Enquanto alguns países sofrem as piores consequências (China, Espanha, Itália e Estados Unidos), outros implementaram estratégias que retardaram a expansão do novo coronavírus.
E as estratégias são variadas: vão da massificação dos testes de vírus ao extremo isolamento social, quarentenas localizadas e até monitoramento da população mais vulnerável.
Selecionamos essas “histórias de sucesso”. Alerta de spoiler: todas fazem testes em massa, não apenas em pacientes graves.
“Embora não saibamos o motivo exato, a verdade é que recomendamos, a partir do momento em que ficamos sabendo da emergência, expandir o número de exames entre a população e, assim, reduzir a possibilidade de contágio”, informou o Instituto Robert Koch de Virologia, responsável pela estratégia alemã contra a covid-19, quando consultado pela BBC.
Uma das chaves para a baixa taxa de mortalidade pode ser a identificação precoce de portadores de vírus, o que retarda a propagação da doença.
As autoridades alemãs indicaram que são capazes de realizar 160 mil testes de diagnóstico por semana.
Outros países que também têm dezenas de milhares de infecções confirmadas reservam exames laboratoriais para confirmar quem tem o vírus para pacientes com sintomas mais preocupantes, e não testam aqueles com sintomas leves.
2. Como o Japão conseguiu controlar a covid-19 sem recorrer ao isolamento geral obrigatório
Confrontado com a pandemia da covid-19, o Japão era um terreno fértil para o vírus causar estragos sérios: tem a maior proporção de pessoas com mais de 65 anos no planeta e um alto nível de consumo de tabaco, o que torna sua população mais vulnerável a doenças respiratórias.
Mas, ao contrário de outros países que recorreram ao isolamento social para limitar a propagação do vírus, os japoneses optaram por continuar se aglomerando em eventos públicos, como ao redor das famosas cerejeiras que começam a florescer nesta época do ano.
Embora recomendem o distanciamento, as autoridades não impuseram à população as mesmas medidas extremas adotadas na China, Espanha ou Itália nas últimas semanas.
Comparado à China e à Coreia do Sul, as taxas de contágio e mortalidade do Japão são muito menores. Uma das razões por trás desses números pode ter sido a reação rápida do país para identificar focos de infecção e proteger a população mais vulnerável, bem como seu foco em “grupos de contágio”.
Segundo Kenji Shibuya, diretor do Instituto de Saúde da População do King’s College, em Londres, o Japão é muito eficiente em testar pessoas em busca do vírus, identificar grupos de contágio e isolá-los.
“A única maneira de lidar com qualquer pandemia é testar e isolar. E muitos países não ouviram. No Japão, eles estão desesperados para rastrear os infectados. E estão indo bem em termos de identificar e isolar os grupos doentes”, disse à BBC News Mundo (serviço da BBC em espanhol).
3. Detetives de doenças combatem a epidemia em Cingapura
Os exames e o isolamento social têm sido as principais medidas para conter o número de infecções por covid-19.
Mas Cingapura foi além: usou detetives de doenças para descobrir onde o vírus estava no país. E assim conseguiu cortar a cadeia de contágio dos focos de infecção.
Cingapura possui um sofisticado e extenso programa de rastreamento de contatos capaz de seguir a cadeia de vírus de uma pessoa para outra, permitindo que indivíduos – e todos os seus contatos próximos – sejam identificados e isolados antes que seja tarde demais.
Ao saber que um motorista de táxi, por exemplo, foi infectado, a polícia conseguiu rastrear as pessoas que usaram o táxi – e avisá-las, por mensagens de texto, para que permaneçam em quarentena.
Dessa forma, o país conseguiu cortar a cadeia de contágio em um dos principais focos de seu território.
4. O povo italiano que conseguiu conter a propagação do vírus com um experimento “único no mundo”
Uma cidade pitoresca na região de Veneto, chamada Vo ‘Euganeo, estava no epicentro da pandemia da covid-19 na Itália.
E foi o cenário de uma estratégia radical de combate ao vírus: na escola da cidade, um centro de análise foi instalado para fazer o exame da doença a todos os moradores que assim o desejassem.
O professor de Epidemiologia e Virologia do Hospital da Universidade de Pádua, Andrea Crisanti, disse à BBC Mundo que eles conseguiram diagnosticar quase todas as pessoas desta cidade italiana.
Os investigadores detectaram o vírus em 89 pessoas. As autoridades ordenaram isolamento imediato em suas casas por 14 dias. Outra coisa chamou sua atenção: entre 50% e 60% deles apresentaram poucos sintomas ou mesmo nenhum.
A partir daí, aplicaram um método experimental que lhes permitiu chegar a duas conclusões: “Nós demonstramos cientificamente que o período de incubação do vírus é de duas semanas e que qualquer estratégia de contenção deve levar em conta o alto número de positivos assintomáticos”.
Com esses dados, conseguiram conter a epidemia no local.
5. Estratégia da Coreia do Sul para salvar vidas em meio à pandemia
A Coreia do Sul se tornou um exemplo no mundo porque – apesar de ser um vizinho da China, onde a pandemia se originou – seu número de infecções e sua taxa de mortalidade foram muito menores.
Segundo o governo sul-coreano, cerca de 10 mil exames são realizados diariamente, o que possibilitou o isolamento da população assintomática, que é um dos principais problemas na disseminação da infecção.
Além disso, outra circunstância que ajudou a conter a pandemia no território sul-coreano foi a implementação de medidas rigorosas de isolamento por região. Embora algumas das medidas tenham sido criticadas como formas extremas de controle social, especialistas consultados pela BBC concordam que elas são essenciais para salvar vidas.
Fonte: BBC News Brasil