Como vamos nos comparar com a Coréia do Sul?

Como vamos nos comparar com a Coréia do Sul?

Sei que estamos a uma distância considerável. Dezessete mil quilômetros, me informou o amigo Carlos que tem uma filha morando naquele país. Mas a distância maior, é no conceito educacional. Esta sim, é de anos luz. Nosso sistema de ensino demonstra sinais nítidos de esgotamento, com poucos resultados, com uma enorme estrutura que, com raras exceções, não nos coloca em um lugar de destaque. Meu sobrinho me pediu um cartão, com o qual compraria alguns jogos para seu computador. Como estou sempre cobrando seu desenvolvimento no Colégio, pedi que me escrevesse um pequeno bilhete pedindo o brinde, dando características do mesmo. Queria avaliar como andava sua capacidade redacional. Ele está a sete anos frequentando a escola. Fiquei preocupado. O texto, com uma caligrafia horrível, veio com erros de ortografia, sem falar em gramática, tudo errado. Zero de pontuação, sem clareza, uso tosco do vocabulário. A mãe dele me falou que o guri não está aprendendo nada na escola, até contrataram professores particulares pois perderam a credibilidade no sistema público. O sobrinho não domina as palavras, não domina os números. Assiste aulas de inglês, com uma professora particular e confessou para a mãe que a professora do Colégio pronuncia com erros crassos a língua estrangeira, inclusive confundindo a criança. Como não se preocupar se cada segundo do mundo tem que ser aproveitado. A rotina de crianças e adolescentes deve ser o aprendizado, sem perda de tempo. Passar horas de leitura, aprendizado, observação. A carreira profissional para o futuro começa com os primeiros estudos. A busca do conhecimento é essencial para a formação futura. Cadê o processo criativo nas escolas que Paulo Freire tanto falou. Decoreba não é processo de aprendizado. Os professores precisam criar, apresentar propostas diferentes. As crianças perderam o entusiasmo de irem para a escola. É preciso recuperar o ânimo, o amor pelo aprendizado, despertar a curiosidade. Se não mudarmos esse estado de coisa não chegaremos a lugar nenhum.

Escrevi ao início do texto na Coréia do Sul. A produção por pessoa na Coréia é o triplo da brasileira. Uma hora trabalhada naquele país representa o triplo da hora trabalhada por um brasileiro. Lá a produtividade é muito maior porque a escolaridade é muito melhor. E uma coisa está diretamente ligada com a outra. Por aqui nos preocupamos com títulos, diplomas, sem nos preocupar com que qualificação são jogados no mercado de trabalho nossos diplomados. Qual formação terão nossos trabalhadores do futuro? Numa avaliação prática os resultados estão muito abaixo das expectativas. Segundo dirigentes da FIESP, os nossos profissionais estão saindo das Universidades com desempenho pior do que há anos passados. O diplomado tem que ter habilidades próximas do perfil exigido do empregador. Está faltando conexão com o mundo corporativo, a universidade precisa adotar novos métodos, processos e tecnologias. Precisa inovar. Só educação inovadora gera produtividade. As empresas estão tendo que facilitar a complementação do aprendizado para poder gerar a empregabilidade. Segundo opinião de empresários está havendo excesso de academicismo nas instituições de ensino superior, com pouca conexão com o mercado de trabalho.

Se compararmos os vinte anos atrás com os dias de hoje, houve expansão do número de diplomas e de Universidades, fomentado pelos financiamentos fartos, descontos de mensalidades , gratuidades para uma massa de jovens. Aumentou a oferta de cursos mas sem aumento de professores especializado, sem qualificação prática. Não falo em falência do sistema de ensino mas estamos distantes de adquirirmos os saberes essenciais. Com meio cérebro não vamos adiante.

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