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A nova Geni do Brasil

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Por Francisco Turra – francisco@turra.com.br

Ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da ABPA

 

A alta do preço dos alimentos está na pauta nacional. Porém, na tentativa de explicar o problema, as discussões acabam confundindo a população e cometendo injustiças. Um inimigo público já foi eleito: a exportação. Produtores e indústrias foram jogados ao apedrejamento público. São a nova Geni do país.

Trata-se de um pensamento simplista, que ignora a complexidade das cadeias produtivas até a oferta dos produtos nas gôndolas. Desconsideram-se fatores como alto custo dos insumos, perdas no campo em decorrência de eventos climáticos e abandono das atividades por parte de produtores em crise.

Culpar as exportações pelas consequências de um cenário desafiador como o que vivemos – nos mercados interno e externo – é uma ideia que apenas beneficia correntes ideológicas com motivações obscuras. E, ainda por cima, prejudica um dos principais alicerces da nossa economia. Ora, o agronegócio é responsável por garantir renda e emprego de milhões de brasileiros, especialmente no interior do país.

Esse binarismo desvia a atenção para problemas que a crise pandêmica só fez acelerar: a segurança alimentar e a luta contra o desperdício. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas e Embrapa mostra que, no Brasil, 37 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos. É como se cada um de nós jogasse fora 41 quilos de comida.

No mundo, segundo a FAO, 1,3 bilhão de tonelada é descartada anualmente. Por trás disso, estão o gerenciamento incorreto de armazenagem dos insumos, as estradas precárias, o padrão estético exigido pelo consumidor e nosso próprio comportamento, levando a jogar fora preciosas e nutritivas cascas, sementes e talos.

Um problema crônico soma-se, agora, à alta nos preços dos alimentos, que dispararam em todo o mundo – não só no Brasil – durante a pandemia. A disputa por comida cresceu. De acordo com a ONU, o número de pessoas famintas deve mais do que dobrar até o fim do ano, chegando a 270 milhões. O Brasil, que desde 2014 saiu do mapa da fome, corre o risco de voltar a essa triste estatística.

Temos condições de atender às exportações e ao mercado doméstico, sem prejuízo a nenhuma das frentes. E, para isso, precisamos agir pela segurança alimentar. Deixemos de desperdiçar energia na busca de culpados. Enfrentemos o desperdício, aproveitando ao máximo cada alimento. É uma medida para sanar a fome e ajudar no controle da inflação, gerando saúde aos brasileiros e desenvolvimento aos país.

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