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Sob o título O crime compensa, há cinco anos registrei neste espaço a facilidade que tiveram na Justiça, depois de condenados por corrupção, Henrique Pizzolato, Eduardo Cunha, Gedel Vieira etc. Na época, a Lava-Jato avançava causando desconforto em políticos tidos até então como intocáveis. O ministro Edson Fachin, provocado, usou sua caneta mágica: baseado em filigranas, anulou as decisões de juízes de carreira de três instâncias contra Lula. Como na porteira que passa um boi, passa uma boiada, a recente soltura de Sérgio Cabral – condenado a mais de 100 anos – é apenas um capítulo do desmonte da Lava-Jato, a operação mais séria do século contra o crime organizado.

Analisando a inversão de valores dos dias atuais, lembrei-me de Stanislaw Ponte Preta, que disse: “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”. Bem, a julgar pelos primeiros atos do Lula, restaurar a moralidade com (i) 37 ministérios, (ii) a PEC fura-teto liberando R$ 169 bilhões a descoberto, (iii) a alteração da lei das estatais para Mercadante assumir o BNDES, (iv) as nomeações dos ministros Waldez Góes, da Integração, condenado por corrupção pelo STJ (em liberdade por liminar), e de Daniela Waguinho, do Turismo, eleita deputada com o apoio de milícias – será difícil.

Até Zero Hora, que não deu trégua a Bolsonaro, em 28/12/22, sobre o novo governo escreveu: “… o loteamento da administração pública por critérios fisiológicos, como a retribuição a aliados políticos, o empreguismo de correligionários e a garantia de apoio nos parlamentos, volta a predominar …” Traduzindo, é a volta do “toma lá, dá cá”. Já o Estadão, também hostil a Bolsonaro, em 3/1/23 manifestou preocupação com o rumo que Lula vem dando à liberdade de expressão, dizendo: “Gestão Lula cria órgãos contra desinformação, define mentiras e acende alerta para arbitrariedades”.

A criação a rodo de ‘pastas’ chegou ao RS. Ora, assim como a União não precisa de 37 ministérios, o Estado não precisa de 27 secretarias. A maioria desses órgãos é moeda de troca com partidos políticos. Mas tanto Lula quanto Leite ignoram o sempre atual poema de Cecília Meireles: “Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo e vivo escolhendo o dia inteiro!”

Ainda sobre ministérios em profusão, breve comparação: nos Estados Unidos, com 330 milhões de habitantes e área de 9.834.000 Km2, são apenas 15 ministérios. No Brasil, com 210 milhões de habitantes (120 milhões a menos) e área de 8.516.000 Km2 (1.318.000 Km2 a menos), são 37 ministérios. Só o salário dos 15 novos ministros (22 até 31/12, 37 agora) custarão, em 4 anos, R$ 41 milhões, sem incluir os salários dos respectivos secretários executivos, adjuntos, assessores, centenas de servidores etc.

Com tantos ministérios, entre outros calcanhares de Aquiles prevejo a ocorrência de tarefas sobrepostas (mais de um ministério fazendo a mesma coisa). Com ministros políticos de diferentes espectros, tem-se uma colcha de retalhos. E com mais gastos, será inevitável a redução de dinheiro para as atividades-fim. Já Lula cobrou moralidade dos seus ministros. Aplausos. Mas como ficam os casos Góes e Waguinho?

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