Acorda Zé Medeiros

Acorda Zé Medeiros

Vem mais um dia por aí, mais um ano e tu está aí, dormindo, sonhando. Acorda. É preciso tomar vergonha na cara. Cair na real. O sonho acabou. Pára com essa história de que vivemos no paraíso. Estamos chegando ao inferno, Zé. Engambelado pela babação de ovo dos que te chamam de humilde trabalhador e de alguns hipócritas programinhas sociais que não te levam a nada, tu dorme como o gigante adormecido. Acha que o jogo já está ganho. Menos Zé Medeiros, menos. Acorda para cuspir.

Levanta, deixa de ser preguiçoso e vai procurar o que fazer. Porque a vida tem que ser conquistada. Não existe almoço grátis. Aguarda prá ti ver onde vai parar o preço da luz, do combustível, da comida da nega véia e dos teus filhos. Bolsinhas não solucionam teu problema. São medidas paliativas que não devem durar para sempre. A vida exige mais. Levanta a cabeça e reage. Antes que o mundo desmorone. Sacode tuas banhas saturadas de ovo frito e presunto Sadia, levanta a bunda da cadeira e vai te somar ao exército de trabalhadores que o Brasil precisa. Sai da área de conforto, do “pão nosso de cada dia nos daí hoje”. Deixa de ser parasita do Estado, pára de apresentar atestado falso, não te finge de doente só prá consultar de graça ou para receber auxílio doença. Te cuida porque tu poderá ter que devolver o que “recebeu” ilicitamente do Estado. Trabalha e ganha o que consome. Para cada cidadão que ganha sem trabalhar tem outro que trabalha sem ganhar o que merece.

Te acorda e corre contra o prejuízo, contra o tempo perdido, quando tu achou que tudo cairia do céu, ou de Brasília. O trem está atrasado ou já passou. Achou que o Brasil iria mudar para melhor depois da Copa do Mundo? O que mudou foi o índice de roubalheiras. Este que vos escreve andou pela pátria e viu coisas que não queria ver. Elefantes brancos, construídos a peso de ouro. Pura enganação. Centenas de obras inacabadas, só em Porto Alegre, de onze previstas, três estão prontas. Há poucos dias os comerciantes de determinada região, na Volta do Guerino, se cotizaram e resolveram, por conta própria terminar uma parte de uma obra para que o trânsito fluísse. Não agüentavam mais. Em Natal, no Rio Grande do Norte, à beira da praia e no centro da cidade é um caos total. Tudo parou oito meses antes da realização dos jogos. O dinheiro desapareceu. E ficou assim. Tudo como antes no Quartel de Abrantes. Uma esculhambação de despropósitos que não tem nada a ver com a fantasia apregoada em tempos dantes.

Desce do salto alto, Zé Medeiros. Era tudo mentira para ganhar as eleições. História de marqueteiro para ficarem no poder. Entendeu agora? Só não fala para eles porque abrem as comportas do ressentimento quando alguém lhes contraria. A realidade é outra. A Petrobrás quase quebrou? Culpa do Getúlio que a criou, caso isto não tivesse acontecido a gente não teria feito essa roubalheira. Financiamos bilhões de reais para a Venezuela, Cuba, Angola, mesmo sabendo que nunca iriam nos devolver? Ora Zé, tu não entende de relações internacionais.

E assim se passam quinhentos anos de história do Brasil, história de arrogância absoluta, de burrice governamental, de corrupção, de prepotência, de vaidades desmesuradas, de absoluta falta de controle e de responsabilidade. Só Deus, descendo dos seus domínios celestiais, poderia dar um jeito nesta bagunça. Mas confesso que estou descrente. Faz tempo que Ele não vem por aqui. Nem em Tuparendi, cujo nome seria, numa tradução literal;___”E Deus passou por aqui”. Se passou, não gostou e não vai voltar, nem telefonar. No país do “me engana que eu gosto”, continuamos a nos embalar no berço esplêndido da enganação, das promessas vãs.

Fingimos que nada vemos, fingimos que os erros também foram cometidos antes e que isso justifica sua continuidade. Deixem que o gavião continue comendo as pombas. Deixem que rebaixem a nota do Brasil, esquece o dano moral que os partidos políticos causaram ao Brasil nestes últimos anos de governo. Talvez se leve décadas para ser recuperado. Continua fingindo, Zé Medeiros, que não sabe que o país tem quase trinta ministros, quinhentos e poucos deputados federais, milhares de deputados estaduais e muitos senadores, fora outros componentes dos quadros municipais e estaduais e que ninguém pensa em reduzir essa verdadeira multidão de políticos que nos custam muito caro e que nada fazem. Infeliz do povo que perde a capacidade de indignação.

Não dá mais para esticar a corda. Vai arrebentar.

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