Guerra e Paz

Guerra e Paz

Esse é o título de um romance de Leon Tolstói, escrito em 1865, um dos maiores romances jamais escritos. Fala do tumultuado período das guerras napoleônicas, mas fala também da paz, da grandeza do povo russo em busca da paz. Lembrei desse clássico para introduzir o assunto sobre a violência nossa de cada dia. O massacre naquela escola em Suzano, foi brutal. Terror e brutalidade. Ontem foi Suzano, amanhã pode ser em qualquer outro lugar. O Brasil sempre foi um país violento por excelência. Nossa violência é secular. É intrínseca ao ser humano, é biológica. Reflitam. O que foi a escravidão? Os crimes praticados pelos caçadores de escravos, quando perseguiam negros fugitivos, com cachorros e os dizimavam, torturavam, matavam. E a sociedade era condescendente, nada fazia para evitar. Políticos, igrejas, fazendeiros. Todos tinham seus interesses em que a situação se postergasse. Somos um país onde temos uma polícia violenta, grupos de extermínio, altos índices de feminicídio. Por aqui os pais matam um menino chamado Bernardo, mesmo que ele houvesse pedido socorro para uma sociedade que hoje se diz revoltada. Mas, na época, negligenciou. Esse menino sim, saberia dizer o que foi sofrer bullying, dentro do próprio lar. Sentiu o que é chorar, sentir dor, abandono, solidão, medo.

Somos um país acima da média no que concerne a crimes violentos. No ano passado tivemos 19.000 homicídios. Sem contar os crimes cotidianos que ficam nas sombras. Os homens gostam de dominar, mandar, matar. Entre as trinta cidades mais violentas do mundo, onze estão no Brasil. Antes servíamos de corredor para passagem de drogas para os Estados Unidos e Europa. Agora nos tornamos um dos maiores consumidores de drogas. Além disso nossa fronteira com Paraguai, Bolívia, serve para o comércio de carros roubados, armas, drogas. Em nosso Estado tornaram-se rotina assaltos à Bancos, roubo de gado, de cargas. A nossa Justiça é lenta, nosso sistema penitenciário é precário, arcaico.

Professores, pais e alunos começam a se indagar se episódios violentos como o de Suzano, Janaúba, Goiânia, Realengo, Nova Zelândia, poderiam se repetir por aqui. Impossível prever. O que podemos fazer é disseminar a cultura da paz. Armar professores, machucados moral e fisicamente, sob choque e comoção, para fazer uma sociedade mais bélica? Professor deve portar livros, não armas, disse aquela mestre. Lutar para que a escola seja uma cápsula de proteção. Interagir com a família. Criar um mundo sob controle, sem brigas de casais, vizinhos, ciúmes, sem ódios, inveja, sem violência. Entender que ninguém é onipotente. Que o beligerante, o intempestivo se conscientize de que o momento requer paz. Os pais devem entender que o lar é a primeira escola das crianças, devem ouvir as crianças. É ali que se aprende a respeitar, a conviver, ouvir, falar, ali se aprende valores éticos e morais. Normalmente os assassinos são monstrinhos sem fé, sem família, sem rumo na vida. Desajustados. Com poderoso instinto de morte. Dispostos a matar ou morrer. Apresentam evidentes desequilíbrios psiquiátricos, sensação de empoderamento, psicopatia. Dominados pelo inconsciente.

Vivemos a degradação dos valores fundamentais de uma sociedade. Então os eventos trágicos acontecem, seguidos de uma profusão de discursos, sentimentos e pretensas soluções, argumentos rasos. Passado o evento, insistimos em permanecer no erro. Somos arrogantes, temos postura de infalíveis, soberba, falta de humildade, disciplina e respeito. Temos uma má gestão familiar, governamental, temos corrupção. Falta de autoridade e de educação de qualidade são as grandes geradoras de violência. As crianças são criadas hoje como se pudessem fazer tudo. Não se impõe limites. Há dois mil anos Pitágoras dizia__”Eduquem as crianças e não será preciso castigar os homens”. Estamos mais para a guerra do que para a paz!

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