Uma breve passadinha no AURÉLIO e vamos descobrir que silvícola é sinônimo de índio, que é sinônimo de aborígene, que significa habitante primitivo. Se isso for uma verdade, o índio nunca será livre, precisa ser tutelado como manda a constituição e seus próprios estatutos, o ‘estatuto do índio’ (Lei n. 6.001/73, art. 3º, I). Mas esse conceito, esse fato antropológico, não é verdadeiro, não existe mais é puro preconceito de branco. O indígena, hodiernamente é cidadão que produz riquezas, que compra, que exporta e que dispensa demarcação de área, basta garantir-lhe o espaço e facilitar como aos demais brasileiros, o crédito, a assistência ambiental e acesso à tecnologia.
O que afirmo nesta coluna, está estampado nas páginas dos jornais de maior circulação no país e, vale dizer, em toda a mídia saudável, descomprometida que entra em nossos lares todos os dias. Eis a constatação do que afirmo. Os agricultores indígenas plantam quase 18 mil hectares de grãos em Mato Grosso. Foi a primeira colheita da safra fruto do acordo entre a FUNAI, IBAMA e MPF que permitiu o plantio em terras indígenas. Vejam o paradoxo: para plantar, ou seja, produzir grãos, os índios precisam da ‘permissão’ do Ministério da Agricultura. Enquanto isso, assistimos pela televisão, índios suruís (de Rondônia e Mato Grosso) plantando e colhendo com o manejo de avançadas tecnologias, operando máquinas de última geração, computadorizadas, com rara eficiência. E o avanço não fica só por aí. Índios suruís (paiter) de Rondônia, apesar de ameaçadas de extinção, desenvolveram uma nova variedade de café com excelente aceitação no mundo inteiro.
Os grãos serão exportados com a marca ’suruí’ um produto sem similar e que fará a diferença entre os produtos do gênero no mundo, uma conquista dos índios. Esses ‘cidadãos’ não precisam da ‘tutela’ do Estado, precisam de apoio, assistência e respeito. Só isso. Dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o povo Paresi reúne mais de dois mil integrantes em Mato Grosso. O estado tem 43 etnias indígenas e três delas têm se destacado na produção agrícola de larga escala. Outras etnias, como Umutina e Bakairi, tem demonstrado interesse em ampliar a produção de outras culturas, inclusive na pecuária. Então, sejamos sensatos, índio não quer mais apito, índio quer grãos, flora e pecuária, querem e podem ingressar firmes no agronegócio como os índios de Rondônia e Mato Grosso.
Até sábado.