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Empreendedorismo passando de geração para geração

Empreendedorismo passando de geração para geração

Que os pais são inspiração para os filhos desde sempre ninguém discorda. Ainda pequenos, os filhos sonham em seguir a profissão de quem lhes deu a vida. Há aqueles que desenvolvem gostos semelhantes, assumindo preferências e referências em geral, como, por exemplo, engrossar a torcida pelo time do paizão.

No meio empreendedor, acontece o mesmo, e são comuns histórias de filhos e pais que, em algum ponto da vida, decidem empreender juntos. Espelham-se em seus ídolos para tirar do papel o sonho do negócio próprio ou empreendem por herdar deles o DNA para os negócios. Há também os que desejam continuar a obra iniciada pela família, do mesmo modo que há pais que, motivados pela força empreendedora dos filhos, decidem assumir, junto com eles, os desafios de tocar um negócio no inquietante ambiente das empresas familiares.

Com a família Feldmann ocorreram as duas situações. Rui tem os dois filhos, que herdaram o seu DNA. Toca as empresas ao lado desses jovens e, ainda de quebra, ele próprio embarcou junto no sonho dos filhos. Assim, a família toda se jogou de cabeça na aventura de abrir um empreendimento em outra área, bem distinta da exercida até então.

Como tudo começou

Esse DNA na veia iniciou-se lá nos anos de 80, quando Anildo Feldmann vislumbrou uma possibilidade de abrir o seu próprio negócio na cidade de Três Passos, onde ele morava com a esposa e os seus cinco filhos. Rui, que na época tinha 12 anos, relembra que o seu herói era contador e frequentemente precisava se deslocar até Porto Alegre para comprar guias e fazer as escritas fiscais. “Toda vez que ele ia até lá, sempre trazia junto umas a mais e acabava vendendo para os amigos do ramo da contabilidade. Aí surgiu a ideia de abrir uma papelaria regional, que foi o primeiro nome da empresa”, conta Rui.

A empresa iniciou em um pequeno local e foi tomando corpo. Logo, Anildo trocou a contabilidade e resolveu apostar no ramo da papelaria onde surgio a Fecopel.que significa Feldmann comercio de papel. Muito visionário, defendia que Santa Rosa tinha um grande potencial e, em 1983, veio para cá com a família . Desde então, os negócios se expandiram, e, aos seus cinco filhos, ficou a responsabilidade de administrar cada uma de suas lojas. Na época, Rui assumiu o desafio de administrar a Central de Compras da família, localizada em Porto Alegre, com a finalidade de agilizar o envio dos materiais para as demais filiais. Aos 22 anos, ele conheceu sua esposa na Capital Gaúcha e casou-se com Ruth Feldmann. Desta união, nasceram os filhos, Luíza e Matheus.

Foi, no ano de 1997, que Rui, ao receber a notícia da morte súbita de seu pai, vítima de infarto, decidiu retornar à Santa Rosa e cuidar da Fecopel local.

A participação da família

Hoje, cada um dos irmãos administra as lojas deixadas por Anildo. Um aqui, outro em Porto Alegre, Panambi, Santo Ângelo, Cruz Alta, e já tem até a 3.ª geração abrindo a Fecopel em Passo Fundo, que é um sobrinho de Rui. “Meu pai sempre nos incentivou e falava que, para ele crescer, precisava da família ao seu lado, sempre teve como melhores amigos seus filhos, uma pessoa fantástica”, frisa o empresário.

E isso marcou tanto a sua vida que Rui conseguiu passar este espírito empreendedor e a importância de a família estar em união nos negócios. Luíza, hoje com 27 anos e Matheus, com 21, seguem lado a lado. “Somos muito felizes por termos eles juntos de nós. Eles cresceram vendo nossos negócios e estando sempre por perto. Acredito que seja uma coisa que está no sangue, porque nunca forçamos nada”, destaca o empresário.

Ruth também se sente uma mãe realizada. Para ela, esta é uma experiência maravilhosa. “Estamos sempre juntos, e isto realmente é muito gratificante para uma família!!!! A receita, para dar certo, é muito amor envolvido, a união entre todos, compreensão e o mais importante – respeito entre todos”.

Os pais empreendendo com o filho

E a história se fortalece ainda mais, quando não só os filhos seguem trabalhando com os pais, mas também, quando os pais apostam no sonho dos filhos e trilham mais uma caminhada em união. É o que aconteceu com Rui, Ruth, Luíza e Matheus. A paixão pelos animais sempre foi grande na família, e o jovem, com o apoio dos pais, não abandonou a Fecopel, mas deu início a um novo desejo – o de ser médico veterinário.

Ainda faltando cerca de um ano e meio para a conclusão da faculdade, ele já administra a sua própria Clínica Veterinária, claro, acompanhado de toda família.

“Temos no sangue o empreendedorismo, demos todo apoio para que ele tivesse sua empresa para administrar na área que ele ama, que é a Veterinária. As coisas vão acontecendo sem a gente forçar. A cobrança tem que existir, mas existe uma dosagem. E foi isso que fez com que eles estejam ao nosso lado”, reforça Rui.

Assim nasce a Petland em Santa Rosa

A franquia, que tem diversas lojas pela Europa, Estados Unidos e Brasil, chegou em Santa Rosa recentemente. Rui defende que o Arquiteto do Universo sempre ajeita as coisas da melhor maneira. “Achamos um prédio de 720 metros quadrados, muito bem localizado, que foi possível dar forma ao sonho do Matheus e, além disso, em função de ser um grande espaço, colocar mais uma loja da Fecopel”, conta.

Matheus disse que já estava procurando algo no ramo para começar a vida profissional, mesmo antes da formatura e, em uma viagem a Porto Alegre, conheceu a Franquia Petland e, em dois meses, ela já estava aberta em sua cidade. A empresa – uma franquia de petshop – trabalha com tudo que existe de mais moderno em técnicas do ramo e conta ainda com uma clínica veterinária, com bloco cirúrgico, especialista em anestesia inalatória, cirurgião e um laboratório para exames de hemograma. Ou seja, é uma loja completa. E o principal diferencial, além de preço justo e bom atendimento, é que a Petland não quer apenas vender um produto para o consumidor – a ideia é passar uma informação que possa melhorar a vida do animal e a relação entre o tutor e seus animais de estimação. “Não é apenas produto. É relacionamento e informação. Nossos ‘petlanders’ têm todo um conhecimento muito grande para que possam repassar tudo isso ao cliente”, salienta Matheus.

Por isso, a expectativa do jovem empreendedor é muito grande. “Acredito muito na maneira que a franquia trabalha e, como o setor pet tem crescido muito, só tende a dar certo quando se trabalha com seriedade e bem. Acho que a Petland tem muita experiência e grande estrutura para sempre estar um passo à frente, trazendo coisas novas. Vem para mudar a relação de consumo do setor”, destaca Matheus.

A Petland surge para reforçar ainda mais a relação de trabalho entre a família. “Acho que trabalhar com a minha família é uma das coisas mais fantásticas. Trabalhar com pessoas que tu mais ama no mundo não tem preço que pague. Além de gostar do que eu faço, estar junto com a família, empreendendo, é algo muito gratificante. Já ajudei na Fecopel, mas o amor pela Veterinária se sobrepôs, e trago o tino comercial familiar junto na Petland”, salienta.

Para ele, a maior escola, além da faculdade, é o aprendizado que traz de casa. “Meu avô já muito ensinou, e agora aprendi muito com os meus pais. Gerar emprego e renda e fazer negócios tá no sangue. Não tem como fugir disso. O apoio dos meus pais é incrível. Quando decidi fugir do ramo e ir para a Medicina Veterinária, sempre me apoiaram. Investiram na minha ideia da Petland, e tudo que vier, daqui para frente, de frutos, eu devo a eles, que me ajudaram a fazer acontecer. Nos damos muito bem e profissionalmente nos completamos”, comenta emocionado.

O apoio da filha e irmã

Luiza Feldmann, contadora, faz a contabilidade das lojas Fecopel, e é claro, não poderia deixar de ser diferente, da Petland, empresa de seu irmão. Ela diz que trabalhar em família é um sonho. “Às vezes, tenho a sensação de que nem é um trabalho, pois é tão prazeroso estar ao lado das pessoas que amamos. Tenho só gratidão aos meus pais que proporcionaram isso para minha vida”, resume.

Ela se diz privilegiada e honrada em poder fazer parte do que os seus pais construíram. “Só tenho a agradecer a Deus todos os dias por fazer parte dessa família e ter condições de estar dando continuidade ao negócio. E agora mais feliz ainda, porque posso ajudar o meu irmão, Matheus. Não consigo nem mensurar minha alegria em ter todos nós, os quatro, todos os dias juntos na loja!!”, conclui.

Já, para Ruth, “o que mais os pais querem na vida é ver os filhos felizes e, graças a Deus, conseguimos dar os meios para ele realizar seu sonho e exercer a profissão que tanto ama!!!! Amor pelos animais!! Quem nos conhece sabe que é imenso, e estar neste meio para nossa família é um presente que Deus nos deu e possibilitou o sonho se tornar realidade!”

Por fim, Rui encerra a entrevista, refletindo sobre a importância união da família para a vida e os negócios: “Acredito que hoje acontece justamente o contrário, dos pais incentivarem os filhos a irem estudar fora e a seguirem suas vidas longe daqui. Aí não existe mais a sucessão familiar. Nós fizemos o contrário, queremos seguir unidos e fortalecidos pelo amor! Santa Rosa e uma excelente cidade para morar e devemos empreender aqui”.

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