Giordano Bruno foi um monge italiano da Ordem dos Dominicianos que dedicou-se ao estudo da teologia de São Tomás de Aquino (1.575). O teólogo e filósofo defendia o conceito de que “só os espíritos mais fracos é que pensam com a multidão.” Segundo ele “a verdade não é modificada pela opinião do vulgo nem pela confirmação da maioria.” Hoje sua filosofia não seria aceita pela nossa cultura, alinhada a teoria do que seja ‘estado democrático de direito’, e muito menos em 1.575 pela cúpula da Igreja Católica, vale dizer, pela Santa Sé. Por isso o monge foi levado à fogueira pelo Tribunal da Santa Inquisição em 17 de fevereiro de 1.600, por não querer negar suas próprias convicções.
Certo ou errado, eis um belo exemplo de firmeza de propósitos. Mas, Giordano Bruno, na minha singela opinião, morreu sem estar convencido de suas próprias teorias porque , ao ser queimado, pensava que um parlamento viciado, improdutivo e corrupto poderia, mesmo assim, ser auto reformado. Ledo engano! O monge estava errado. Explico. O prof. Marco Antônio Villa, festejado comentarista político, abordou em um de seus debates políticos com rara felicidade, a situação política atual de nosso país. Foi uma das poucas postagens úteis publicadas nas redes sociais (já que, dependendo dos aplicativos mais ou manos confiáveis, tudo é ruim, falso e deturpado). A matéria é contada pela coluna, com a maior fidelidade possível, razão pela qual, mantenho a repetição das palavras e expressões do professor, para que os que me lêem possam interpretá-las com a originalidade do texto. Indo ao ponto, dizia o comentarista: […]
‘No Brasil, imunidade parlamentar virou impunidade penal. O Brasil é mesmo um país diferente, suis generis, não há saída, repito, não há saída, a questão é estrutural; a democracia que é o império das leis em outros países, aqui virou sinônimo de corrupção. As instituições foram destruídas e o sistema não se auto-reforma, essa que é a grande questão estrutural. Quando o nosso noticiário político, fundamentalmente, um noticiário policial, não é acidente, é que a elite corrupta, do judiciário, do legislativo e do executivo, onde poucos se salvam, muito poucos e essa elite não quer mudança, e quando falo dos três poderes, não é só essa, é parte da elite econômica (vocês acompanharam no que virou o imaculado empresário Jorge Gerdau Johannpeter?), parte dos grandes escritórios de advocacia, parte dos escritórios especializados em cuidar da imagem dos políticos corruptos? Quer dizer, você tem 1,5 milhões de pessoas que estão envolvidas em uma grande maracutaia. O Montesquieu no Brasil é Macunaima de Mário de Andrade, aqui é diferente, esses cerca de 1.5 milhões de pessoas dominam mais de 200 milhões de brasileiros. Quem está no sistema não se auto-reforma, é a velha questão de Giordano Bruno, ele pensava que o sistema se auto-reformava. Se enganou rotundamente.
No Brasil é diferente, o Brasil é o país da conciliação, de jogar a sujeira para baixo do tapete. E podemos, sem exagero estar vivendo os últimos momentos desse sistema, e não tem saída, eu insisto nisso, há uma crise estrutural. Na democracia brasileira tudo é possível, tudo é permitido aos poderosos, aqui preso aparece em pesquisa eleitoral, registra candidatura mesmo sabendo que é inelegível.
Tudo vale e o monge estava errado.
Até sábado.