O homem parece gostar de guerras. Milhões de pessoas foram mortas em conflitos com as mais variadas justificativas. A II Guerra Mundial foi uma das mais violentas com números que variam desde os cinquenta milhões de mortos até os setenta milhões entre civis e militares. Depois tivemos a Guerra do Vietnã, Cambodja, mais recentemente, em 2001 a invasão afegã pelos Estados Unidos, no Líbano, em 2006, a Guerra do Iraque em 2010, os conflitos entre Israel e árabes em Gaza. Em 2014, a Rússia invade o território da Ucrânia com forte efetivo militar e procede a anexação de uma área chamada Criméia. Recentemente, em 24 de Fevereiro, invade novamente a Ucrânia, numa imoral e indecente agressão a autonomia de um território estrangeiro. O autocrata Putin, se apega a obsessão de recompor o território da antiga URSS, esfacelada em 1991. Um estado socialista, ditadura comunista que se estendia desde os mares Báltico e Negro até o Oceano Pacifico e que existiu desde 1917. Todos os povos e nações que se afastaram da União Soviética são considerados traidores, rebeldes, por Putin, que pretende restaurar a grandeza do passado. Inimigo dos seus opositores, os trata com rigor extremo, da prisão a promoção do desaparecimento sumário. O inimigo da Democracia se mantém no poder sendo um perseguidor implacável daqueles que ousam se manifestar como seus adversários políticos. Ele pertenceu durante muito tempo a KGB, Serviço Secreto da União Soviética, análoga da Gestapo, Polícia Secreta do Estado Nazista alemão. Ali ele aprendeu e desenvolveu métodos de tortura em interrogatórios, espionagem, outros.
Com mísseis, tanques, fuzis, duzentos mil soldados, bombas hipersônicas, ele está procedendo a uma matança sem precedentes na história moderna. A Ucrânia tem (tinha) uma população de 45 milhões de pessoas, dez milhões já fugiram do país com medo da morte. A barbárie é explícita. As forças russas estão bombardeando escolas, hospitais, asilos, creches, igrejas, centrais de abastecimento de água. Não fazem distinção entre civis e alvos militares. Todos são alvos preferenciais. A ideia é destruir a moral dos ucranianos, porém surtiu efeito contrário. A barbárie despertou o nacionalismo ucraniano. E o povo resolveu lutar para defender seu país. Lutam a cada quarteirão, a cada esquina, a cada palmo de terra. Falta comida, falta água mas não falta ânimo para lutar. O plano do autocrata russo era encerrar a missão em cinco dias com a Ucrânia rendida, submissa. Hoje, quando escrevo, fazem quatro semanas desde o início da invasão e o avanço russo é ainda lento, embora feroz. Ouvi de um expert no assunto que seriam necessários um milhão de soldados para controlar o país invadido e os invasores têm apenas duzentos mil homens.
Independente do resultado dessa luta a Rússia se isolou definitivamente do Ocidente, do resto do mundo. Putin o ditador vermelho, é hoje o pária número um do universo. As sanções impostas por quase todos os países do mundo, contra a Rússia, romperam com os vínculos comerciais. O país vai terminar essa aventura empobrecido, rejeitado. O próprio povo russo não é unanimidade a favor da guerra. No entanto, regime de força não permite manifestações contra governo. Fala-se em 15.000 pessoas presas por haverem se manifestado contra a guerra. Seu Presidente é considerado hoje um criminoso de guerra.
Mais um tiro no pé do russo. A União Européia vai se fortalecer, se remilitarizar. A partir de agora será prioridade sua defesa, aquisição de mais armas, aumento de sua coesão, reconfiguração das alianças para garantir sua defesa. Não se sabe o resultado da guerra. Pode evoluir para um conflito mundial ou pode continuar a matança por muito tempo. Mas os países da Europa vão se preparar para agressões no futuro. Estão cientes de que não podem depender de terceiros em setores como energia, fertilizantes, produtos primários como grãos, açúcar e outros.
Dizem também que as tropas russas avançam devagar devido a uma estratégia de Putin. Destruir o país invadido para depois sentar à mesa de negociação forçando os ucranianos a aceitarem suas condições. Proibir o acesso dos ucranianos ao mar, desmilitarização total, não ingressar na OTAN. Ou seja, ficar dependente da Rússia. Se os russos ganharem a guerra será um desastre. Será uma vitória da autocracia, do autoritarismo, do desrespeito às regras democráticas. Qualquer país poderia invadir outro ao seu bel prazer.