipe de pesquisadores que fez a descoberta, apresentada nesta semana na reunião anual da Sociedade Astronômica dos Estados Unidos.
Kirkpatrick chamou as novas galáxias de “quasares frios”. Um quasar é basicamente um buraco negro supermassivo cercado por grandes quantidades de gás e poeira.
O termo quasar significa “fonte de rádio quase estelar”. Os quasares podem ser resultado da fusão de duas galáxias e da colisão de seus buracos negros.
Os cientistas acreditam que nossa galáxia, a Via Láctea, está em processo de colidir com sua galáxia vizinha, Andrômeda. Mas você não precisa se preocupar com isso – a colisão deve ocorrer daqui a cerca de 3 bilhões de anos.
Quando isso ocorrer, as duas galáxias deixarão de existir como tal, levando, em vez disso, à criação de um quasar.
A descoberta é um tipo incrivelmente estranho de galáxia, que não havia sido detectado até agora e que muda o que foi entendido sobre a vida das galáxias.
Mudança na compreensão
O gás pode ficar no centro de uma galáxia em forma de um disco plano ou superior chamado “disco de acreção”, que pode fornecer uma enorme quantidade de energia eletromagnética. Por isso, os quasares têm muito mais luz que uma galáxia normal.
Antes, pensava-se que a formação de um quasar ocorria no estágio “passivo” – ou morto – de uma galáxia, ou seja, quando ela perde a capacidade de produzir novas estrelas.
Porém, Kirkpatrick descobriu galáxias com uma grande quantidade de gás frio, mas que ainda podem formar novas estrelas – mesmo com um quasar em seu centro.
A cientista acredita que os “quasares frios” representam um breve período nas fases finais da vida de uma galáxia.
Segundo a cientista, se compararmos a vida de uma galáxia a uma vida humana, a fase do “quasar frio” pode ser “algo semelhante à festa de despedida de uma galáxia”.
“Essas galáxias são raras porque se encontram em uma fase de transição”, explica Kirkpatrick. “Essa é uma fase de transição de cerca de 10 milhões de anos e, em escalas de tempo universais, é muito curta.”
A cientista e seus colegas identificaram quasares frios pela primeira vez em uma área delineada pelo Sloan Digital Sky Survey, o mais detalhado mapa digital do Universo disponível.
“Então, passamos por essa área com o telescópio XMM-Newton e a examinamos em raios-x, e finalmente examinamos os quasares com o telescópio espacial Herschel, que captura as emissões infravermelhas.”
Kirckpatrick explicou que os raios-x “são a principal ‘assinatura’ dos buracos negros em crescimento”.
“Todo o gás acumulado no buraco negro está aquecendo e emitindo raios-x”, disse a cientista.
“O comprimento de onda da luz que você emite diretamente corresponde ao calor que você tem, por exemplo, você e eu emitimos luz infravermelha, mas algo que emite raios-x é uma das coisas mais quentes do Universo.”
O próximo passo na pesquisa de Kirkpatrick é tentar determinar se a fase de “quasar frio” ocorre em uma classe específica de galáxias ou em todas elas.