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Com exclusividade, Delegado responsável fala mais detalhes sobre o assalto em Porto Xavier

Com exclusividade, Delegado responsável fala mais detalhes sobre o assalto em Porto Xavier

Com exclusividade, o Jornal Gazeta Regional conversou com o Delegado Heleno dos Santos, da Polícia Civil, após o inquérito que indiciou os seis homens que atacaram a agência do Banco do Brasil em Porto Xavier no dia 24 de abril. O grupo é acusado de tentativa de latrocínio e formação de organização criminosa. Durante as buscas, o PM Fabiano Heck Lunkes, 34 anos, morreu baleado em confronto com um dos assaltantes. De acordo com o delegado Heleno dos Santos, foram indiciados Delci Engers, Ivo Zimmer, Flávio Rogério Oliveira, Aleixo Gustavo Zelinski, Luciano Aguilar de Mattos e Ezequiel David Trindade. Apontado como o líder do grupo e mentor intelectual do ataque, Trindade segue foragido. Engers e Oliveira foram acusados de participarem do crime, mas não diretamente. Esse é apenas o primeiro inquérito sobre o assalto concluído pela Polícia. Nele, os indiciados foram responsabilizados pela tentativa de latrocínio contra o delegado e os outros policiais civis que trocaram tiros com os criminosos em frente ao banco. Confira a entrevista:

JGR – Como ficaram sabendo do assalto?
Delegado – Eu e a equipe da DP de Porto Xavier estávamos na delegacia quando ouvimos três tiros, logo soubemos que o Banco do Brasil estava sendo roubado, fomos rapidamente até o local de viatura (eu e mais três policiais mulheres), e fomos vítimas de diversos tiros de fuzil e trocamos tiros com os criminosos. Eles logo fizeram um cordão humano, daí atirávamos por cima dos reféns, para evitar que os criminosos avançassem na nossa direção e na direção de uma escola próximo de nós, fomos alvos de mais de cem disparos de fuzil. Os criminosos logo fugiram, levando reféns e dinheiro, perseguimos os criminosos de Porto Xavier até a localidade de Linha Primeiro de Março, interior de Campina das Missões, onde eles abandonaram o veículo da fuga e se embrenharam numa mata. A partir de então, em conjunto com a BM, foi realizado um cerco policial de 10 dias. Durante o cerco, foram presas cinco pessoas e mortos dois criminosos. Um dos envolvidos no roubo (Ezequiel David Trindade) ainda permanece foragido.

JGR – Qual foi o fator determinante para que a polícia conseguisse solucionar o caso?
Delegado – Diversos fatores contribuíram. O primeiro foi à presença imediata e ininterrupta da Polícia Civil no atendimento do crime, a troca de tiros entre a Polícia Civil e os criminosos, aliás, evitou que a agência do Banrisul fosse vítima de roubo também. A ação conjunta com a Brigada Militar foi crucial, tanto na perseguição quanto no cerco. O apoio da comunidade foi muito importante, tanto repassando informações, quanto doando mantimentos para os policiais no cerco.

JGR – Em situações como esta, como a polícia se organiza?
Delegado – Não há um manual tático para esse tipo de situação, o sucesso desse trabalho tem feito pensar na elaboração de uma lista de orientações e sugestões para os próximos casos similares. A ação coordenada entre a PC e a BM foi de certa forma inusitada e fator preponderante para o sucesso do cerco e da investigação policial.

JGR – Como foram os 10 dias de cerco? E qual trabalho era realizado no local?
Delegado – O perímetro do cerco foi organizado pela Brigada Militar, mediante pontos fixos e incursões da equipe do BOPE na mata. A Polícia Civil atuava com equipes fixas na base, recebendo informações e provas (para uso nas investigações) e mediante equipes operacionais armadas e móveis que se movimentavam nas 24 horas do dia dentro e fora do cerco, buscando localizar e prender os foragidos, bem como coletando provas nessas áreas. Ao mesmo tempo havia equipe de investigação concentrada na Delegacia de Porto Xavier, elaborando os atos do inquérito policial.

JGR – Como anda o encaminhamento do procurado Ezequiel?
Delegado – Ezequiel David Trindade participou do crime, não há dúvidas. Ele é procurado pela Polícia Civil e pela Brigada Militar, bem como por outras polícias.

JGR – Qual a participação do ex policial rodoviário preso?
Delegado – O policial rodoviário aposentado é apontado como colaborador da organização criminosa, teria dado suporte logístico aos criminosos, auxiliando no levantamento do local do roubo, fornecendo dados sobre a movimentação das polícias e cedendo um sítio onde os criminosos permaneceram por algum tempo antes do roubo.

JGR – O que vai acontecer com as duas mulheres que utilizaram o dinheiro?
Delegado – As mulheres foram autuadas em flagrante pela prática do crime de receptação e serão processadas por tal crime. Estão sendo também investigadas para se apurar eventual participação no roubo.

JGR – Quem achar outra parte do dinheiro deve fazer o que?
Delegado – Quem achar o dinheiro deve informar a Polícia Civil imediatamente, sob pena de ser preso, e investigado por crime de receptação, cuja pena pode chegar até a quatro anos de reclusão.

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