Empreendedorismo na infância: “não se trata de ensinar fluxo de caixa ou plano de negócios”

Empreendedorismo na infância: “não se trata de ensinar fluxo de caixa ou plano de negócios”

Nos últimos anos, o número de empreendedores cresceu significativamente no Brasil. Segundo pesquisas, quatro em cada dez brasileiros estão envolvidos com a criação de uma empresa. Além disso, entre os trabalhadores que ainda não começaram seu negócio, boa parte tem esse desejo ou faz planos — principalmente a fatia mais jovem. O mais interessante é que essa não é uma vontade que surge apenas na fase adulta, mas na infância também. E incentivar empreendedorismo nas crianças tem se tornado uma prática cada vez mais comum.

Desenvolver o senso de empreendedorismo na infância gera inúmeros benefícios para a vida adulta — e não apenas profissionais. A criança desenvolve várias habilidades fundamentais em diversos aspectos. Além de estimular a criatividade, desperta o senso de responsabilidade desde cedo, ensina a lidar com o dinheiro, mostra como se comportar diante de frustrações e incentiva a organização.

Para Felipe Diesel, que já trabalho isso com crianças na escola de inglês onde atua, incentivar o empreendedorismo é muito importante. “Muito mais do que criar novos negócios o empreendedor resolve problemas. Ensinar empreendedorismo para crianças não é ensinar fluxo de caixa ou plano de negócios, é sim ensinar características empreendedoras como compromisso, planejamento, criatividade e resolução de problemas”, destaca.

Para ele, os resultados em trabalhar isso na infância são pessoas que empreendem em suas áreas. “Podemos ter professores que empreendem trazendo soluções para educação, funcionários públicos que inovam em suas profissões e inclusive empresários que criem negócios inovadores”, diz Diesel.

Embora ainda seja uma prática pouco incentivada, ele frisa que é interessante passar a trabalhar ela como algo bem importante. “Existe um status-quo, as coisas sempre foram assim, trazer novos conteúdos e discussões para a sala de aula é importante. Precisamos incentivar e empoderar professores para trazer discussões relevantes para a sala de aula, inclusive ligando a sala de aula com o que existe no mundo. Por que não trazer empreendedores para contar suas histórias e incentivar esses alunos?”, indaga.

E quanto mais cedo se começar a trabalhar o empreendedorismo, melhor. Países desenvolvidos já trabalham empreendedorismo a partir de 3 anos. Alguns países trabalham resolução de problemas de maneira interdisciplinar, várias escolas eliminaram aulas de artes, ciência e matemática e criaram (STEAM – Science Technology Engineering Arts Mathmatics) que trabalha design de problema de maneira real, onde o aprendizado do conteúdo é apenas um resultado.

Felipe diz que a aceitação desta prática é bastante positiva por parte das crianças e isso pode fazer eles se tornarem empreendedores reais no futuro, nas mais diversas áreas.

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