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Precisamos levar vantagem em tudo. Certo?

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Errado. O Gerson, um dos melhores meio campista do futebol brasileiro, tornou-se célebre ao atuar numa propaganda de cigarro em que citava a frase:___ Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Essa frase, infeliz, segundo ele, que o associou ao modo de agir e de pensar, tornou-se emblemática da malandragem do brasileiro. Ficou conhecida como a Síndrome de Gerson. Traduziria a maneira de fazer aquilo que é errado, parecer certo. No Rio de Janeiro quando se ouve falar que o cara é esperto, cuide-se, isto quer dizer que o cara é malandro, vigarista, salafrário.
Faço essa introdução para escrever sobre um tema que a filosofia moral e as autoridades devem solucionar. O país e o mundo estão mergulhando na maior crise econômica e social da história contemporânea, devido ao Novo Coronavírus. Aqui no Brasil, alguns municípios e Estados já se encontravam insolventes antes da Pandemia. Com a queda de arrecadação, agora chegaram ao fundo do poço. Vivemos um surto de pânico financeiro. Perda de receitas e mais gastos produzirão um enorme déficit primário. É fundamental reordenar e qualificar os gastos públicos. Em meio a urgência de socorrer os mais fragilizados não podemos abandonar o princípio da estabilidade fiscal. Temos que ter destino certo para os gastos, impor limites. Até porque a sociedade civil, a economia privada, aquela que vai pagar essa conta amanhã, já está fazendo sua parte. Compulsoriamente. Os Decretos de Quarentena obrigaram o comércio fechar suas portas, as indústrias idem, setores de serviços. As consequências foram a demissão de funcionários, o corte de despesas, o ajuste fiscal. Muitas pequenas e médias empresas não voltarão a reabrir suas portas.
Pergunto: o serviço público está fazendo sua parte? Creio que sim. Prefeitos estão dispensando CC’s, FG’s, funções terceirizadas não fundamentais? Assim mesmo temos que ficar atentos para eventuais desvios e abusos. Matéria desta semana no Jornal O Globo, trazem fatos lamentáveis ocorridos na Colômbia no Brasil, na Argentina, no Equador. Como os governos de todos os países estão despejando recursos, literalmente, desembolsando bilhões, trilhões, para enfrentar a pandemia e, como são gastos de caráter urgente, as licitações estão acontecendo de forma nem sempre transparentes. Não pode acontecer a insensatez em nome da rapidez. O dinheiro sempre tem uma origem: o imposto do contribuinte. A conta virá.
Em Bangladesch sumiram 300 toneladas de arroz que seria distribuído à população. Havia autoridades envolvidas. Quando haveriam de aflorar as melhores virtudes humanas, afloram os piores vícios. No Maranhão, alguns larápios compareceram às Agências da Caixa com cartões de deficientes e velhinhos e sacaram milhares de reais de forma irregular. Uma máscara que custava dois reais, hoje custa dez. Um respirador artificial custava, em média, R$ 60.000,00. Hoje, R$ 260.000,00. Faz parte da história da humanidade levar vantagem em tudo. Certo?
Vamos reconhecer nossa parcela de responsabilidade. Encerro deixando um tema para reflexão. Falo do auxílio emergencial de três parcelas de R$ 600,00 destinado a pessoas de extrema vulnerabilidade. Inicialmente se estimou em 45 milhões de pessoas que estariam enquadradas nos parâmetros para receber o benefício. Cadastraram-se quase oitenta milhões. Quase a metade da população brasileira, precisando de socorro urgente devido a sua fragilidade? Chamaram-nos de invisíveis. Ouvi falar que alguns não são tão invisíveis assim! Aumentou tanto o número de miseráveis ou foi inflado pelo número de ”espertos”?

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