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Eduardo é meu sobrinho. Nasceu numa família humilde. O pai o ensinou a trabalhar na lavoura desde cedo. Moravam no Inhandijú, interior de São Francisco de Assis. Aos sete, oito anos, já operava um pequeno trator, lidava com o gado. Como o pai, não enxergava horizontes melhores, mudaram-se, com a família, para o estado de Tocantins. Levaram junto quase nada. Um pequeno caminhão levou a mudança. Cachorro, latas de banha, o pequeno trator, alguns móveis, muita vontade de vencer. Logo arrendaram uma pequena área de terra e começaram a fazer o que realmente sabiam: plantar. Eduardo, inteligente, logo aprendeu a operar máquinas agrícolas de grande porte, tratores, automotrizes, pulverizadores. Então, foi trabalhar como empregado em grandes fazendas. Ganhava melhor mas não era o que queria. Até porque a vida continuava difícil. Trabalhava á noite, fins de semana.

Eduardo é detentor de um incansável espírito de luta. Sonhava com um amanhã muito mais bonito. Acreditem, queria ter o céu como ambiente de trabalho. Sobre as lavouras em que trabalhava passavam aviões pulverizando as plantações. Ele se deslumbrava e dizia: “Um dia quero ser piloto de avião”. Ninguém lhe deu muita atenção. Como sempre, o mais difícil obstáculo é a descrença. Até alguns parentes e ”amigos” do Rio Grande tripudiaram. Nem sempre os melhores conselhos vêm das pessoas mais próximas. Ele sabia que existem pessoas raivosas, angustiadas, toscas, frustradas. São movidas pelo ódio, maldade, pela injustiça. Na verdade são pessoas doentes e infelizes. Fracassadas em tudo o que tentaram. Os que tentaram. Torcem pela infelicidade dos outros e para isso buscam influenciar outras pessoas com suas ideias maquiavélicas. São tão pequenas como ratos. Entendo, por experiência própria, o que o Eduardo sofreu. Quando meu filho foi estudar medicina, no exterior, ouvi mensagens, disfarçadas em preocupação, que diziam: “Será que ele vai poder trabalhar no Brasil depois de formado?”. Que pena, o Clóvis está colocando dinheiro fora. Não estavam preocupados, estavam torcendo para que desse tudo errado. Frustraram-se!

Eduardo continuava teimoso, obstinado. Seu espírito de luta era incrivelmente grande. Nunca fingiu que tinha tudo sob controle, nunca mentiu. Mesmo assim seguiu seus impulsos. Fez da sua meta a razão maior da sua vida, mesmo num cenário complexo que é a formação de piloto. Enfrentou detalhes que passavam despercebido aos outros. Precisou de dinheiro, tempo, força de vontade. Trabalhou cada vez mais para acumular dinheiro para fazer cursos, pagar horas de vôo. Nunca pediu nada para ninguém. Queria provar ao mundo que venceria pelas próprias forças. Sabia que estava em busca de algo interessante e não de uma fantasia impraticável. Eu o vi estudando, encerrado num quarto na casa do pai, estudando noite e dia. Lutou e a luta continua. Para ser piloto há que percorrer um percurso longo. Horas de vôo acumuladas, processos seletivos, exames práticos e teóricos, avaliações psicológicas, persistência. Não é uma tarefa simples. O caminho ainda é longo. Mas Eduardo já ostenta a Carteira de Piloto Privado. Postou uma foto da mesma no Facebook. Orgulho para o Roberto, seu pai. Frustração para muitos. Os mesmos que comentaram logo abaixo da foto: parabéns, tu merece, eu sabia. Hipócritas!

Eduardo, tu está sendo maior do que todas as adversidades. Corre atrás dos objetivos que busca e anseias. Esse é o valor da tua alma.

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