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Más sabe el Diablo por viejo que por Diablo

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Para os que pouco entendem de espanhol, assim como eu; o Diabo é sábio porque é velho, não porque é Diabo. Pois eu que já vivenciei tantos Natais, tenho a opinião formada, mesmo que respeitando outras e que devem ser a maioria absoluta. Já escrevi uma crônica sobre o assunto. Não faz mal, volto ao tema. Nem que esteja sendo repetitivo. Afinal, fiquei sabendo, dias atrás, que o papagaio do Churchil está com 104 anos e continua xingando o Hitler e chamando os nazistas de FDP.

Vou escrever sobre as festas de Natal. Vou analisar friamente o lado menos charmoso destas. Um exemplo: estávamos na minha terra, São Francisco de Assis, família reunida, conversando, som em volume relativamente baixo, cachorrinho deitado no tapete da sala, bebê da minha sobrinha passando de mão em mão, feliz. Magia fraternal e paz absoluta, diria minha tia Jurema. Legal, não é? Só que não! A harmonia toda da celebração do nascimento do gurizinho chamado Jesus foi quebrada por foguetes que estouravam como se fosse na nossa janela, estremeciam os objetos da sala, o bebê urrava desesperado de pânico, o cachorrinho voava, literalmente de um lado a outro da sala procurando abrigo, surtado de pavor. A impressão era a de que estávamos na Síria, em pleno ataque. Como esperávamos a visita do Papai Noel, o Artur, meu sobrinho de oito anos falou: eu acho que mataram o Papai Noel.

Muitos detratores meus vão dizer que talvez eu esteja necessitando de uma análise psicológica. Ora, falar mal das festas de Natal! Só estou falando do lado negativo. Raciocinem! Nesta época existe um fingimento coletivo. Pessoas desejam coisas boas aos outros, dão presentes, prometem perdão. Coisas das quais nem se lembram nos demais dias do ano. Ou seja, sejamos bonzinhos neste espaço de tempo, depois voltamos ao normal.

Agora vamos analisar o simbolismo. A cafonice impera nessa época. Aquelas neves falsas, de isopor, o pinheirinho de plástico, cheio de bolinhas coloridas (acho quer a intenção é imitar as pinhas, será?) as renas de cipó, botas, gorro, Papai Noel, todo esgualepado, pendurado em árvores, como se estivesse sendo torturado, esquartejado. Lembro de uma ocasião em que uma entidade promoveu um evento para a criançada, no Clube União. Convidou uma pessoa para representar o bom velhinho. O cara era totalmente despreparado, para surpresa até dos promotores do evento. Surgiu com uma máscara monstruosa, vara na mão, ameaçando a gurizada, inquirindo sobre o comportamento durante o ano que passou. Meu filho, Fernando, tremia de pavor e só não saltou pela janela porque essa era alta. Nunca mais quis sequer ouvir falar do Papai Noel. Momentos infelizes.

E a ceia de Natal? Convidam-se muitas vezes outras pessoas, além de familiares. Muitas vezes sem muita identificação, quase estranhos. Acrescente-se a isso álcool, muito álcool. Supra sumo do mau gosto. Como é época de calor, às vezes 40 graus à sombra, bermudas caídas, bundas de fora, chinelo de dedo, suor, descompostura total. Alguém pode ser feliz com isso? Insanidade coletiva. Fico curtindo nas minhas ralas reflexões, olhando, mentalizando para depois escrever. Observo ali que muitos não souberam onde deixar suas desavenças e rancores. Caras feias explícitas. Algum falando mais alto que todos, contando anedotas sem nenhuma graça, querendo ser popular. Insuportável. Não me deixo vencer pelo cinismo. O populismo privilegia os estúpidos!

Mas é também a prática dos ritos sagrados, da renovação dos votos, dos desejos, das metas, das esperanças, dos sonhos. De ganhar presentes! Eu, que já ganhei a amizade dos meninos Artur e do Heitor, acabo de ganhar, neste Natal um enorme presente: a amizade da Susane. Obrigado Papai Noel! Às vezes chego a creditar que tu existe!

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