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Escrevo para dar voz às minhas reflexões e sentimentos

Escrevo para dar voz às minhas reflexões e sentimentos

Vos digo que a crônica é como uma conversa, não tem a obrigação de abordar um assunto só. Me perdoem pela simplicidade, pela precariedade gramatical e intelectual dos meus textos. Sei que pareço um coroinha quando comparado ao Cardeal. Escrevo sobre a vida simples de pessoas como escrevo sobre a vida opulenta de outras. Falo sobre os humildes e honestos como falo dos canalhas. Vos falo dos tipos suburbanos, falo de personagens folclóricas, falo dos famosos como lhes conto de personagens que vivem na invisibilidade social, abordo temas de crianças e de velhos, de gente e de bichos, de lugares, de viagens, de amor e de ódio. Escrevo sobre a alma das ruas, falo sobre os campos, os rios, as árvores, o presente e o passado que a memória carrega, o tempo, a estiagem e a enchente, falo da alegria de viver, mas também escrevo sobre a lógica caminhada da vida para a morte. Não sou um sabe tudo mas não me considero um alienado.

Gosto de ficar sozinho, consigo interação perfeita com o silêncio, sonho com o abraço da minha mãe, o que me faz tanta falta. Penso nas coisas que poderiam ter sido e não foram. Mas sei que não se toma banho duas vezes na mesma água do rio. O que passou, não volta. Cada coisa tem seu tempo e espaço. No silêncio, na solidão, busco inspiração para minhas modestas crônicas. Também escrevo o que ouço de pessoas mais velhas e muito mais sábias que eu. Essas pessoas são a memória viva do passado. Cito aqui o exemplo do meu velho primo Licurgo, com seus 95 anos, lúcido, pai de muitos filhos, avô de muitos netos. Um autodidata, culto, sem ter estudado. Muito do que escrevo tem como origem as palavras desse amigo. Também observo o que acontece ao meu redor e depois faço a abordagem. Os conceitos comportamentais, sociais e ideológicos desenham o mundo ao meu entorno e me oferecem uma miscelânea de temas para escrever.

Quando escrevo sobre as mazelas políticas do meu país, da ineficiência da máquina estatal, da corrupção, da soberba dos governantes, recebo alertas:___Cuidado com o que escreve. Poderá ser punido. Não costumo me intimidar. Não sou tutelado de ninguém. E eles não são fortalezas moral e cívica para se considerarem intocáveis. Escrever, para mim, é como uma missão. Mostrar porque vejo com ceticismo nosso futuro. Como não expor minha tristeza quando fico sabendo que um deputado estadual do Maranhão ganha dez vezes mais do que um do Texas? Que temos no Brasil 6.311 vereadores, que só em São Paulo 644 Câmaras municipais, que custaram em 2023 R$ 3,7 bilhões de reais. Há certos fatos que superam a razão. É por essas razões que as palavras dos políticos se esvaziaram para mim. De tanto observar vocês, tenho a tomografia da vossa alma. Há quinhentos anos vossa classe consegue piorar o que já está ruim. Respeitemos as exceções, claro.

À noite, quando estou no meu campo,costumo deitar na grama, olhando para o céu. Contando estrelas, observando as luzes dos aviões, dos satélites, a Lua. Refletindo, em meio a um silêncio bom. E quando depois desses momentos, consigo escrever algum artigo que me parece menos ruim, fico feliz, como se minha alma tivesse saindo desse corpo herege.

Á vocês, meus sete leitores, muito obrigado pela fidelidade da leitura. À este prestigiado e influente jornal, muito obrigado pela oportunidade.

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