No Parque “Alfredo Leandro Carlson” está tudo pronto para mais uma edição da Fenasoja. A Feira de 2024, que começa nesta sexta-feira, destaca Os 100 Anos da Soja no Brasil. Santa Rosa é o Berço Nacional da Soja, oficializado pela Lei 14.349/2022, de autoria do ex-deputado Gerônimo Goergen, por óbvio porque foi aqui que começou o plantio da oleaginosa que se espalhou pelo país.
Na espetacular trajetória da soja, alguns registros mais esquecidos que lembrados. Começo com Frederico Ortmann, da Comercial Ortmann, de Santo Ângelo. Foi ele o 1º comerciante a comprar grãos de soja em Santa Rosa, inicialmente para fazer café e fabricar pão. Também foi o 1º exportador do grão: foram 3.000 sacos in natura para a Alemanha, em 1938, embarcados em Porto Alegre. Para a época, uma façanha.
Na simbiose Soja/Fenasoja, dois nomes estão em prateleira superior: Albert Lehenbauer, responsável pela entrada dos primeiros grãos da soja no país, e Willy Klaus, idealizador da Fenasoja e seu presidente das duas primeiras edições. Também foi o indutor da compra, por Alfredo L. Carlson, da primeira área (10 hectares) do Parque de Exposições que leva o nome do prefeito que bancou a aquisição para a municipalidade, dando início, assim, ao magnifico parque de hoje.
Sobre o pastor Lehenbauer muito se disse, mas pouco sobre sua vida depois de Santa Rosa. Por isso, reproduzo o registro de Willy Klaus em seu livro “SOJA Sua Fantástica História”, à p. 277: “No ano de 1938, Lehenbauer, o fundador da União Colonial da Linha 23 de Julho, transferiu residência para a Argentina, inicialmente como diretor do Seminário Concórdia, em Buenos Aires. O pastor Lehenbauer faleceu em 1953, acometido de derrame cerebral na viagem de trem para a capital Argentina, após participar de uma conferência de pastores na Comunidade Evangélica São João, em Santa Rosa, deixando um legado de apreciável valia para as comunidades onde exerceu a pastoral.”
A Fenasoja, no centenário do “grão de ouro” que revolucionou a agricultura do país, também comemora 58 anos da sua 1ª edição, quando os termos “Feira” e “Festa” ainda se confundiam. Com efeito, a 1ª Feira Nacional da Soja foi realizada de 4 a 11/12/1966.
Já repercuti a última visita do pastor Lehenbauer a Santa Rosa. Consigno agora que sua despedida (deste mundo), por coincidência, foi na terra em que, a partir de uma ação humanitária, o religioso deu nova dimensão à agricultura. Na sequência, realço, ainda, o responsável maior pelo Parque de Exposições e presidente das 1ª e 2ª Fenasojas, Willy Klaus, de quem, até hoje, ecoam ideias.
A propósito, na 1ª Fenasoja (1966) fui assessor. Na 2ª (1974), Secretário-Geral. Isso me deu o privilégio de testemunhar o trabalho e a visão do seu Willy Klaus. Com efeito, posso afirmar que a história da Fenasoja foi construída por pessoas ilustres, muitas anônimas, mas nenhuma superou o seu “sempre” presidente (1ª e 2ª edições).
Por fim, dois registros que dimensionam as dificuldades da Fenasoja em seus primórdios: (i) a Av. Tuparendi, da Laticínios Mayer até o Parque, era de chão batido. José Castilhos, com caminhão-pipa da Prefeitura, apagava a poeira, que logo voltava; (ii) os voluntários da Feira se alimentavam às expensas próprias.