É indiscutível que, na sociedade brasileira, a obesidade é uma problemática muito significativa e suscita de um amplo questionamento e reflexão. O crescente número de pessoas que estão acima do peso preocupa. Foi realizadas pesquisas que nas quais constam que nos últimos dez anos teve um aumento disparado de indivíduos obesos. E dentro desse número, houve um acréscimo muito notório de crianças obesas.
A obesidade infantil tem vários fatores que se ligam diretamente na causa desse mal, porém, o erro alimentar grave, seguido da falta de exercícios físicos, são os principais fatores contribuintes para essa problemática. Segundo a nutricionista da FUMSSAR CRN2 2527, Cybelle Lunardi Brum, a obesidade infantil em Santa Rosa tem tomado proporções alarmantes entre as crianças e adolescentes. “Nas avaliações nutricionais realizadas pelas unidades de saúde em livre demanda que são registradas no SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) do Ministério da Saúde, encontramos um percentual de 8,01% de peso elevado para idade na faixa etária de 0 a 5 anos; na faixa etária de 5 a 10 anos encontramos um percentual de 14,12% de peso elevado para idade. Já na adolescência adotamos o IMC como valor de avaliação e chegamos a um valor muito alarmante de 41,73 de sobrepeso e obesidade”, destaca.
O sobrepeso ou obesidade de uma pessoa é mais comumente determinado através do cálculo do IMC que é o índice de massa corporal. Este considera o peso em relação à altura da pessoa avaliada na seguinte equação: IMC= P/A². Após isso, aplica-se este resultado em uma tabela específica a cada faixa etária. Passa assim, classificando o estado nutricional da pessoa em baixo peso, normal, sobrepeso, obeso I, obeso II, obeso III.
Outros fatores que estão relacionados com o alto índice de obesidade infantil são: ter nascido em um ambiente em que o desenvolvimento tecnológico se fundiu na sociedade e pelos simples fato de se espelharem em seus pais. O hábito de vida e alimentar tem influência direta na possibilidade de obesidade do filho. Quando se aprende desde o início a comer errado, a tendência de multiplicar e enraizar o erro só aumenta, então, os progenitores tem um papel fundamental na alimentação de seus filhos, tanto dando exemplos, quanto incentivando e regrando uma dieta saudável.
As complicações da obesidade na criança e no adolescente são as mesmas ou mais graves que no adulto, dado o tempo a que esta criança ficará exposta ao peso excessivo. Aumentarão os riscos de diabetes, hipertensão, dislipidemias, doenças psicossociais e do aparelho locomotor. “A obesidade não se apresenta apenas como uma questão de estética e sim como um risco aumentado para doenças crônicas como, por exemplo, diabetes, hipertensão, dislipidemias. Também aumenta gravemente os riscos de doenças de coluna e artroses. E não menos graves as doenças psicológicas que decorrem pela redução da autoestima e pelo bullying e discriminação que este obeso vai sofrer no meio escolar, social e familiar. Não podemos esquecer que quanto maior for o grau de obesidade e precocidade desta, maior são os riscos de morte em decorrência das doenças associadas a esta obesidade. A capacidade produtiva do indivíduo também fica seriamente afetada em função da obesidade e suas complicações”, explica Cybelle.
“A alimentação saudável ideal para crianças e adolescentes não se aplica somente a eles, mas sim a todos nós. Em primeiro lugar precisamos aprender a descascar mais e desenrolar menos! Precisamos com urgência aumentar o consumo de legumes, verduras e frutas. Incluir em nossa refeição os cereais integrais e limitar o consumo dos refinados. Reduzir drasticamente o consumo do açúcar e dos alimentos e bebidas que contém este ingrediente. Reduzir também o consumo de alimentos ricos em sódio, gorduras, frituras e gordura vegetal hidrogenada”, aponta a nutricionista. A alimentação é fundamental para o desenvolvimento e crescimento das crianças. Levar uma vida mais saudável, procurando comer alimentos que não sejam enlatados e industrializados, desde o princípio, colaboraria sem dúvidas, para o decréscimo de doenças relacionadas ao sobrepeso.
Segundo a nutricionista Cybelle Brum, não existe apenas uma forma de reduzir as taxas de obesidade, são necessárias várias ações em conjunto dos poderes públicos, da sociedade, família e do próprio indivíduo, no caso, da criança ou adolescente. “São necessárias campanhas efetivas de esclarecimento quanto à obesidade, suas consequências; ainda na esfera pública fazer valer as leis que buscam melhorar a qualidade dos alimentos e proporcionar um melhor acesso à população do que realmente existem nestes alimentos. Trabalhar mais efetivamente na reeducação alimentar da população em massa e dar mais acesso ao atendimento clínico para tratamento das crianças e adolescentes que já se encontram em sobrepeso e obesos. A sociedade e família também não pode esquecer que deve fazer a sua parte nisto estimulando o consumo coletivo de alimentos saudáveis e a família de proporcionar a criança e adolescente o acesso ao produto adequado. Vale lembrar que não é a criança a responsável pelo preparo ou aquisição de alimento do núcleo familiar. Não podemos esquecer-nos de estimular o exercício físico que vem sendo diminuído a cada ano, contribuindo sobremaneira com o aumento da obesidade”.
Em Santa Rosa, as crianças podem ser acompanhadas nas unidades básicas de saúde de todo o município. A FUMSSAR conta com nutricionistas, psicólogas, educadores físicos e demais profissionais que se fazem necessários conforme cada caso.
Basta aos demais, incentivar as crianças a terem uma alimentação saudável, estagnar o sedentarismo, instigar a prática de qualquer esporte ou atividade física, delimitar tempos gastos com aparelhos tecnológicos e cuidar da saúde psicológica dos filhos. Assim, existirá um ambiente propício em que as crianças estarão mais saudáveis e felizes!