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Ignorância disseminada

Ignorância disseminada

Admiro muito a história de vida do pastor Martin Luther King, norte americano, pacifista, assassinado em 1968, nos Estados Unidos. Ele incentivava muito os jovens ao estudo, à leitura, á busca de conhecimentos como forma de enfrentar as dificuldades da vida. A cultura é essencial, dizia ele. A falta dela é a escuridão, a noite da mente. Nada é mais perigoso que a ignorância. Um dos maiores gênios brasileiros, Rui Barbosa, jurista, advogado, político, diplomata, escritor, jornalista, disse certa vez, se referindo ao eterno atraso do Brasil, do marasmo do “país do futuro”, da humildade do seu povo: ___A chave misteriosa das nossas desgraças, é somente uma: a ignorância, ela é a mãe da subserviência, da submissão e da miséria. Nosso povo é governado por uma classe política burra, estúpida, resguardadas as exceções. Temos um povo despreparado intelectualmente que elege políticos despreparados intelectualmente. Fazem 150 anos que ele falou isso. Mudou alguma coisa?

               Saímos de um pleito agora. Soube que no município de Jardim das Piranhas, cujo nome não é em homenagem as senhoras de vida fácil que lá operam, a primeira metade dos vereadores eleitos domingo, e que ocuparão vagas na Câmara de Vereadores, compraram suas vagas e obtiveram as maiores votações. Artigo 299 do Código Eleitoral. Oferta de nomeação de cargo público, pagamento de bujão de gás, contas de luz, água, dinheiro vivo, ranchos, etc. Pena de reclusão por até quatro anos. Chocante. Mas nada vai acontecer a eles. Tomarão posse com pompa e muitos discursos. Ainda bem que isso só ocorre em Jardim das Piranhas, no Rio Grande do Norte. Que pena que num Brasil deste tamanho, numa democracia gigantesca, o povo continua a eleger figuras grotescas, de baixeza moral, cívica e intelectual desse naipe. Mas esses descalabros continuarão existindo. Não sei se será possível salvar a verdadeira democracia. Afinal, somos mais conhecidos pelo que dá errado do que pelo que dá certo. Quando assisto, em vésperas de eleições alguma postagem na imprensa orientando para que os eleitores não vendam seu voto, chego a rir. O efeito é o mesmo de fazer uma palestra sobre liberdade de expressão na Coréia do Norte.

               A história se repete. Figuras repulsivas com dinheiro, se elegem, enquanto candidatos probos, honestos, capazes mas sem estrutura financeira , sucumbem. São os derrotados que hoje estão lambendo as feridas enquanto os outros comemoram. Resultado da escolha do povo. Assim é a democracia. Ás vezes injusta. Será que o eleitor que assim procede o faz por ignorância? Ou por imediatismo, má fé? Oportunismo? É boa regra não julgar os outros.

               Quando eu ainda dançava havia um grupo de rock, Ultraje a Rigor, cujo líder da banda, Rogério Moreira, escreveu uma letra, Inútil, que dizia, mais ou menos assim:

               A gente não sabemos escolher Presidente

               A gente não sabemos tomar conta da gente

               A gente não sabemos nem escovar os dentes

               Tem gringo pensando que nóis é indigente

               Lembro da brincadeira sempre que observo a falta de entusiasmo dos jovens para com o estudo! Estou preocupado com nosso futuro. Compra e venda de votos é o resultado de  agregação de mau-caratismo com ignorância.

               Clóvis Medeiros

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