O Plano de Recuperação Extrajudicial foi apresentado aos credores em Junho deste ano, por conta das dificuldades de liquidez, enfrentadas pela empresa.
O avanço da proposta, junto aos credores, fez com que a empresa atingisse 85% de adesões, transformando-se no primeiro case de Reestruturação Extrajudicial do Agronegócio, no Rio Grande do Sul.
Estes expressivos números de adesão são resultado de várias rodadas de negociações entre a empresa, credores, lideranças sindicais dos trabalhadores rurais, coordenados pelos advogados Olavo Pawlak, Fernando Diel e Ronize Damassini.
Os avanços e alterações na proposta inicial de pagamento da Dinon Cereais serão executadas 30 dias após a homologação judicial do Plano de Recuperação Extrajudicial, efetivando pagamentos de 10% dos créditos aos agricultores neste ano e o restante em outras quatro parcelas anuais até 2024. Entram nesse plano de recuperação agricultores que venderam grãos à Dinon Cereais, empresas fornecedoras de insumos e prestadoras de serviços.
A Dinon Cereais está sendo assessorada pela Albarello & Schmitz, que é especialista em Reestruturação e Recuperação Judicial. Para o advogado Gustavo Schmitz que está à frente de todo este processo “a adesão oportuniza que os credores tenham a perspectiva de receber os créditos na integralidade, sendo estes convertidos em grãos e pagos pelo preço do dia, podendo ainda optar pelo recebimento em insumos, usados para o plantio de suas safras, se assim preferirem”, afirmou ele.
O plano traz uma novidade, que é a criação de um Comitê de Credores, o qual terá a atribuição de fiscalizar a evolução e o planejamento da empresa, as ações para os próximos meses, bem como analisar os demonstrativos de resultados, propor alternativas de continuidade dos negócios, com a possibilidade de abertura de capital para novos investidores, venda de ativos ou até do negócio como um todo, desde que esta alternativa atenda aos interesses dos credores e da empresa.
“É um jeito novo de olhar o negócio, fiscalizando as ações que serão tomadas a partir de agora. Não conseguimos voltar no tempo, mas podemos fazer diferente daqui para frente”, enfatizou o empresário Lucas Carpenedo que integra o Comitê de Credores, ao lado de Ronize Damassini, Olavo Pawlak e Fernando Diel, que foram escolhidos pelos agricultores para representá-los. Além deles, dois representantes da Dinon Cereais, integrarão o comitê.
A Recuperação Extrajudicial preserva uma empresa tradicional na região noroeste do estado, com 50 anos de atividade no mercado, localizada em um dos grandes polos do agronegócio gaúcho, próximo das principais indústrias de máquinas e implementos agrícolas. Dessa forma, mantêm-se os empregos e também o fortalecimento do agronegócio, prejudicado pelos reflexos da pandemia e pela economia global.
Com esta construção, a Dinon Cereais busca alternativas viáveis de preservação dos negócios, implantando novos modelos de gestão, com análise contínua de fluxo de caixa e viabilidade financeira. O desafio da empresa está em revisar gastos, otimizar processos e, acima de tudo, criar estratégias para tornar a empresa mais competitiva, demonstrando a transparência que o agricultor precisa para poder acompanhar o andamento, com uma gestão compartilhada, focada em resultado, buscando restaurar a imagem e a confiança dos credores.