Divagando sobre Brasília

Divagando sobre Brasília

Escrevo este texto do hotel onde estou hospedado em Brasília e digo isto não por exibicionismo ou soberba mas porque estou realmente deslumbrado e pensei em dividir com vocês este espetáculo. É impossível descrever com fidelidade a sensação de surpresa e emoção que o visitante percebe ao presenciar esse quadro de beleza e grandiosidade que é nossa capital. Aqui tudo foi concebido pensando em disciplina, organização, ineditismo. Li bastante sobre Brasília nos dias em que estive aqui. Há muitos anos já se falava em construir a capital do Brasil num ponto mais centralizado. Até que a Constituição de 1946 diz que “A capital da União será transferida para o Planalto Central do Brasil”.

As opiniões se dividiram. Uns a favor, outros contra. Governantes de plantão, como Getúlio Vargas, não tiveram a coragem de iniciar a obra. Até que Juscelino Kubitchek de Oliveira durante a campanha, no município de Jataí, Goiás, durante um comício, teria dito que se fosse eleito construiria Brasília. Montou uma equipe de gênios. Lúcio Costa, urbanista, Oscar Niemeyer, arquiteto e Roberto Burle Marx, paisagista. Esses três visionários construíram o maior projeto urbanístico-arquitetônito do mundo. Símbolo da modernização. Tanto é verdade que hoje acidade é tombada pelo Patrimônio Histórico mundial. Os inimigos da idéia os acusam, até hoje de depauperarem os cofres públicos. Teriam deixado o Brasil insolvente. Eu diria: pelo menos a cidade está lá. Recentemente roubaram e não construíram nada. Usaram o patrimônio público para enriquecimento pessoal e de familiares. Isto é muito pior.

Na época da construção da cidade havia até 60.000 operários. Nordestinos, nortistas, sulistas. Trabalhavam em três turnos, noite e dia. O presidente queria inaugurar a obra até o fim do seu mandato, temia a interrupção da mesma no caso de outro governo assumir. Assim nossa capital foi construída em exatos três anos e onze meses. Concebida para acolher 600.000 pessoas, Brasília tem hoje três milhões de habitantes. Mas o seu Plano Piloto, seu centro administrativo e residencial, industrial, comercial hoteleiro, cultural, permanece como um modelo de disciplina e organização. Como é proibido construir prédios com altura superior aos prédios da Esplanada dos Ministérios a alternativa está sendo construir embaixo da terra. O prédio do Banco Central, por exemplo, tem seis andares construídos abaixo da sua base.

Que pena que meu espaço e sua paciência sejam limitados. Como diz a música do Roberto Carlos:___Eu tenho tanto prá lhe falar……..Mas áreas verdes são uma constante. O Parque Sara é maior do que o Central Park, em Nova York. Tem mais de quatrocentos hectares de serrado, fontes de água, parques de diversões. Os brasilienses costumam se deslocar para lá nos finais de semana. A cidade é cortada pelo seu Eixo Monumental, uma avenida que tem um quilômetro de largura. As ruas não se cruzam. Se o motorista precisa passar para outro sentido ele terá passagens de níveis para fazer a manobra. Com isso o trânsito flui constantemente.

E falar dos prédios concebidos por Oscar Niemeyer? A Catedral em forma de coroa, a Torre da TV, o Santuário Dom Bosco, muito usado para casamentos e que as noivas chegam a esperar até dois anos para conseguirem vagas, o Memorial JK, o Congresso Nacional, o Palácio Itamaraty, que considero o mais lindo de Brasília, o Palácio do Planalto, o Museu Nacional.

Brasília é deslumbramento, é fascinação, é esplendor, é volúpia, é suntuosidade, é luxo, causa assombro. Não se deixe seduzir pelos políticos que lá habitam. Entregue-se ao exotismo da Capital.

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