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Como cidadão, do alto da minha idade, me sinto no direito e no dever de falar sobre o voto consciente. Se minha opinião muda alguma coisa, não sei. Sou um cara muito superficial mas cumpro com meu papel de escriba provinciano. A política tem um lado bom mas tem um lado sombrio. E o conjunto do processo político é escrito por nós, eleitores e eleitos. Uns dependem dos outros. Que nessa eleição saibamos escolher lideranças éticas que ajudem a construir o Brasil. Voto demanda um mínimo de reflexão e discernimento. Para escolhermos de forma correta devemos armazenar o maior número de informações sobre os candidatos. Essas informações vão mostrar se o postulante é adequado a atender as demandas da comunidade. Se sua vida pregressa é sem máculas, se nunca esteve envolvido em falcatruas, se sua vida é uma lisura só, sem imoralidades. Se tem formação intelectual suficiente para exercer suas funções, não pode ter apenas afinidades ideológicas. Claro que temos que conhecer as ideias que ele defende, se estas são interessantes para a coletividade.

Volto a lembrar a obra “marcante” do Prefeito do município vizinho àquele em que se situa minha pequena propriedade rural. Pois na semana que passou foi inaugurada, com dois anos de atraso, sua obra prima: um pórtico de entrada. Assisti, em um áudio, o discurso de inauguração. Nele o Prefeito falava que o custo ultrapassou o limite previsto e ficou próximo de um milhão de reais. Mas que ele estava feliz porque uma grande aspiração do povo foi realizada. A dúvida que fica é se a “grande aspiração” era realmente do povo ou de um restrito grupelho. Lá está um gestor sem competência para gerenciar recursos do orçamento do seu município. Assim vimos inúmeras obras Brasil à fora. A definição de prioridades está em discussão. Uma amiga me contou agora que seu município gastará, com a reforma do prédio da Câmara de Vereadores mais de um milhão de reais. Será essa a prioridade?

E como se gastam mal os recursos do Orçamento através das famigeradas Emendas Parlamentares. Esse instrumento, único no mundo, deveria ser eliminado há anos. É uma péssima maneira de alocar recursos para os redutos paroquiais de parlamentares sem adotar critérios técnicos. As escolhas, muitas vezes, não obedecem objetivos nem transparência. É péssima a ideia de deixar à mercê dos senhores do Congresso Nacional o suado dinheiro do contribuinte.

Fazia tempo que eu não chegava no Salão em frente a minha morada em São Francisco de Assis. Estive lá na semana passada. Assistia um jogo de bocha e tomava uma latinha de cerveja quando, de repente, um som altíssimo invadiu nossa paz. Vinha de um carro recém chegado. Dele desceu um jovem cabeludo, de meia idade. Sentou próximo de onde conversávamos. Umas senhoras lhe ofereceram uma rifa para a festa do próximo domingo. Ele pediu que alguém assinasse para ele. Um vizinho me falou: —Ele é o vereador Juvenal, analfabeto. Por isso pediu para que alguém assinasse por ele. Ele nunca fez discurso, nem durante a campanha. Tem dificuldade para falar em público. Na Câmara também não se manifesta devido ao fato de não saber ler nem escrever. Mas o bom cabrito não berra. Votaram nele, agora aguentem. Se elegeu porque fez favores para muitos. E é muito conhecido, popular. Domador de cavalos. E se precisarem da eloquência do vereador na Câmara? Melhor ter e não precisar do que precisar e não ter. Demócrito, filósofo do século Você dizia que é difícil ser governado por um inferior. Mas a Democracia é isso. Um sistema de governo no qual, muitas vezes, o governante é escolhido por votos de analfabetos funcionais ou oportunistas que vendem seu voto. Devido a essa lógica, a má qualidade dos serviços públicos é causada pela baixa qualidade da representação política.

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