Os transtornos alimentares são um problema que estão afetando muito os jovens de hoje em dia. Ele se dá por perturbações no comportamento alimentar, que pode ocasionar em um emagrecimento extremo, obesidade ou a outros problemas físicos. A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são os transtornos da alimentação mais comuns, porém, não são os únicos.
Para as pessoas que apresentam o transtorno, elas vivem na busca do ideal desejado. Ser magra passa a não ser suficiente, o que entra em jogo é um corpo imaginário perfeito. Existe uma questão também onde as pessoas preocupam-se com o olhar do outro. Cria-se um movimento de relacionar o olhar do eu como só tendo valor pelo que apresenta o externo. Com isso, a subjetividade assume uma configuração de estética, em que o olhar do outro no campo social passa a ocupar uma posição de ação da mente. Por esse fato que verificamos que pessoas com transtornos alimentares apresentam características de idealização de corpo, ser visto e se isso não ocorre, a satisfação tem que ser preenchida de alguma forma. A satisfação pode aparecer como compulsão em todos os aspectos. Compulsão de comer e preencher um vazio até então não bem compreendido, ou compulsão de se privar do alimento para buscar a satisfação narcísica.
Os transtornos da alimentação ocorrem com frequência durante a adolescência ou na idade adulta jovem, embora alguns estudos indiquem que seu início pode ocorrer durante a infância ou mais tardiamente na idade adulta. As mulheres são as mais afetadas por esses transtornos, apesar do aumento dos casos de homens que apresentam algum transtorno alimentar. Os transtornos alimentares frequentemente ocorrem junto com outros transtornos psiquiátricos, como depressão, abuso de drogas e transtornos ansiosos.
“Para alguns estudiosos, os transtornos alimentares podem estar relacionados a algumas culturas, como por exemplo, a anorexia e a bulimia são na maioria das vezes encontradas em mulheres ocidentais. Além desses aspectos, não se pode deixar de fora outros, como os biológicos, psicológicos e familiares. Os sintomas alimentares escondem um sofrimento mais profundo e complexo, de ordem individual e grupal. A sociedade hoje e sempre expos padrões de beleza, não respeitando e não ensinando as pessoas a ver a beleza que existe nelas. Todos temos a nossa beleza, e as pessoas precisamos auxiliar as pessoas a conseguirem ver a beleza que existe dentro delas mesmas. O aumento da incidência dos Transtornos Alimentares na população, principalmente entre as mulheres intimamente relacionado às mudanças nos padrões de beleza e às exigências sociais. Assim, atualmente evidencia-se uma cultura do emagrecimento, na qual para obter êxito e aceitação social, a pessoa (principalmente as mulheres) deve estar dentro deste padrão estético imposto pela sociedade. O impacto que as demandas sociais impostas pela moda e pela mídia exercem sobre o sujeito, acarreta em um espaço favorável para desencadear patologias, arranjos estes que, independentemente do nível socioeconômico, vão ao encontro das demandas narcísicas intensas de cada pessoa”, relata a Psicóloga Daniara Wolf Kerkhoff.
Para cada tipo de sintoma existem características específicas. Os transtornos mais comuns são Anorexia e Bulimia. Segundo a psicóloga, esses são só sinais de alerta:
Sinais de alerta da anorexia
Perda dramática de peso.
Recusa em comer.
Não admitir que se tem fome.
Preocupação constante com temas relacionados com o peso, comida e calorias.
Prática excessiva de exercício físico.
Sintomas de depressão.
Evitar o convívio com amigos habituais e atividades em grupo.
Sinais de alerta da bulimia
Comer repetidamente grandes quantidades de comida num curto espaço de tempo.
Livrar-se das calorias que você comeu, fazendo-se vomitar, jejum, fazer muito exercício, uso de laxantes, diuréticos. O uso indevido destes medicamentos pode levar a sérios problemas de saúde e até mesmo a morte.
Perda de controlo sobre o quanto você come.
Vergonha dos excessos e com muito medo de ganhar peso.
A auto estima e valor é baseada pela sua forma corporal e peso.
Os transtornos da alimentação podem ser tratados e o peso saudável restaurado. Quanto mais cedo esses transtornos forem diagnosticados e tratados, melhor será a evolução final. O tratamento dos transtornos alimentares busca, então, restaurar o comportamento alimentar adequado e restabelecer o peso considerado normal para a idade e a altura do indivíduo. O objetivo do tratamento é tirar o indivíduo do desequilíbrio clínico que a gravidade dos sintomas pode gerar. Devido à sua complexidade, os transtornos da alimentação requerem um plano de tratamento abrangente, envolvendo cuidados e monitoramento por médicos, intervenções psicossociais, acompanhamento psicoterapêutico, aconselhamento nutricional e, quando apropriado, tratamentos medicamentosos. Aí entra um papel muito fundamental, o nutricionista.
“Um dos principais papéis do nutricionista nesses casos é ajudar o paciente a melhorar a relação com a comida e com o corpo, minimizar medos, angústias que normalmente trazem imenso sofrimento para ela e para os que o cercam. Discutir as crenças alimentares é fundamental, mas para isso é necessário ter um base científica e com informações relevantes para que reduza esse anseio (por exemplo, sobre o glúten, ovos, chocolate, as gorduras, o açúcar etc); Quando se trata de TAs uma recomendação é que o paciente se pese apenas na consulta, não há necessidade de se pesar diariamente, NINGUÉM engorda ou emagrece da noite para o dia, muitas vezes pode haver retenção hídrica, mudança hormonal e variar o peso. Tem pessoas que variam 2, 3 ou 4 kg em um mesmo dia, então não há necessidade dessa preocupação diária. É necessário ajudar o paciente a reconstruir a confiança em si, aprender os sinais da fome e saciedade, desta forma ganhando mais autonomia. Reativar o prazer de comer sem sofrer com sentimento de culpa, sem angústia, assim, conseguindo conviver com seu meio social da melhor forma possível. Primeiramente, as consultas vão levar uma, duas três horas se necessário, não penas 5 ou 10 minutos. É necessário tempo para que haja uma troca de informações, uma conexão com o paciente, troca de informações que são imprescindíveis nesse processo de mudança. Além disso, o acompanhamento deve ser realizado da forma mais próxima possível, semanal, ou quinzenal, principalmente no início do acompanhamento, pois são discutidos padrões de beleza e qualidade de vida entre outros temas que tenham conexão direta com a forma como o paciente vivencia sua relação com o corpo e a comida. As dietas são prescritas de forma individualizada, em conjunto com o paciente, nada é de forma imposta. Todas mudanças são justificadas para que o paciente consiga entender a necessidade das mesmas, entender realmente o motivo, assim alcançar seus objetivos.”, explica o Nutricionista Clínico e Esportivo, Maicon Rodrigo Gabriel Linck.
As pessoas que estão próximas precisam estar atentas e perceberem os sinais que aparecem. No momento que perceber e analisar a complexidade dos sintomas, escutar e orientar a pessoa a buscar ajuda de profissional. Talvez um primeiro contato não será o suficiente para que aquele que precisa de ajuda entenda do que você esteja percebendo nele. Mas fazendo um movimento de escuta e de orientação poderá estar ajudando ele a ir se dando conta de suas necessidades. “Não existe uma receita para prevenir os transtornos alimentares. É importante que as pessoas busquem o autoconhecimento, o que auxiliará na compreensão do que estão sentindo, de modo esse processo auxilie a não desencadear transtornos mais sérios. Caso a pessoa não consiga fazer esse processo sozinho, indica-se que busque profissionais que possam auxiliar neste processo de análise”, conclui Daniara.