O dia em que Vicini chorou

O dia em que Vicini chorou

Os homens bons choram. Lágrimas nada mais são do que fruto das emoções de quem tem sentimentos. Os brutos não se emocionam. O pranto sincero do Vicini significa que os cidadãos de bem ainda existem. E naquela noite de cinco de Abril, durante a solenidade de abertura da Décima Terceira Conferência Municipal de Saúde, em Santa Rosa, centenas de cidadãos se juntaram a emoção do prefeito, ao choro, e o aplaudiram, emocionados, solidários. Porque o prefeito, naquele momento dividia o sentimento com o povo presente. Ele pedia responsabilidade coletiva na gestão do município, principalmente quanto a saúde pública. Lembrou que foi prefeito por diversas vezes, completará dezoito anos como gestor municipal, mas nunca havia vivenciado uma crise financeira tão grave. Lembrou que a Prefeitura tem visto os repasses de Programas Federais, diminuírem ou serem congelados, sem, sequer, acompanharem o aumento da inflação. Não cobrem os custos. O atendimento á população vem sendo comprometido. Falou que a Prefeitura repassou mais de quatro milhões de reais, além dos 15% destinados a área da saúde. O prefeito se preocupava em continuar mantendo o padrão clássico de atendimento aos anseios da população, uma característica do município de Santa Rosa. Daí sua angústia.

Se juntem a nós, dizia o Prefeito. Vamos lutar para manter o que temos. Preservar os avanços. E para isso precisamos do esforço de todos. Membros do Conselho Municipal de Saúde, colaboradores, funcionários, Fumssar, Hospitais, vamos economizar. Vamos deixar de lado os assessórios para que não falte o essencial. Lembrou que o SUS é o maior programa de saúde do mundo, mas é preciso financiamento do sistema. Pela legislação, Emenda Constitucional 29, o município teria que investir 15% de suas receitas mas como o Estado e a União não enviam os recursos necessários, quando não atrasam, compete ao município investir até 25% de suas receitas em saúde. Porque ao município compete manter as equipes de Saúde da Família, reformar os Postos de Saúde, transportar pacientes para outros centros de referência, ajudar hospitais, etc.

Regularmente surge a discussão se no Brasil, falta recurso ou falta gerenciamento. Os dois. Os recursos públicos para gerenciar o sistema são precários, mas gastamos demais em todo o país. Aqui, por dever de ofício, excluo Santa Rosa da discussão, no quesito gestão. O município tem uma modelo de administração em saúde pública, que serve de referência para todo o país. Aqui nasceu o Programa Saúde da Família. Santa Rosa teve e tem expoentes em administração de saúde pública, como Valdemar Fonseca, Luis Antonio Benvegnu, Anderson Mantei, Osmar Terra, João Gabardo dos Reis, Alberto Beltrame, Neuza Kempfer e tantos outros. Em Santa Rosa sobra competência gerencial, faltam recursos.

De qualquer forma os custos com saúde estão insustentáveis. Gasta-se muito com doença. E quando gastamos demais com doença, falta dinheiro para gastar com saúde. A cada dez reais investidos em prevenção, cem reais deixam de ser gastos em doenças, hospitais, transporte de pacientes, medicamentos, exames, etc.

Resultado da Constituição de 1988, o SUS promete acesso integral a todos, sem ter que pagar nada. Cobertura plena e gratuita. Que bom! Mas “a vaca não está diminuindo a produção de leite?” Até onde os municípios poderão sustentar a demanda em detrimento de outras necessidades? Ouçam as preocupações do Prefeito Alcides Vicini.___“Vos falo com o coração na mão, meus amigos. Juntem-se a nós, vamos economizar”.

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