AS MELANCIAS SE ACOMODAM

AS MELANCIAS SE ACOMODAM

O saudoso Leonel Brizola já dizia, aliás, com muita frequência, antes de virar a mesa: ‘no caminho as melancias se acomodam no caminhãozinho’. Era a metáfora empregada pelo líder carismático, para acomodar as crises de seu partido, o atual PDT. Logo, o PDT era simbolicamente, o seu caminhãozinho, carregado com os dirigentes do partido, quando em atrito e que não andava a mais de 40 kilômetros por hora, mas que sempre chegava ao destino, isto é, ao foro adequado. Nesses últimos dias a sociedade esteve apreensiva com os desdobramentos da candidatura de Luiz Inácio LULA da Silva à Presidência da República.

Ninguém ignorava que a pretensão eleitoral do ex-presidente era apenas uma demonstração de rebeldia, uma espécie de desobediência civil, pois o próprio candidato estava consciente de sua inquestionável inelegibilidade em razão de sua condenação em segunda instância pela prática de delitos enquadrados no Código Penal. A teimosia do ex-presidente colocou a Justiça Eleitoral em cheque, pois também não desconhecia que o registro de sua candidatura seria negado pelo TSE.

E não deu n’outra, o Tribunal Eleitoral por absoluta maioria negou o registro. Fulminada a candidatura, LULA e a cúpula do Partido dos Trabalhadores permaneceram irresignados, o que não deixa de ser um direito do cidadão, entretanto, resistiu a ordem judicial, continuando, embora preso na carceragem da Polícia Federal, em franca e ostensiva campanha eleitoral, mais uma vez pretendendo estar acima da lei e da justiça. Essa atitude, afiançada pela senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esquentou o clima eleitoral em todo o país, ameaçando desencadear uma onda de desordem e provocações capaz de precipitar a intolerância de autoridades civis e militares. A chapa de Lula tinha o prazo de dez dias para indicar o substituto, o qual esgotou ontem, data em que escrevi esta coluna.

Lula resistiu até o último momento, terminando por indicar Fernando Haddad para concorrer ao cargo. Os brasileiros estão apreendendo e conviver com as adversidades e resolver os conflitos com serenidade. Esse comportamento, equilibrado e sem açodamento permitiu que o impasse eleitoral fosse resolvido, permitindo que o pleito transcorra a partir de agora, em águas límpidas como denota o desenrolar da campanha pelos candidatos, ora em plena pugna para conquistar o mais alto cargo da nação, uns aproximando-se de outros se as pesquisas que estamos vendo pela televisão estiverem dentro da margem de erro. Fato lamentável, mas isolado, quase comprometeu as eleições, com o atentado a um dos candidatos, gravemente ferido a facada em um ato público.

13 de setembro, quinta-feira, tudo resta tranquilo e as diferenças vão se acomodando como as melancias no caminhaozinho de Brizola. É a democracia funcionando. Até sábado.

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