O Banco Central anunciou na tarde desta quarta-feira (29) que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o lançamento da cédula de R$ 200, que terá como personagem o lobo-guará.
A nova nota deverá entrar em circulação a partir do final de agosto. A previsão é que sejam impressas 450 milhões de cédulas de R$ 200,00 em 2020.
A diretora de administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, concedeu entrevista coletiva, por meio do canal do Banco Central no YouTube, para dar mais detalhes sobre a novidade.
Além das novas cédulas, Carolina anunciou que o Banco Central irá imprimir também mais notas de R$ 100, o que deve totalizar um custo de R$ 113,8 milhões aos cofres públicos.
“Dinheiro embaixo do colchão” na pandemia
Segundo Carolina, em momentos de crise como o atual, existe uma tendência de entesouramento de recursos, o que significa que as pessoas guardam mais dinheiro em espécie, ou “embaixo do colchão”, como os próprios diretores do BC explicaram.
A diretora apresentou dados do próprio Banco Central que mostram que a quantidade de dinheiro em espécie em circulação no país encerrou 2018 em R$ 265 bilhões, avançou para R$ 281 bilhões em 2019 e neste ano a projeção era que chegasse a R$ 301 bilhões. Mas, com o aumento do entesouramento, o meio circulante já bateu R$ 342 bilhões na pandemia, valor que representa um recorde histórico.
“A gente percebeu três motivos principais para o aumento do entesouramento: pessoas e empresas fizeram saques para formação de reservas; no comércio, de forma geral, houve diminuição das compras após o início das medidas de isolamento; e os beneficiários do auxílio emergencial não retornaram dinheiro ao sistema bancário com a velocidade que esperávamos”, explicou Carolina.
Ela afirmou ainda que a quantidade de papel-moeda em poder do público – dado muito semelhante ao mencionado acima, mas que exclui o dinheiro mantido no caixa dos bancos para saques de clientes – subiu 28,24% durante a pandemia, passando de R$ 216 bilhões em março para R$ 277 bilhões em julho.
“As pessoas tendem a acumular reservas dinheiro em tempos de incerteza. Nós vemos aumentos expressivos de impressão de moedas em casas impressoras e cunhadoras aqui e no mundo todo em períodos como esse”, diz Carolina.
Questionada se a criação de uma nova nota não vai contra o movimento de modernização dos meios de pagamento no país e o lançamento do PIX – novo sistema de pagamentos instantâneos do BC -, a diretora do BC disse que a autoridade está apenas atendendo a uma demanda da população. Ela também afirmou que não existe relação entre a nova nota de R$ 200 e um eventual aumento da inflação.
“Não há relação entre a colocação da nova cédula e o sistema de metas para controle da inflação. Nossa inflação está baixa e estável. O que temos é tão somente o Banco Central agindo preventivamente porque a população pode vir a demandar mais numerário [dinheiro em espécie]”, afirma Carolina.
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A diretora do BC afirmou que a cédula está em fase final de testes de impressão, mas disse que a imagem não será divulgada por enquanto por motivos de segurança.
“É uma boa prática internacional de bancos centrais não revelar características das cédulas antes do lançamento oficial. Quando chegar o lançamento, no fim de agosto, vamos entrar com uma campanha de utilidade pública para educar a população sobre o uso da nova cédula”, disse Carolina.
Sobre a escolha do lobo-guará para ilustrar a nota, ela afirmou que a decisão veio de uma pesquisa feita com a população em 2001. Na época, o Banco Central questionou quais animais em extinção os brasileiros gostariam de ver estampados nas cédulas de reais. “A tartaruga marinha ficou em primeiro lugar e está na nota de R$ 2, o mico-leão-dourado ficou em segundo e está na nota de R$ 20 e o lobo-guará, terceiro colocado, agora vai ilustrar a nova nota de R$ 200”, explicou.